Proposta para reverter resultado da eleição é encontrada pela PF na casa de Anderson Torres

O documento cita o restabelecimento imediato da lisura e correção da eleição de 2022 (Marcos Corrêa/PR)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – A Polícia Federal encontrou na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, uma minuta (proposta) de decreto para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) instaurar Estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O objetivo, segundo o texto, era reverter o resultado da eleição em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor. Tal medida seria inconstitucional.

O documento foi encontrado no armário do ex-ministro durante busca e apreensão realizada na última terça-feira, 10. A PF vai investigar as circunstâncias da elaboração da proposta.

PUBLICIDADE

O material tem indicação de ter sido feito após a realização das eleições e teria objetivo de apurar abuso de poder, suspeição e medidas ilegais adotadas pela presidência do TSE antes, durante e depois do processo.

De acordo com fontes ouvidas pela Folha, o documento cita o restabelecimento imediato da lisura e correção da eleição de 2022.

Bolsonaro e o então ministro Anderson Torres no Palácio da Alvorada (Evaristo Sa/5.out.22/AFP)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta semana a prisão de Torres.

Moraes também é presidente do TSE e protagonizou embates com Bolsonaro durante o pleito. O ex-presidente difundiu, diversas vezes, mentiras e teorias da conspiração contra as urnas eletrônicas. Também acusou o TSE — sem nunca apresentar provas — de trabalhar pela eleição de Lula.

Torres reassumiu o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 2 de janeiro e viajou de férias para os EUA cinco dias depois.

Ele não estava no Brasil, no domingo, 8, quando bolsonaristas atacaram os prédios do STF, Congresso e Palácio do Planalto. O retorno ao País estava, inicialmente, previsto para o fim do mês, mas ele afirmou que antecipou o regresso para se apresentar à Justiça.

A invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, desencadeou uma forte reação da cúpula do Judiciário. As medidas mais duras foram adotadas por Moraes.

Além da ordem de detenção contra Torres, ele afastou do cargo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Determinou, ainda, a prisão do ex-comandante da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira.

Também foi de Moraes a autorização para que a PF realizasse uma operação de busca e apreensão na casa de Torres.

Ao justificar as prisões de Torres e Vieira, Moraes disse que a conduta dos dois é gravíssima e coloca as vidas de Lula, deputados federais, senadores e ministros da Corte em risco.

Moraes disse que os fatos narrados em investigação da Polícia Federal, autora do pedido de prisão, “demonstram uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas”.

“No caso de Anderson Torres e Fabio Augusto Vieira, o dever legal decorre do exercício do cargo de Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e de Comandante-Geral da Polícia Militar do Distrito Federal, e a sua omissão ficou amplamente comprovada pela previsibilidade da conduta dos grupos criminosos e pela falta de segurança que possibilitou a invasão dos prédios públicos”, afirmou o ministro.

(*) Com informações da Folhapress
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.