‘Ranço do verde e amarelo’: atos golpistas impactaram no patriotismo; CBF condena uso da camisa da Seleção

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – O símbolo de paixão nacional e do futebol foi usado como uniforme durante os ataques às sedes dos Três Poderes ocorridos no último domingo, 8, em Brasília. Diversas fotos mostram os golpistas utilizando camisas da Seleção Brasileira enquanto quebravam vidros, peças de arte e destruíam os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade apartidária e não governamental responsável pela Seleção Brasileira, lançou nota comentando sobre a utilização do símbolo maior do esporte brasileiro para atos terroristas contra a nação. “A entidade repudia veementemente que a nossa camisa seja usada em atos antidemocráticos e de vandalismo“, escreveu.

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Manifestante mistura o escudo da camisa da seleção brasileira, amplamente usado por bolsonaristas nos ataques de domingo, com outro com uma estrela vermelha no centro, e o símbolo comunista
Brasileiros trocam “amarelinha” por camisas pretas, verdes, azuis e vermelhas (Mathilde Missioneiro/Folhapress)

Em nota, a CBF lembra que a camisa da Seleção é um símbolo da alegria do povo brasileiro. “É para torcer, vibrar e amar o País. A CBF é uma entidade apartidária e democrática. Estimulamos que a camisa seja usada para unir e não para separar os brasileiros“, pontuou.

Torcedor do Corinthians e fanático por futebol, Cláudio Lins disse à REVISTA CENARIUM que desde 2018 se sente incomodado em usar a camisa verde e amarela. “Na Copa desse ano eu pensei que podíamos esquecer um pouco do ranço do verde e amarelo, mas a política estava muito evidente. Eu até evitei usar a camisa amarela“, revelou.

Era o símbolo do Brasil antes, a gente via bandeirinhas, camisas amarelas na rua em dia do jogo do Brasil, bandeiras nas sacadas em orgulho ao esporte, mas hoje em dia os símbolos foram tomados por uma ideologia que resultou nessa depredação em Brasília”, lamenta o torcedor.

A reportagem da CENARIUM mostrou, em novembro do ano passado, que a política e o desempenho da Seleção Brasileira estavam refletindo nas vendas das camisas. “A amarela quase não está saindo, por conta do Bolsonaro. Aí o pessoal evita muito. A preta está saindo bastante, verde, branco. Tem gente que compra, devido ao símbolo do Brasil, mas muita gente está evitando por conta dessa guerra de Lula e Bolsonaro, então eles preferem levar outras cores“, contou a vendedora Mayandra Melo.

Para quem não quer a camisa amarela, a opção são as blusas nas cores branca, preta ou azul. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Leia mais: Copa do Mundo: política e desempenho da Seleção Brasileira nos jogos impactam na venda de camisas

A Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg) também repudiou os ataques e chamou de terroristas e antidemocráticos os atos que ocorreram no final de semana. “A eleição para Presidência do Brasil acabou no dia 30 de outubro de 2022, em que Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente democraticamente, com a maior votação da história, recebendo 60.345.999 de votos“, ressaltou.

Torcidas Organizadas participando de protesto, em 2018 (Reprodução/Midia Ninja)

Além disso, a Anatorg se colocou de prontidão para “defender a Democracia Consolidada em nosso Território Nacional” e lembrou que as torcidas organizadas já foram alvos de repressão pelas Forças do Estado, diferente do que foi observado no tratamento aos antidemocráticos.

A Anatorg pede rápida apuração dos fatos, a devida e rigorosa punição e a prisão dos culpados. […] As Torcidas Organizadas por vezes, foram julgadas nas ruas e tratadas como culpadas, com total repressão e radicalismo pelas Forças dos Estados. E o que assistimos há meses, é uma conivência por parte de alguns Agentes de Segurança com terroristas por todo o País“, finalizou.

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