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‘Queremos incentivar o empreendedorismo indígena’, diz diretor-presidente da FEI
Sinésio Trovão, diretor-presidente da Fepiam (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
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08 de maio de 2023
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – Nomeado diretor-presidente da Fundação Estadual do Índio (FEI), em março deste ano, o líder indígena Sinésio Trovão afirmou, em entrevista à REVISTA CENARIUM, que a instituição trabalha para desenvolver o empreendedorismo indígena, com ênfase na produção artesanal que promova a cultura e ancestralidade, mas sem deixar de prestar a assistência necessária aos povos originários no Estado.
Além de ser diretor-presidente do órgão vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Trovão também é presidente da Federação das Organizações dos Caciques e Comunidades Indígenas Tikuna (Foccit) e ex-vereador de Santo Antônio do Içá (a 879 quilômetros de Manaus).
À REVISTA CENARIUM, Trovão afirmou, ainda, que a FEI deve também alterar o nome para Fundação Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas (Fepiam). O movimento de mudança visa reparar um problema histórico, que considera a palavra “índio” como pejorativa e preconceituosa. Um Projeto de Lei foi encaminhado à Casa Civil e será posteriormente conduzido à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para aprovação.
REVISTA CENARIUM: Qual a principal urgência dos povos indígenas do Amazonas? Quais áreas estão mais críticas?
SINÉSIO TROVÃO: Queremos focar na questão assistencial para as aldeias e comunidades que estão precisando da presença intersetorial do Estado para que todos possam ter seus direitos constitucionais garantidos como cidadãos. Além disso, queremos trabalhar para incentivar o empreendedorismo indígena por todo o Amazonas, pois assim nossos parentes poderão ter a possibilidade de obter a sua própria renda, comercializando os seus produtos.
RV: A gente viu o que aconteceu com o povo Yanomami, com a falta de assistência, principalmente na área da saúde. Como será feito o trabalho da FEI em união com a Funai, para levar uma maior assistência para os indígenas do Amazonas?
ST: Estamos realizando algumas reuniões com a Funai para debatermos sobre essas questões importantes para os nossos parentes, para tentar criar mecanismos e ferramentas que melhorem essas políticas públicas para o Amazonas. Atrelado a isso, continuamos articulando, com as outras secretarias, ações em múltiplas áreas, como saúde e educação, como uma ponte das lideranças com o Governo do Amazonas para as demandas serem entregues.
RV: Existem projetos para incentivo da agricultura e pesca indígena a partir de um manejo sustentável? Como a FEI pode trabalhar as ações de tornar aldeias economicamente sustentáveis?
ST: É uma das nossas prioridades e, por isso, estamos discutindo, juntamente com as outras secretarias do Estado, projetos e parcerias que impulsionem o etnodesenvolvimento e o desenvolvimento sustentável na Amazônia dos povos originários.
RV: Na questão artística e cultural, como a FEI atuará na divulgação de artesanato e eventos culturais indígenas?
ST: Planejamos incentivar a produção artesanal, que tem um valor muito forte se bem promovida no mercado da arte originária e é um trabalho ligado à cultura e à ancestralidade dos nossos parentes. Esse ano de 2023 nós já estamos dando continuidade na nossa programação das Feiras Artesanais Indígenas por alguns municípios que são pontos focais de artesanato indígena. Além disso, a FEI executa o projeto Yandé Muraki, que na língua nativa significa “Trabalho de todos nós”, que abrange uma diversidade de materiais artesanais produzidos pelos indígenas de todas as regiões e etnias do Estado, visando proporcionar, aos artesãos, um local para produção, exposição e comercialização dos seus produtos.
RV: Qual sua mensagem para os povos indígenas do Amazonas?
ST: Quero falar para os parentes que este é um novo momento para nós, indígenas, que estamos agora no centro do debate nacional e todos os olhos estão voltados para as nossas comunidades. E o governo do Estado, na pessoa do governador Wilson Lima, por meio da FEI, está trabalhando fortemente para criar novas políticas públicas para os povos tradicionais, para fazer com que elas cheguem nas bases, pois o nosso Estado é muito extenso e tem uma logística delicada, mas faremos o máximo para que todas as etnias sejam contempladas. Juntos somos um só povo e uma só voz.
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