Religiões de matriz africana marcham para Exu em Manaus pela desmistificação do orixá

1ª marcha para Exu, em Manaus (Foto: Revista Cenarium Amazônia)
Jefferson Ramos – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Religiões de matriz africana se mobilizaram no início da tarde deste sábado, 30, para conscientizar a sociedade civil do Amazonas contra a estigmatização do orixá guardião da comunicação, Exu, entidade cultuada pelos adeptos de religiões originárias da África como Umbanda e Candomblé, em Manaus.

O ponto inicial do movimento denominado de 1ª marcha para Exu é a praça da Polícia, na avenida 7 de setembro, no Centro da capital do Amazonas. A previsão é que a marcha percorra as principais ruas do centro até a praça do Congresso, próximo Instituto de Educação do Amazonas (IEA).

Para o pai de santo, Alberto Jorge, Exu é uma entidade sagrada para os seguidores das religiões de matriz africana. Ele explica que a demonização de Exu é um fruto de construção de uma outra cultura.

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“Dentro da concepção gêge, ele é o primeiro filho do criador. E no nagô também tem essa situação. Ele que é o comunicador, dinâmico e que erroneamente foi sincretizado com satanás (…) Essa entidade não tem nada de demoníaco. O demônio é uma construção, uma criação de uma outra cultura que não é a África”, ponderou o pai de santo.

Mãe Neura de Oyá, pioneira com a marcha para Exu ainda na década de 80, afirmou que de lá para cá a sociedade pouco evoluiu sobre respeito com as religiões de matriz africana.

“Ele é do bem. Ele que abre os caminhos. Ele que traz energia e força para nós aqui na terra. Sem eles não somos nada porque Deus deixou essa força dos orixás. Exu é a energia que caminha”, concluiu.

A jornalista e advogada, Luciana Santos, avalia que mesmo que a Constituição de 1988 garanta a liberdade religiosa, seguidores de religiões de matriz africana ainda têm seus templos atacadas por conta do preconceito.

“Nossas casas são vandalizadas. Os nossos corpos também são atacados. Por isso, estamos neste processo de desconstruir Exu como diabo. Além disso, é um grito político para dizer que a gente existe e queremos respeito.

(*) Colaborou Adrisa De Góes
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