‘Que ela proteja nossas águas’, diz devota em celebração ao Dia de Yemanjá

Na Amazônia Yemanjá também é considerada “Yara - Mãe D’água” , a Rainha dos Rios (Reprodução/Internet)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Nesta quinta-feira, 2, o Brasil comemora o Dia de Yemanjá, umas das divindades mais conhecidas da sacralidade do Brasil. Respeitada e admirada por muitos, a divindade afro-brasileira é festejada com respeito, carinho e devoção em diferentes Estados do País. No Amazonas, poeticamente chamado de “pátria d’água” pelo imortal poeta Thiago de Mello, a “Rainha das Águas” tem devotos, devotas e admiradores, independente da prática religiosa.

Para a tributarista Djane Sena, que não é da prática umbandista e candomblecista, mas que tem verdadeira adoração por Yemanjá enquanto divindade e fé, declarou. “Yemanjá é um patrimônio afetivo do Brasil. É um Orixá que todo e qualquer brasileiro conhece porque sua essência é de delicadeza, pureza e amor. Ela simboliza essa coisa emocional da mãe que protege, que cuida”, destacou.

Ainda de acordo com Djane, adorar Yemanjá é uma prática sua desde muito jovem. “Quem nasce do Amazonas, na Amazônia, sabe que tudo a nossa volta é água, por isso sempre navegamos muito e eu sempre me ‘peguei’ com a ‘Rainha do Rio e do Mar’ para me proteger”, relembrou. Djane Sena também chama atenção para o caráter ambiental simbolizado em Yemanjá. “Como ela é a divindade das águas, que ela proteja nossas águas, nossos igarapés e os mananciais tão importantes para a nossa sobrevivência”, pediu.

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África

Segundo Pai Ronald Ty Odé, líder religioso, Yemanjá vem da África e é uma herança dos tempos da escravidão. “A adoração à ‘Mãe das águas’ vem de longe, vem da África, dos negros escravos. Era uma festa de negros semi-livres que trabalhavam na labuta do café e de outras culturas. Quando eles não queriam trabalhar na lavoura, eles iam de jangada para o mar. Mas, em um período, os peixes sumiram e então eles pediram à ‘Mãe das Águas’ para trazer os peixes de volta e a escassez acabasse. E que ela desse um ano de fartura. E isso aconteceu. Então, no ano de 1923, iniciou-se a festa para Yemanjá e, em 1969, foi oficializado a festa para Yemanjá na Bahia“, explicou.

Pai Ronald chama a atenção para a admiração e devoção “democrática” à Yemanjá: “O festejo dedicado à Yemanjá atrai católicos, judeus, evangélicos e tantos outros porque é das águas que nós vivemos. É das águas que tiramos o sustento, nossa higiene. Então, é uma força que todos sabem que existe. É uma energia positiva, então, agradecer não custa nada”, recomendou.

Salvador

A jornalista Emily Araújo é outra que abraça Yemanjá com força: “É curioso como se deu meu encontro com ‘Yê’, a intimidade que tenho é essa! Fui a Salvador para os festejos dela, mas sem pretensões espirituais. Era pelo movimento cultural em si. Mas, ao chegar lá, vi a devoção das pessoas e percebi como profano e religioso se misturam, isso me conquistou. Dali em diante, nossa relação se estreitou”, relatou a jornalista.

Assim como Djane Sena, Emyle Araújo não frequenta ou mesmo faz parte de grupos, ou organizações de caráter afro-religioso. “Não tenho religião e meu Deus está em tudo o que tem vida. Acredito na força da natureza, respeito os santos e honro cada Orixá. Yemanjá cumpre o papel de ‘Rainha do Mar e do Rio’ e mãe de todos. Por isso, tenho uma imagem dela na porta de entrada da minha casa”’, descreveu.

Sincretismo

No sincretismo, Yemanjá é cultuada como Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes ou Nossa Senhora da Conceição. Isso acontece por conta do período colonial no Brasil, onde negros tinham como religião o candomblé, porém, em um país onde a religião predominante é o catolicismo, houve uma “associação” da divindade com os santos católicos. Em contextos regionais, ela também está ligada à Yara ou Mãe d’água por ser a mãe de todas as águas.

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