RO: ex-candidato a deputado participa de ato extremista em Brasília, transmite ao vivo e nega envolvimento

Nas redes, ele ostenta fotos com o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), defende os ideais da extrema-direita e apoia um golpe de Estado (Reprodução/Redes Sociais)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Um ex-candidato a deputado estadual de Rondônia pelo partido Patriota e não eleito, foi identificado como um dos invasores que participaram dos atos considerados terroristas, no último domingo, 8, em Brasília. William Ferreira da Silva, de 58 anos, invadiu, junto de outros bolsonaristas radicais, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele, que também já foi sargento da Polícia Militar (PM) de Rondônia, transmitiu a ação, ao vivo, e publicou diversos vídeos nas redes sociais. 

Apesar de aparecer coberto com a bandeira do Brasil, como os demais manifestantes, o ex-candidato negou que tenha participado das invasões e disse que foi ao movimento “como repórter”. Nas redes, ele ostenta fotos com o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), defende os ideais da extrema-direita e apoia um golpe de Estado.

Nas redes, William Ferreira da Silva ostenta fotos com Bolsonaro e defende um golpe militar no País (Reprodução/Redes Sociais)

Terrorismo e vandalismo

“É isso aí, gente. Aqui no Congresso Nacional, muita bomba, muito gás lacrimogêneo (…) e o bicho tá pegando, hein”, diz o político e ex-militar em um dos vídeos em que grava a si próprio, narrando a invasão e as depredações aos prédios dos Três Poderes, na capital federal.

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Nos vídeos gravados por William Ferreira da Silva, os extremistas responsáveis pela onda de vandalismo hostilizam a polícia, chamam pelo Exército Brasileiro e insultam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito pela terceira vez. 

“Lula, ladrão, seu lugar é na prisão. Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, gritam os eleitores da extrema-direita ainda inconformados com a vitória de Lula no segundo turno das Eleições 2022.

Ex-candidato a deputado estadual e ex-militar, William Ferreira fez 15 publicações mostrando atos terroristas em Brasília (Reprodução/Redes Sociais)

William Ferreira fez um total de 15 publicações, entre vídeos e transmissões ao vivo, no dia dos ataques. Os registros mostram desde a aglomeração no gramado da Praça dos Três Poderes à destruição no interior da Suprema Corte, onde até as cadeiras e poltronas dos ministros foram arrancadas.

O que diz William

Morador da capital Porto Velho, onde é conhecido por fazer lives mostrando, especialmente, flagrantes policiais, William disse que só decidiu transmitir o movimento nas redes porque viu que os atos se tornaram um “quebra-quebra”. Ele não admite que tenha participado das ações golpistas.

A negativa veio por meio de nota, onde alega que não recebeu financiamento para estar no local dos conflitos e afirma ter acompanhado o movimento “como repórter”, e que sempre trabalhou na imprensa. “Desde o início, acompanho o movimento pacífico como repórter. Fui abordado diversas vezes e apresentei meu DRT”, diz um trecho da nota.

Nas redes, Ferreira da Silva também se diz repórter e apresentador, mas não possui vínculo formal com nenhum veículo de mídia. Ainda em nota, ele reconhece a produção de material “jornalístico” por conta própria. “Não trabalho em conjunto, sempre fui sozinho e com meu próprio recurso”, revela.

Ele afirma, ainda, ter ido a Brasília, a passeio, com a família, que não compactua com as depredações, e que está à disposição para prestar esclarecimentos. 

Repúdio e denúncias

O Ministério Público de Rondônia (MPRO) abriu canais para que a população denuncie qualquer pessoa que tenha participado dos atos antidemocráticos. As informações podem ser passadas pelo número da ouvidoria, 127, pelo Whatsapp (69) 9 9977-0127 ou por e-mail, no seguinte endereço: [email protected]

Outro canal disponível para denúncias é a sala virtual do cidadão na página do Ministério Público Federal em Rondônia (MPF-RO). 

Já o governador de Rondônia, em seu segundo mandato, Coronel Marcos Rocha, também se manifestou. Apesar de amigo declarado de Jair Bolsonaro, ele repudiou os atos terroristas. Rocha afirmou, por meio de nota, que “o Brasil precisa estar unido em favor da paz social, do progresso e do bem-estar da nação”. Também disse que a manifestação é parte da democracia, mas que “atos de hostilidade e destruição não podem ser tolerados”.

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