Proliferação do mosquito ‘Tigre’ desencadeia caso inédito de dengue em Paris
O mosquito Aedes albopictus, que também transmite dengue (AFP)
Da Revista Cenarium Amazônia*
MANAUS – A região Île de France, onde está situada Paris, registrou nesta quarta-feira (18) seu primeiro caso de dengue de transmissão local. Segundo a agência de saúde francesa Santé Publique France, a contaminação, no norte do país, é inédita.
O caso foi identificado em Limeil-Brévannes, a cerca de 15 quilômetros ao sudeste de Paris. A transmissão local, ou autóctone, significa que “o paciente não viajou recentemente para outras regiões do mundo com alta incidência da doença”.
A dengue é transmitida pelos mosquitosAedes aegypti eAedes albopictus, ou Tigre. Os insetos se espalharam na França nos últimos 20 anos eé um dos vetores da doença.
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Um dos motivos apontados pelos cientistas para o crescimento do mosquito Tigre no país é o aquecimento global. Com verões cada vez mais longos e invernos mais quentes, os insetos, que não resistem a baixas temperaturas, têm um clima propício para se reproduzirem.
Só neste ano, foram registrados cerca de 30 casos de dengue autóctones na França, contra 60 em 2022. Entre 2010 e 2021 houve apenas 48 contaminações, o que dá a dimensão do aumento ocorrido nos últimos dois anos.
Em 2022, a situação epidemiológica da dengue na França metropolitana foi considerada “excepcional”, de acordo com um balanço publicado pela agência de saúde francesa.
No final de agosto, pela primeira vez, a agência regional de Saúde realizou uma operação contra a dengue em um prédio situado no 13º distrito, após um registro de caso da doença entre os moradores do imóvel. Na noite de 16 de setembro, uma ação similar aconteceu no 15º distrito, onde ocorreram três contaminações.
Mudanças climáticas
Transmissões locais já haviam sido constatadas em regiões do sul da França, com climas mais favoráveis à propagação do mosquito Tigre.
“Teoricamente, os mosquitos passam o inverno em ovos. De acordo com esse ciclo, quando chega o outono, os mosquitos vão produzir ovos que resistem o inverno até eclodirem no verão”, diz David Giron, diretor de pesquisa do instituto francês CNRS e do instituto de pesquisa sobre a Biologia do Inseto.
“Mas, se as condições são favoráveis, os mosquitos continuam se reproduzindo normalmente, sem se preparar para o inverno. Por isso temos hoje uma população de insetos mais resistente”, acrescentou o cientista. Dentro da água parada e em condições climáticas favoráveis, as larvas eclodem, ficam penduradas à superfície da água e depois se transformam em pupas, até se tornarem um inseto adulto.
Isso significa que, com períodos quentes mais longos, aumenta também o risco de transmissão da dengue. Segundo o site francês “Vigilance Moustiques”, nesta terça-feira (17), quase toda a França estava em alerta vermelho em relação ao mosquito Tigre. Isso indica que o inseto está implantado e “ativo” no país.
Casos aumentam na Martinica
Os casos de dengue continuam crescendo na Martinica, um dos territórios ultramarinos franceses. De 18 de setembro até o início de outubro, três pessoas já tinham morrido vítimas da doença, segundo a agência regional de saúde.
Desde a metade de agosto, a Martinica e Guadalupe enfrentam uma epidemia de dengue. Na Martinica, no final de setembro, foram registrados cerca de mil casos por semana. A ilha tem 352 mil habitantes.
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