Quatro pessoas morrem e dez estão desaparecidas em desabamento no Recife

Fachada de prédio destruído em Paulista, região metropolitana do Recife, após desabamento (Charles Johnson/Folhapress)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – Ao menos quatro pessoas morreram em desabamento de parte de um prédio residencial na cidade de Paulista, no Grande Recife, em Pernambuco, no começo da manhã desta sexta-feira, 7.

A identidade das vítimas não foi divulgada, mas bombeiros e Defesa Civil confirmam que entre elas estão uma mulher de 43 anos, um homem de 45 e um adolescente de 12 anos. Um jovem de 18 anos chegou a ser retirado dos escombros com vida e levado ao Hospital Miguel Arraes, mas não resistiu.

Outras duas pessoas foram resgatadas e dez continuam desaparecidas, incluindo seis crianças ou adolescentes, segundo a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. Outras quatro foram localizadas fora do prédio.

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Segundo a Defesa Civil, o edifício onde oito apartamentos colapsaram, no Conjunto Beira-Mar, na rua Dr. Luiz Inácio de Andrade Lima, no Janga, estava interditado e vinha sendo ocupado irregularmente por três famílias.

Os bombeiros foram acionados por volta das 6h30. Cerca de 50 profissionais participam das buscas dos desaparecidos. Voluntários também ajudam.

Um deles, Vinicius Silva, 24, ajuda no resgate como voluntário, é sobrinho de uma das vítimas, que ele identificou como Maria Tereza. Segundo ele, ela morava no terceiro andar do edifício com dois filhos.

“Ela estava toda encoberta, a gente cavou e tirou o escombro. Triste demais. Tive que me segurar porque a gente tem que encontrar mais corpos”, disse Vinicius.

Ele contou também que a tia estava dormindo quando houve o desabamento.

O aposentado Marcos Antônio mora há 20 anos no condomínio. Ele reside em outro bloco, que não desabou, e disse que ouviu um estrondo por volta das 6h30.

“Ouvi um barulho forte, mas não pensei que fosse um desabamento. Estava em casa assistindo televisão”.
Ele afirma que soube primeiro pelos telejornais do acontecimento. “Vi primeiro na TV e depois que saí para ver que tinha sido com um prédio aqui do residencial.”

Apreensiva, Daiane Souza tem quatro parentes desaparecidos nos escombros e acompanha as buscas aflita com uma amiga no local.

“Uma tia e três primos meus estão nos escombros. Outra prima conseguiu sair cedo, antes de desabar”, diz.

Daiane não mora no condomínio, mas reside em local próximo ao bairro do Janga, em Paulista. “Assim que soube, vim logo para cá acompanhar”.

A região metropolitana do Recife é atingida por chuvas intensas desde a noite de quinta-feira, 6. Por isso, o Corpo de Bombeiros tem tido mais dificuldades para fazer as buscas pelas pessoas desaparecidas.

“Está chovendo agora e também choveu durante a madrugada. Acreditamos que isso possa ter contribuído [para o desabamento]”, disse André Gustavo Carneiro Leão, secretário de Segurança e Defesa Civil.

Após a confirmação das três mortes, o Corpo de Bombeiros dizia ter esperança de encontrar pessoas com vida.

“Os bolsões de ar [em meio aos escombros] fazem com que a gente encontre vítimas que estejam nos escombros”, afirmou o coronel Robson Roberto, que coordena as ações da corporação.

Prédio-Caixão

O prédio é em formato “caixão”, com térreo e três andares. Em cada pavimento, são quatro apartamentos.

A Prefeitura de Paulista disse, em nota, que “o imóvel estava interditado desde o ano de 2010 e foi reocupado por grupos de sem-teto”.

O local é considerado um foco de imóveis interditados pela Defesa Civil do município. A gestão municipal, no entanto, não respondeu há quanto tempo as famílias ocupavam o imóvel irregularmente, nem o motivo da interdição.

“O panorama não é diferente de outras cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR). A situação na RMR é crônica, com imóveis interditados e outros que ruíram”, afirmou a prefeitura em nota.

A prefeitura também declarou que já solicitou ao governo federal “uma solução definitiva por parte da Caixa Econômica Federal e das seguradoras responsáveis pelos prédios”. A Caixa afirma que não tem relação com o imóvel.

O prefeito Yves Ribeiro (MDB) fez um pronunciamento em uma rede social.

“A gente já tinha alertado para isso há muito tempo, mais de dez anos que os prédios foram desativados. Cobrar, agora, da seguradora a responsabilidade. Inclusive, aqui no Janga, a gente já desativou um prédio que também estava nessa mesma situação, quando a Justiça nos ajudou a derrubar o prédio”, disse.

“É preciso esse grito de alerta para que essa seguradora tome providências e outras pessoas não venham a morrer e outras cidades não venham a passar por essa tragédia que Paulista está passando”, completou.

Ribeiro ainda agradeceu às equipes de diferentes áreas da prefeitura e os voluntários que, desde cedo, ajudam nos trabalhos de resgate no local.

A Folha questionou qual é a seguradora e a relação dela com o conjunto habitacional, mas não recebeu resposta até esta publicação.

A advogada Janielly Nunes, que defende os proprietários dos apartamentos interditados, esteve no local dos desabamentos e diz que, desde 2009, os donos dos imóveis entraram na Justiça para receber auxílio para aluguel.

“Os processos foram ajuizados em 2009. Os proprietários já recebem aluguel para residir em outros imóveis. A medida que a gente vai tomar agora é [reforçar pedido para] que os outros seis que ainda não recebem a Justiça possam receber.”

Balanço de vítimas do desabamento em Paulista (PE)

Atualizado às 18h

Total de Vítimas: 20

Desaparecidos: 10

▪︎ Sexo Masculino: 2
▪︎ Sexo Feminino: 2
▪︎ Crianças/adolescentes: 6

Resgatados com vida: 2

▪︎ Sexo feminino – 65 anos – socorrida pelo CBMPE para o Hospital Miguel Arraes
▪︎ Sexo feminino – 15 anos – socorrida pelo Samu para o HR;

Óbitos: 4

▪︎ Sexo masculino – 45 anos
▪︎ Sexo Masculino – 12 anos
▪︎ Sexo Feminino – 43 anos
▪︎ Sexo Masculino – 18 anos

Localizados com vida fora da edificação: 4

▪︎ Sexo masculino – 22 anos
▪︎ Sexo masculino – 17 anos
▪︎ Sexo masculino – 16 anos
▪︎ Sexo masculino – 21 anos

(*) Com informações da Folhapress
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