Queimadas no AM são causadas por ação humana, aponta Corpo de Bombeiros

Bombeiros lutam contra incêndio de grande proporção em Iranduba, no Amazonas (Ricardo Oliveira/25.set.23/Revista Cenarium Amazônia)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia*

MANAUS – As queimadas de áreas de vegetação no Amazonas, neste período de estiagem, que têm se tornado de grande proporção e ocasionado a fumaça que encobre a cidade, são causadas por ação humana, apontou o Corpo de Bombeiros à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA. A pena, para quem praticar esse crime, é de dois a quatro anos de reclusão, além de multa.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que de 1° de janeiro a 22 de setembro deste ano, o Amazonas registrou mais de 13 mil queimadas. Segundo o Corpo de Bombeiros, as queimadas na zona rural têm causas diferentes daquelas que são registradas na capital amazonense, quando ocorrem, muitas vezes, até pela incidência dos raios solares em objetos.

Na capital, geralmente, são acidentes que acontecem com uma garrafa, bituca de cigarro, uma lata de refrigerante“, explica o comandante do Corpo de Bombeiros do Iranduba, município a 27 quilômetros de distância de Manaus, tenente Moab Pereira. “Já na zona rural é diferente. Infelizmente, são pessoas que roçam, às vezes, até vivem do campo e sem ter conhecimento, ateiam fogo, e aí queima o que ele quer e o que ele não quer. Foge do controle e vira um incêndio que a gente passa até três dias combatendo“.

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Pereira se refere a incêndios como o registrado no distrito de Cacau Pirêra, em Iranduba, onde, desde segunda-feira, 25, agentes do Corpo de Bombeiros lutam para apagar um incêndio de grande proporção em área de vegetação. Mais de 40 bombeiros combatiam a queimada que já havia atingido uma área de três quilômetros de extensão.

Corpo de Bombeiros afirma que as queimadas na zona rural têm causas diferentes daquelas que são registradas na capital amazonense (Ricardo Oliveira/25.set.23/Revista Cenarium Amazônia)
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Dificuldades de acesso

O Corpo de Bombeiros alerta que incêndios de grandes proporções causam riscos para além da fauna e da flora, chegando até imóveis residenciais. “A nossa preocupação principal são as residências. São muitas residências de madeira, de fácil combustão, então, a gente procura fazer uma linha de água para o fogo não chegar, enquanto a outra equipe chega para debelar o fogo“, conta o tenente da corporação lotado em Iranduba, Eduardo Araújo, lembrando, ainda, da dificuldade da equipe de acessar alguns focos de queimadas por ocorrerem em mata fecha.

A dificuldade é grande, é um trabalho desgastante, tem um desgaste muito rápido do militar, a gente vai entrar com bomba costal, abafadores, com enxada, com rastelo pra tentar debelar esse fogo. O desafio é grande, são muitos pontos quentes, muitos pontos de calor, muitos focos de calor, e a gente está se desdobrando com o nosso efetivo pra atender todas as demandas“, conclui.

Vegetação queimada em Iranduba, no interior do Amazonas (Ricardo Oliveira/25.set.23/Revista Cenarium Amazônia)
Prática criminosa

De acordo com o artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais, N° 9.605 de 1998, provocar queimadas é uma prática criminosa por poluir na forma de fumaça, além de causar riscos de incêndio para habitações, destruir a vegetação e poder causar a morte de animais. A penalidade é válida tanto para grandes queimadas para desmatamento quanto para pequenos atos, como atear fogo em lixo doméstico ou em folhas no quintal.

Qualquer tipo de queimada, seja ela urbana ou, então, na área da agricultura, rural, para pecuária, para pasto, todas elas são caracterizadas como crime, passíveis de pena de 2 a 4 anos“, explica o coordenador adjunto de Comissões da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM), Celso Valério.

Impactos na saúde
Fumaça das queimadas encobre Manaus (Ricardo Oliveira/20.set.23/Revista Cenarium Amazônia)

As fumaças contêm elementos tóxicos como carbono e enxofre, que podem ocasionar infecções do sistema respiratório, assim como outros sintomas. O pneumologista David Luniere explica o que a fumaça, derivadas das queimadas, pode causar à saúde.

Em relação aos olhos, causa muita irritação ocular, levando ao lacrimejamento, vermelhidão e coceira nos olhos. Em relação às vias aéreas superiores, vão ter quadros agudos de rinite alérgica ou não, apenas exposto a esta questão dos poluentes; assim como também ressecamento das fossas nasais e sangramento. Em alguns casos, aumenta o número de espirros e irritação nasal; em relação à garganta, você percebe que ela fica mais seca, com aumento do número de pigarros e tosse“, pontua o especialista, acrescentando, ainda, que a fumaça pode levar ao desenvolvimento de doenças respiratórias crônicas.

Na parte respiratória, pode dar dor ou desconforto torácico, sensação de falta de ar e, em alguns casos, chiado no peito e uma limitação no fluxo aéreo nas atividades diárias do cotidiano, ou seja, é aquela pessoa que vai sentir muita falta de ar ou desconforto ao respirar para realizar atividades do cotidiano. Em muitos casos, pode evoluir para uma bronquite aguda ou crônica; e pode chegar até pneumonia ou doenças crônicas; aquelas pessoas que não tinham doenças crônicas podem vir a ter, como a asma“, finaliza.

A reportagem em vídeo completa você confere neste link.

Editado por Marcela Leiros
Revisado por Adriana Gonzaga
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