Professor da Ufam publica artigo na Europa sobre ‘clusterização e impacto para o PIM’

O professor doutor em Engenharia de Produção que trabalhou durante 20 anos em empresas do Distrito Industrial de Manaus (Divulgação/Arquivo Pessoal)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com intuito de reunir experiências bem-sucedidas de potências tecnológicas e econômicas, como França e Alemanha, referência para outros países, que almejam elaborar sua política de desenvolvimento, o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Antônio Jorge Cunha Campos, publicou na Gestin, Revista Internacional de Gestão, Direito e Turismo, edição do mês de novembro de 2022, o artigo científico do pós-doutorado intitulado “A clusterização na Alemanha e na França: Impacto para o Polo Industrial de Manaus”.

O trabalho realizado sob a orientação do professor catedrático na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) foca na utilização do cluster (aglomerado ou concentração de empresas com características, interesses ou atividades semelhantes) como ferramenta de forte potencial estratégica para o avanço econômico do Distrito Industrial de Manaus.

O cluster significa aglomeração, união. No caso do distrito, nós temos diversos segmentos industriais. Eu posso fazer um cluster com o segmento de informática ou do eletroeletrônico. Então, esse conjunto de empresa, que tem características e atividades semelhantes, podemos integrá-las num grupo, trocar experiências para atingir determinado resultado“, explica o professor doutor em Engenharia de Produção, que trabalhou durante 20 anos em empresas do Distrito Industrial de Manaus e atua há quase 30 anos na Ufam.

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Benefícios

Por conhecer bem as realidades de âmbitos diferentes, Jorge Cunha Campos destaca os retornos positivos da medida inspirada no processo industrializado moderno desenvolvido tanto na França, quanto na Alemanha.

Você imagina os benefícios que podemos ter, na medida em que nós conseguirmos fazer com que essas empresas trabalhem de forma integrada para produzir um determinado resultado, podendo, inclusive, gerar uma spin off (uma empresa criada em função dessa cooperação para estudar um pedaço específico de uma determinada tecnologia)“, comenta Jorge Campos.

A consolidação do PIM enquanto instituição de fomento ao desenvolvimento regional; a geração de mais postos de trabalho; a formação de pessoal altamente qualificado; o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida; a internacionalização dos produtos fabricados no PIM e uma maior competitividade do Brasil, no cenário internacional, estão entre os resultados positivos entregues à sociedade por meio do tema de clusterização do PIM.

Desafios

O professor conta que a ideia voltada para a pauta surgiu do conhecimento, perante as duas realidades, e do incômodo de saber que, mesmo havendo vários componentes de um cluster, no Distrito Industrial de Manaus, nada se fala sobre o assunto. Ainda segundo Jorge Campos, um dos desafios está na dificuldade de integração e a quebra nas diferenças culturais entre a indústria e a universidade.

De 2017 a 2020 fui diretor da Faculdade de Estudos Sociais da Ufam e achei que iria promover essa integração, mas não consegui, devido a inúmeros fatores. O fato é que nós já temos empresas, políticas públicas, linhas de financiamento, centros de pesquisas e inovação, faculdades, universidades, mas não temos um elemento essencial no cluster, que é a integração“, diz o professor que complementa:

“Então, aí está colocado um dos principais desafios, o de vencermos as diferenças culturais que há na empresa do distrito que, realmente, trabalha por uma redução de custos, eliminação de desperdícios. Enquanto as universidades têm uma outra cultura, tendo mais uma disfunção burocrática, são mais lentas, e isso exige um novo alinhamento cultural para que haja uma condição igualitária nessas questões, para que essas instituições consigam caminhar juntas”, explica.

Qualificação

Conforme Jorge Campos, o processo de clusterização “possibilita a criar toda uma condição para produzir pessoal altamente qualificado, para que possam gerar novas tecnologias“, e forma gestores que consigam gerenciar empresas, enxergando para além de todos os seus departamentos internos.

Temos que pensar em quebrar paradigmas, formar gestores que consigam uma visão de sistema e uma visão holística e isso dá um diferencial muito grande, tanto para gestor, quanto para a empresa, e causa quebra do paradigma da departamentalização, evitando que o profissional seja limitado a um departamento da sua empresa“, diz Campos.

Sugestões

O artigo, que tem como base a experiência alemã e francesa de clusterização industrial, apresenta, ainda, sugestões, dentre elas: melhoria das relações indústria-ciência; apoiar startups inovadoras; criar um grupo de trabalho multidisciplinar para elaboração de um projeto, visando transformar o PIM em cluster; submissão de projeto para apreciação da comunidade (universidades, centros de pesquisas, empresas, associações) para definição de metas, programas e instrumentos; participação cidadã, além da criação do fórum permanente para a clusterização do PIM são algumas das sugestões.

Nota-se, dentro da Alemanha, vários clusters com produção de ponta fantástica. O uso da estratégia de clusterização deu muito certo (…) Acredito que o debate em torno da transformação do Polo Industrial de Manaus, em cluster, é fundamental e precisa ser objeto na agenda prioritária, nas empresas dos distritos, da gestão da Suframa, das faculdades, do governo federal, municipal e também do governo estadual“, salienta.

Professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Antônio Jorge Cunha Campos (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Breve histórico

Antônio Jorge Cunha Campos tem 63 anos e é natural de Manaus. Possui pós-doutorado pela Universidade de Coimbra (Portugal) e é doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com estágio de doutorado na Espanha, concluído em 2004, tendo como área de concentração a logística e o transporte.

Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Engenharia de Produção pela Universidade Federal da Paraíba, é graduado em Administração de Empresa pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Grau de comendador e grão comendador outorgado pela Câmara Brasileira de Cultura, recebendo a medalha da Cruz do Mérito da Amazônia, e ex-diretor da Faculdade de Estudos Sociais (FES) da Universidade Federal do Amazonas.

É, ainda, ex-diretor de Formação Profissional e Desenvolvimento Institucional do Conselho Regional de Administração do Amazonas (CRA-AM), onde foi presidente no mandato de 2015. Foi, também, professor e pesquisador da Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas, possuindo vasta experiência em Educação a Distância (EAD).

Leia o documento na íntegra:
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