‘Pretos no Direito’: plataforma cria banco de vagas para advogados negros

O site conta com um banco de vagas exclusivo para advogados e advogadas (Reprodução/Internet)

Com informações do Portal Alma Preta

MANAUS – A plataforma digital “Pretos no Direito” é um banco de dados para profissionais negros e negras da área jurídica, que enfrentam dificuldades, principalmente em função do racismo – para ocupar vagas de emprego em grandes empresas. O site conta com um banco de vagas exclusivo para advogados e advogadas.

Quem sugere as vagas são os escritórios em busca de profissionais negros e negras, o que evita que os candidatos entrem em processos seletivos de empresas racistas. “As empresas que nos procuram são corporações em busca de advogados negros. Isso serve também de inspiração e motivação para quem está procurando uma oportunidade”, explica o advogado Danilo Costa, idealizador da iniciativa.

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A advogada e também administradora da plataforma Fabiana Maluenda acredita que o projeto alcançou um resultado positivo muito rápido. Ela percebeu um olhar mais inclusivo de empresas, que se cadastram para contratar advogados negros em diversas localidades, principalmente nas capitais como São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).

“Começar como um acervo de currículos e de repente estar divulgando vagas, mantendo a interação com os candidatos e com as empresas, é algo realmente inspirador, pois a gente sabe que é difícil o enfrentamento do racismo corporativo, que promove desigualdade e faz parte da nossa vivência”, pondera a jurista.

Desafios no mercado de trabalho

Dados publicados no site Conjur (Consultor Jurídico) apontam que apenas 1% dos advogados que trabalham nos grandes escritórios de advocacia do Brasil são negros. Para Fabiana, essa estatística é “uma vergonha”, pois comprova efetivamente que os negros encontram mais empecilhos no mercado de trabalho do que os brancos.

“A gente pode perceber que existem milhares de catracas, muros e portas fechadas que o profissional negro enfrenta. Seja por conta da qualidade da educação de base que esse profissional negro recebeu, pois não é mesma do que a dos brancos de elite ou até mesmo pelo cenário da sociedade, que deixa as pessoas negras como vítimas da vulnerabilidade social”, pondera.

Outro entrave apontado pela advogada é no acesso à universidade, assim como a manutenção do univesitário negro no ambiente acadêmico, diante das despesas dos estudantes de direito com o custo de livros, por exemplo.

Prazos

“Aliado a todos esses problemas, as empresas exigem fluência no inglês, mas o profissional negro tem que disputar a vaga com alguém que fez um intercâmbio. Em São Paulo, por exemplo, ainda existe a exigência de estudar em faculdades de ‘primeira linha’, que são USP, Mackenzie e FGV”, exemplifica.

Para diminuir essas dificuldades, Costa avalia que a plataforma Pretos no Direito pretende ser conhecida por mais profissionais em todo o país a fim de se tornar uma base de currículos e de empresas interessadas em contratar.

“Nossos objetivos a médio prazo é tornar o Pretos no Direito referência na busca de novos talentos pretos e, consequentemente, aumentar a quantidade de profissionais no mercado de trabalho, diminuindo assim essa desigualdade racial, que sabemos que existe no mundo jurídico. Nós queremos ser uma fonte de transformação social”, detalha.

Atualmente, a plataforma está em busca de parcerias para a formação de profissionais e pretende expandir o projeto para outras áreas do conhecimento. Para saber mais informações, acesse o site.

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