Prefeito de RR investigado por direcionamento de licitações se entrega à PF

O prefeito de Alto Alegre, município de Roraima. Pedro Henrique Machado (Foto: SupCom ALE-RR)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – O Tribunal Regional Federal (TRF) em Roraima manteve a prisão do prefeito de Alto Alegre (RR), Pedro Henrique Machado (PSD) após audiência de custódia nesta sexta-feira, 1º.

Investigado por suspeita de integrar um esquema de fraudes em licitações, pagamentos de propinas e lavagem de dinheiro, Machado cumpre a ordem de prisão preventiva expedida pela Justiça Federal. Ele era considerado foragido desde terça-feira, 29.

O prefeito se entregou à Polícia Federal (PF), na sede da Superintendência Estadual em Boa Vista, nessa quinta-feira, 31, e ficou em silêncio durante o interrogatório dos investigadores federais.

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Após o depoimento, ele foi encaminhado para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), a maior unidade prisional de Roraima e que abriga a maioria dos homens presos no Estado.

O político passou a noite no local em cela separada dos outros detentos. Após a audiência de custódia de hoje, o político seguiu para o Comando de Policiamento da Capital (CPC), em Boa Vista.

Pedro Henrique vestido com o uniforme usado por todos os internos que estão na Penitenciária de Monte Cristo (Foto: Arquivo Pessoal)

Conforme a Polícia Federal, o empresário da construção civil, Handerson Torreia de Lima, também investigado no esquema e preso na terça-feira, 29, durante a operação Leviatã, desviava dinheiro público para o prefeito.

Investigação

Há um ano, a PF iniciou as investigações sobre o suposto esquema. Neste período houve a análise de materiais apreendidos em outra operação, não informada pela polícia, quando foram encontrados diálogos entre o empresário e o prefeito sobre a contratação de uma empresa para serviços de engenharia para a prefeitura de Alto Alegre.

Mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos na última terça-feira, 29, em Boa Vista e Alto Alegre (Reprodução/Redes Sociais)

Segundo a corporação, há indícios de que a organização criminosa tentaria obter propinas em troca do direcionamento de procedimentos licitatórios. Os policiais investigam processos de contratação de serviços relacionados à iluminação pública e a obras de asfaltamento e pavimentação.

A corporação afirmou que para dissimular os pagamentos das propinas, o grupo investigado envolveria empresas intermediárias, as quais, por meio da simulação de venda de mercadorias, mediante emissão de notas fiscais “frias” e utilização de contas de “laranjas”, faria o dinheiro chegar até o político investigado, sem que a origem do montante fosse identificada. Os valores dos contratos firmados com as empresas investigadas alcançam aproximadamente R$ 60 milhões.

As investigações apontam ainda que outros indivíduos teriam sido cooptados para a organização, que passaria a contar com a integração de empresários, servidores públicos, empresas e “empresas de fachada”.

Defesa

À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, a advogada Rosa Benedetti responsável pela defesa do prefeito, disse que aguardava o acesso aos autos do processo e que agora irá tomar as medidas para provar a inocência do prefeito.

“Estávamos aguardando o acesso aos autos do processo para fazermos a defesa e tomarmos um posicionamento, porque o processo é sigiloso. Agora com a audiência de custódia realizada, podemos iniciar todos os trâmites com clareza” explicou. A CENARIUM também tentou contato com a defesa de Handerson Torreia Lima, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.

O governador de Roraima, Antonio ‘Denarium’ (PP), e o prefeito de Alto Alegre, Pedro Henrique Machado (Reprodução/Secom-RR)

Pedro Henrique Machado é aliado do governador de Roraima, Antonio “Denarium” (PP), e está no segundo mandato como prefeito de Alto Alegre– que fica a 114 quilômetros da capital Boa Vista.

Em 2021, e foi cassado em primeira instância por suposta troca de cestas básicas por votos nas eleições municipais de 2020. Após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RR) negar os recursos do político, o processo foi enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Leia também: Operação da PF investiga prefeito do interior de RR por fraudes
Editado por Jefferson Ramos
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