Primeira ginasta amazonense surda é aposta na modalidade

Ginasta Isis Guimarães posa em foto na Vila Olímpica. (Reprodução/Instagram)

Victória Sales – Da Cenarium

MANAUS – Neste domingo, 26, é comemorado o Dia Nacional dos Surdos. A data foi oficializada por meio do decreto nº 11.796, de 29 de outubro de 2008. A escolha do dia foi uma homenagem à criação da primeira escola de surdos dos Brasil, 1857, no Rio de Janeiro. Em entrevista exclusiva à CENARIUM, a mãe da primeira ginasta amazonense surda, Isis Guimarães, de 12 anos, nos contou sobre a trajetória, as dificuldades e os sonhos da atleta.

De acordo com a mãe da ginasta, Ingrid Guimarães, a atleta sempre gostou de dança, então, com um ano e meio, ela a colocou em uma creche. “E lá já tive o diagnóstico da surdez dela, que era a perca profunda severa bilateral e nós corremos atrás do aparelho auditivo, foi quando ela colocou com cinco anos de idade e nessa época ela já estava bem evoluída na dança”, explicou.

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Ingrid destaca ainda que a partir do momento em que ela entrou no Instituto Filippo Smaldone, começou a participar dos eventos que tinham na escola. “E foi quando eu coloquei ela em um balé. Ela fazia parte do grupo de dança da igreja e ela sempre se destacava muito, e apesar de ela não ouvir, ela sentia as frequências sonoras, então ela sempre conseguia acompanhar muito bem a coreografia e a partir daí ela só se interessava cada vez pelo meio artístico”, relatou.

Atleta Isis Guimarães (Reprodução/ Internet)

“Além de ela entrar na ginástica, ela também fazia parte do jazz, fazia tecido acrobático, e eu tentava envolver ela em várias atividades para ocupar mesmo para ela se cansar, pois ela era hiperativa, ficava sempre inquieta. Ela gostava muito de dançar, de se apresentar, de se maquiar, de ter figurinos novos, então, esse meio artístico sempre lhe interessou e pela ginástica foi em um ano de olimpíadas que começou ver as preparações, as chamadas e ela falou para mim que queria fazer”, contou Ingrid.

Ingrid conta que em um determinado momento os clubes começaram a fazer teste para recrutar novas novos talentos no torneio, então, ela participou de um onde passou para os três clubes de Manaus que foram: La Salle, Alberto Valle e depois ela fez uma apresentação com um clube que é onde ela está até hoje. “Logo que ela entrou, ela começou a trazer resultado, sempre estava no pódio, principalmente, no solo que era o ponto forte dela, ela sempre se destacava. E, quando ela conquistou o terceiro, segundo e até primeiro lugar, a gente não parou mais na exceção e começamos a trabalhar isso”, relatou.

Dificuldades

Ingrid relata que uma das maiores dificuldades foi a falta de comunicação no começo, pois além de Isis não saber falar, as amigas não sabiam libras, assim como o técnico também não sabia. “Hoje nossa realidade melhorou, já mudou em relação à comunicação, todos tem uma noção de libras e ela está melhor, pois faz fonoterapia. Mas, desde o começo e até hoje, nossa principal dificuldade é a financeira mesmo, pois para manter o esporte gera um custo. Eu tive que anunciar muitas vezes trabalho, meus atendimentos, sempre trabalhei informal e tentando conciliar minha agenda com meus clientes e as apresentações dela, a escola, treino e até viagem”, explicou.

“Então hoje a maior dificuldade que a gente tem enfrentado é essa questão do financeiro, pois tudo que envolve o esporte somos nós que temos que custear desde o uniforme, roupa de treino, tudo. A inscrição dela para o campeonato, viagens, alimentação, tudo isso é só conosco e não só para mim, como para os demais pais, continua sendo a nossa maior dificuldade, porque a gente não tem apoio de ninguém. Hoje o ginásio já teve uma melhora, nós começamos a treinar, nós não tínhamos nem aparelhos oficiais, hoje nós temos muitos aparelhos oficiais, tudo isso foi por meio de conquistas”, disse Ingrid.

Sonho

Questionada sobre o maior sonho de Isis, a mãe destaca que o maior desejo da atleta é ser professora de ginástica para surdo. “Ela sempre diz isso para a gente, e além disso ela diz que quer ter seu próprio clube de ginástica e dança”, relatou a mãe. Quando perguntada sobre qual era a maior inspiração para a carreira dela, Isis afirma que ela gosta e segue todas as ginastas, mas que ela conheceu pessoalmente a Daniele Hipólito e virou fã”, contou.

Campeonato

A atleta Isis Guimarães representará o Amazonas no Torneio Nacional de Ginástica, que será disputado em Campo Grande (MS). De acordo com Ingrid, eles estão correndo contra o tempo, pois a competição acontece em novembro, com isso o desafio está sendo difícil devido às despesas que o torneio proporciona. “Com a inscrição, passagem, alimentação e hospedagem, o orçamento fecha em torno de quase R$ 4 mil”, relatou Ingrid Guimarães.

Segundo Ingrid, é extremamente importante a representatividade de ter uma atleta como a filha em torneios nacionais. ”A Isis participando do campeonato entrará para a história, será a primeira atleta feminina do País a representar a comunidade surda em um torneio nacional de ginástica artística, sendo de extrema importância para ela e inspirador para toda uma comunidade”, explicou a mãe.

Para quem quiser ajudar Isis na busca de mais um sonho, basta entrar em contato com a mãe da atleta, Ingrid Guimarães, por meio dos contatos: (92) 98439-7794 ou fazer uma doação via PIX (e-mail): [email protected]

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