Pré-candidatura é artifício para candidatos testarem densidade eleitoral, apontam analistas

Da esquerda para direita, Amom Mandel, Maria do Carmo Seffair, Roberto Cidade, David Almeida, Wilker Barreto e Alberto Neto (Composição de Paulo Dutra/Revista Cenarium)
Ricardo Chaves – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – A seis meses das eleições municipais de 2024, os partidos políticos começam a definir nomes e articular as candidaturas à Prefeitura de Manaus. Pela legislação, a definição deve ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto. Enquanto a data limite não chega, as siglas aproveitam para testar nomes e ganhar projeção com a proximidade do pleito. 

Segundo o cientista político Helso Ribeiro, as pré-candidaturas são especulações e uma forma das legendas partidárias ficarem em evidência. O que definirá de fato é o que irá ocorrer no período das convenções partidárias. 

O analista político Helso Ribeiro (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

“São as convenções que vão dizer quem serão os candidatos, a prefeito e a vereador. A pessoa fala, eu sou pré-candidato a vereador, eu sou pré-candidato a prefeito. É uma forma do nome ganhar holofotes cotidianos da política. Muitas vezes partidos políticos lançam nomes de pré-candidatos até para medir, como é que eles estão”, avalia o professor. 

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O cientista aponta também que o lançamento de pré-candidaturas seria uma forma dos partidos políticos avaliarem a indicação dos nomes por meio de pesquisas internas e assim buscar respostas ou ajustes antes da confirmação do candidato.

O que pode é permitido

Pré-candidatos podem fazer menção à candidatura, conceder entrevistas, participar de programas em rádio, televisão e internet. A legislação eleitoral permite também que eles possam expor plataformas e projetos políticos, desde que não haja pedido de votos. 

A lei nº13.165, de 29 de setembro de 2015, reduziu o tempo de campanha de 90 para 45 dias e o período de propaganda no rádio e na TV de 45 para 35 dias. Para compensar o curto período dado para as legendas políticas e candidatos fazerem a campanha oficial, a Lei também permitiu atos de pré-campanha para que figuras menos conhecidas do eleitor pudessem se apresentar.

O analista político Carlos Santiago avalia que as movimentações e interações com a sociedade feitas pelos pré-candidatos corroboram para massificar seus nomes e conquistas adeptos à sua causa. 

Cientista político Carlos Santiago (Reprodução/Redes sociais)

“Partidários da direita no Amazonas estão aproveitando [o período] para lançar nomes, participar de debates, discutir propostas e montando, inclusive, chapas fortes para disputar as eleições para o cargo de vereador e vereadora”, avalia.

Por outro lado, Santiago aponta que, de igual maneira, partidos de esquerda não estão conseguindo o mesmo alcance com a formação de novos grupos sociais. 

“Os partidos denominados de esquerda ou progressistas não estão conseguindo ampliar o seu diálogo com os novos atores sociais como evangélicos e trabalhadores de aplicativo. Estão tendo uma participação tímida nos parlamentos e não conseguem chegar a um consenso para montar uma chapa de vereador ou um nome majoritário para que seja trabalhado nesse período de pré campanha”, afirma. 

Para ele, é preciso estar atento a nova dinâmica política que dá liberdade de trabalhar uma pré-candidatura devido ao período curto 

“Quem não tem essa leitura política tem dificuldade de consenso e perde todo o período da pré-campanha que poderia ser mais produtivo e ainda corre o risco de sequer ter nomes competitivos para disputar o pleito majoritário e chapa proporcional”, avalia.  

As chamadas pré-candidaturas

Siglas manauaras já lançaram possíveis nomes para a disputa. O atual prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) vai concorrer à reeleição. O político enfrentará adversários à direita e à esquerda do espectro político, como por exemplo, o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil), apoiado pelo governador Wilson Lima; o deputado federal Alberto Neto (PL), ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro; Maria do Carmo Seffair (Novo), reitora do Centro Universitário Fametro; o deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) e o também deputado federal Amom Mandel (Cidadania).  

A esquerda apresentou nomes como Israel Tuyuka, do PDT e o Psol divulgou o nome da advogada e ativista social Natália Demes. A federação partidária Brasil da Esperança composta pelo PT, PCdoB e PV é um caso à parte e fez o que é chamado por analistas políticos de “balão de ensaio”. 

O PT apresentou o ex-deputado federal José Ricardo, o deputado estadual Sinésio Campos, o vereador Sassá da Construção Civil, a ativista social Anne Moura, o dirigente partidário Luiz Borges e o dirigente sindical Valdemir Santana como pré-candidatos. Já o PCdoB, indicou o ex-deputado federal e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Eron Bezerra.

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Editado por Jefferson Ramos
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