Polícia Civil de RR investiga suspeita de fraude no concurso da Polícia Penal

Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – A Polícia Civil de Roraima (PCRR) iniciou na última quarta-feira, 2, um inquérito para investigar a suspeita de fraude no concurso da Polícia Penal do Estado, realizado no ano de 2020. O inquérito foi instaurado depois que um psicólogo, que é da cidade de Aparecida de Goiânia, em Goiás, afirmar que teve o nome utilizado para assinar laudos dos candidatos reprovados na avaliação psicológica do certame.

O profissional nega ter prestado serviço ao Instituto AOCP e, consequentemente, ter assinado os documentos.

“Tive acesso a essa questão da fraude a partir de uma suspeita de candidatos de um concurso aqui em Goiás que tiveram acesso à avaliação psicológica e tentaram entrar em contato com os psicólogos que teriam assinado esse laudo. Eles entraram em contato comigo e eu não reconheci a minha assinatura. Em Roraima, os candidatos desconfiaram, a partir da fraude em Goiás, porque a banca era a mesma”, afirma o psicólogo que não quis se identificar à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA.

A CENARIUM teve acesso à nota de esclarecimento da defesa do psicólogo, que teve conhecimento que o nome estava sendo utilizado de forma indevida no concurso em Roraima. A reportagem tentou contato com o mesmo por meio de ligação telefônica, mas ele não atendeu e preferiu falar apenas por mensagens de texto.

“O psicólogo, todavia, não possui nenhum vínculo com o referido instituto. Os crimes foram noticiados à autoridade policial e estão sendo investigados. Nosso compromisso é com a verdade e estamos à disposição para demais esclarecimentos”, informou a defesa do profissional no documento.

O profissional também alegou que seu nome esteve em laudos dos concursos das polícias Civil de Goiás (PCGO) e penal do Distrito Federal, ambos publicados em 2022. Nesses casos, os candidatos estariam sendo convocados para o cargo após a identificação da irregularidade.

Os candidatos reprovados entraram com uma representação no Ministério Público de Roraima (MPRR) para que a suspeita seja averiguada. Uma investigação sobre o caso foi aberta pela Polícia Civil do Paraná (PCPR), Estado onde fica a sede do Instituto AOCP, em Maringá.

“Nós pedimos, humildemente, que o Ministério Público se manifeste sobre os fatos levantados referentes a essa investigação policial, pois, como muitos dizem que Roraima é terra sem lei, não acho difícil fazerem vista grossa para tamanha irregularidade”, afirma o advogado Gustavo Hugo, que representa o grupo de candidatos reprovados.

Na avaliação psicológica para o concurso da Polícia Penal em Roraima, realizada no dia 14 de março de 2021, 238 candidatos foram reprovados no teste psicotécnico, entre 1.133 avaliados. De acordo com os candidatos, tiveram acesso ao laudo da avaliação, sendo que não houve abertura de espaço para contestação do resultado por parte do representante da banca.

“Em que pese que, ao impetrar recurso administrativo e, a respectiva resposta, a não recomendação dos candidatos foi mantida. Um fato que nos chamou atenção, à época, foi que todos os recursos administrativos tiveram, rigorosamente, a mesma resposta, sendo assinados pelo coordenador-geral”, complementa Hugo.

A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), pasta a qual a PCRR está subordinada, informou que não tem gerência alguma sobre a etapa de avaliação psicológica e exames médicos do concurso e que formalizou ofício para que a banca organizadora se manifestasse.

Procurado pela reportagem, o Instituto AOCP negou a suposta fraude por parte da banca. “A organizadora se mantém disposta a esclarecer qualquer questão para a Polícia Civil e à Justiça sobre o assunto. Lembramos que o instituto é uma organizadora séria, sólida, com larga experiência no segmento e comprometida com todos os trabalhos que se propõe”, finaliza a entidade em nota.

Leia mais: Apoiador de Bolsonaro, Denarium se rende a Lula e agradece por obras do PAC 3 em Roraima