Republicanos e PP negam relação com golpismo de Valdemar, presidente do PL, e isolam partido bolsonarista

Os partidos fizeram parte da coligação que apoiou o presidente Jair Bolsonaro em sua derrotada campanha à reeleição (Reprodução/Agência Brasil)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – O PP e o Republicanos preparam um recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o bloqueio dos fundos partidários, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes na quarta-feira, 23, após a empreitada golpista patrocinada por Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

Os três partidos fizeram parte da coligação que apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua derrotada campanha à reeleição.

PP e Republicanos, no entanto, alegam não ter nenhuma ligação com os movimentos de contestação das urnas e afirmam reconhecer o resultado da eleição. Dessa forma, os partidos deixam Valdemar e a legenda de Bolsonaro isolados na ação golpista patrocinada por Bolsonaro.

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O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, que apresentou ao STF recurso contra o resultado do pleito deste ano, alegando fraude eleitoral (Evaristo Sá/23.nov.22/AFP)

Na decisão de quarta-feira, Moraes condenou a coligação de Bolsonaro, formada por PL, PP e Republicanos, ao pagamento de multa no valor de R$ 22.991.544,60 por litigância de má-fé.

O presidente do TSE determinou, ainda, o bloqueio dos fundos partidários das três legendas, até o pagamento da penalidade imposta.

Além disso, por entender que, na iniciativa encampada pelo PL, houve “finalidade de tumultuar o próprio regime democrático brasileiro”, Valdemar será alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal, no inquérito das milícias digitais, e no TSE.

De acordo com políticos ouvidos pela Folha, integrantes dos outros partidos da coligação tentaram fazer Valdemar desistir da ideia de questionar o resultado das urnas, citando que o presidente do PL corria risco de se tornar alvo de Moraes.

Apesar da tentativa de se distanciar da investida de Valdemar, dirigentes da coligação também criticaram a decisão do presidente do TSE. Eles afirmam que a multa imposta pode inflamar bolsonaristas e dar motivo para novas ações contra o resultado da eleição.

Os partidos ainda discutem como vão recorrer da determinação do ministro. Uma das possibilidades é levar uma representação ao TSE para que a coligação não seja considerada de maneira única na ação apresentada pelo PL.

O relatório utilizado pelo partido de Bolsonaro para fundamentar seu pedido tirava conclusões incorretas, segundo especialistas em computação consultados pela Folha. Tinha, ainda, lacunas não só por ignorar o primeiro turno da eleição, como a distribuição dos diferentes modelos de urnas dentro de um mesmo Estado.

De acordo com o PL, mais de 279,3 mil urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno do pleito “apresentaram problemas crônicos de desconformidade irreparável no seu funcionamento”. Para as atuais eleições, a Justiça Eleitoral disponibilizou cerca de 577 mil equipamentos.

As urnas questionadas também foram utilizadas no primeiro turno, quando o partido elegeu a maior bancada de deputados federais da próxima legislatura — terá 99 cadeiras na Câmara. Ao restringir o pedido ao segundo turno, portanto, o partido não lança dúvida sobre a primeira etapa.

Apesar de a representação pedir a invalidação de votos em caso de confirmação, pelo TSE, de “mau funcionamento” de urnas eletrônicas, Valdemar tentou difundir o discurso de que o PL não estava questionando o resultado da eleição, mas defendendo apenas uma verificação.

Nesta quarta, Valdemar expôs as fragilidades na argumentação para pedir a anulação de votos da eleição apenas no segundo turno, quando Bolsonaro foi derrotado para Lula na disputa presidencial, mas não no primeiro turno, quando seu partido elegeu a maior bancada de deputados federais na Câmara.

Em entrevista à imprensa, Valdemar citou a participação até de um “gênio lá de Uberlândia” para ajudar na fiscalização feita pelo PL, mas disse que a equipe só conseguiu encontrar “algo palpável” no segundo turno.

Como mostrou a Folha, os dados usados pelo partido, para questionar os votos nessa etapa, porém, se repetem no primeiro turno e estão disponíveis no próprio site do Tribunal Superior Eleitoral, podendo ser obtidos em uma consulta de menos de 1 minuto.

(*) Com informações da Folhapress
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