Pela quinta vez, Porto Velho ficará sem Desfile das Escolas de Samba por falta de verba pública

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Porto Velho, capital de Rondônia (RO), terá menos a oferecer aos foliões, moradores e turistas no Carnaval deste ano. Pela quinta vez consecutiva, a cidade não terá a animação e o colorido do Desfile das Escolas de Samba. No anúncio do cancelamento, a Liga das Escolas de Samba de Rondônia (Lieser) afirma que o motivo é a falta de verba pública da prefeitura para apoiar o evento.

De acordo com a presidente da Lieser, Ana Lúcia Barroso, o custeio do desfile depende exclusivamente do apoio da Prefeitura de Porto Velho, que deveria acontecer por meio da Fundação Cultural da cidade (Funcultural). Ela diz que ficou sabendo da falta de recursos quando procurou a entidade.

Expectativas frustradas

Segundo a Lieser, a notícia repercutiu mal e gerou tristeza entre as sete agremiações da Liga, que são grupos filiados, espalhados por Rondônia.

A expectativa era grande, segundo Barroso, pelo retorno dos desfiles, depois de um “tempo sombrio” deixado pela pandemia de Covid-19. A última vez em que as escolas integrantes da Lieser foram às avenidas de Porto Velho, foi em 2018, dois anos antes da chegada do Coronavírus. 

Questionada pela REVISTA CENARIUM, a Prefeitura de Porto Velho não esclareceu o motivo da falta de recursos para patrocinar o desfile das escolas de samba até a publicação desta matéria.

A reportagem questionou sobre o valor médio investido pelo poder público na atração, se os recursos estavam ou não em caixa e se o dinheiro seria revertido para outra pasta da administração municipal, mas não obteve retorno.

Impacto econômico e cultural

O tradicional Desfile das Escolas de Samba acontece desde a década de 1950, na capital de Rondônia. Diversos setores da economia local sobrevivem da grande festa, como vendedores ambulantes, restaurantes, lanchonetes e artesãos, agora prejudicados com o cancelamento. 

Para amenizar os impactos, a Liga das Escolas de Samba anunciou que vai viabilizar diversas ações. A lista prevê, inicialmente, uma venda de feijoada com participação de todos os grupos integrantes da associação. O dinheiro será revertido para custear o desfile das escolas, em 2024.

Cancelamentos consecutivos

Os cancelamentos não são novidade. No ano passado, não houve nem desfile, nem Carnaval de Rua. Isso porque a prefeitura cancelou todas as festividades por causa da explosão de casos de Covid-19 e da influenza H3N2, que Porto Velho enfrentava.

O cancelamento, na verdade, se deu em caráter de proibição determinada em decreto, impedindo a realização de festas públicas e particulares, permitindo apenas que bares, boates e restaurantes abrissem as portas. 

Cidades do interior de Rondônia também seguem cancelando festividades. Vilhena, a 705 quilômetros de Porto Velho, é uma delas. O município, com mais de 100 mil habitantes, não terá festa de Carnaval em 2023, ano que marca quase uma década sem atrações nas ruas, oferecidas de forma gratuita pela prefeitura. 

A estimativa da Fundação Cultura de Vilhena (FCV) é de retomar a festa no próximo ano. O motivo, segundo a FCV, é a falta de tempo hábil para programar os preparativos e o orçamento necessário para o evento. 

Carnaval sem Escolas de Samba

Apesar de não haver recursos para a Liga das Escolas de Samba de Rondônia, a prefeitura de Porto Velho anunciou a volta do Carnaval de Rua, na cidade, depois da última edição, realizada em 2020.

A administração diz que há uma “extensa programação”, que terá participação da Liga dos Blocos Carnavalescos da cidade e que o evento “segue como uma das festas mais esperadas do ano”.

A abertura do Carnaval 2023, em Porto Velho, está prevista para o próximo dia 4 de fevereiro, primeiro sábado do mês que vem.