Roraima tem a maior proporção de jovens no País, idade média é de 26 anos

Governo de Roraima teme novo boom imigratório caso conflito se agrave (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – Roraima é o Estado com maior proporção de jovens do País. De acordo com dados do Censo Demográfico divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade mediana (que separa a metade da população mais jovem da mais velha) é de apenas 26 anos em Roraima.

O índice de envelhecimento no Estado é de 17,4. É essa a quantidade de idosos com 65 anos ou mais para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos. Como comparação, na outra ponta da tabela, está o Rio Grande do Sul, com 80,4, uma proporção quase cinco vezes maior.

A população de Roraima experimentou um crescimento significativo nos últimos anos. O Estado, que tinha 451.227 habitantes em 2010, viu sua população aumentar para 636.303 pessoas no Censo de 2022, representando um crescimento de 41,2%.

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O ranking dos menores índices de envelhecimento é liderado por nove municípios da Região Norte, sendo três de Roraima, dois do Acre, dois do Amazonas e dois do Pará. A liderança é de Uiramutã, em Roraima, com 5,40. A cidade, que tem grande número de habitantes indígenas, registra idade mediana de 15 anos. Ou seja, metade da população tem até 15 anos.

De acordo com a pesquisadora do IBGE Izabel Guimarães, os Estados da Região Norte iniciaram mais tardiamente o processo de redução da fecundidade que se observa no País. “Roraima, particularmente, tem na sua composição uma população indígena numerosa. As populações indígenas, principalmente, aquelas que residem em terras indígenas, têm fecundidade maior. Além disso, há uma migração, principalmente, da Venezuela, que tem efeito no número de nascimentos no Estado”, explica.

Segundo Izabel, são principalmente os jovens que vêm ao País em busca de trabalho, incluindo mulheres em idade reprodutiva. Ela destaca que os dados específicos de migração e fecundidade do Censo 2022 serão divulgados em 2024.

Indígenas compõem a maior parte da população de Roraima (Reprodução/Instituto Pirilampos)
Explosão populacional

A explosão populacional em Roraima aumentou os desafios já existentes para os jovens em termos de acesso a empregos e serviços básicos. O economista e secretário adjunto de Planejamento do governo de Roraima, Fabio Martinez, observa que essas mudanças demográficas trazem um potencial significativo para impulsionar o crescimento econômico, pois a maioria desses jovens está em idade ativa. No entanto, também destaca desafios críticos que acompanham essa transição demográfica.

“A geração de emprego para essa população jovem emergente é a preocupação principal do governo, especialmente, considerando que as taxas de desemprego tendem a ser mais altas entre os jovens”, disse.
Além disso, Martinez mencionou a existência de um segmento considerável de jovens “nem-nem” (que nem trabalham, nem estudam) em Roraima, um fenômeno que pode estar ligado, em parte, à dificuldade que os jovens imigrantes enfrentam para encontrar emprego ou acessar educação.

Essa análise reflete as observações do diretor-superintendente do Sebrae, Emerson Baú, que também enfatizou as mudanças na dinâmica da sociedade de Roraima. ”A presença significativa de jovens na população está moldando a cultura, os relacionamentos e, crucialmente, o ambiente de negócios no Estado, à medida que os jovens, muitas vezes, determinam as preferências de consumo e uso dentro das famílias”, diz.

O sistema educacional de Roraima tem absorvido parcela significativa de jovens migrantes. De acordo com o Censo Escolar do ano passado, 8.136 estudantes venezuelanos foram matriculados na rede estadual, representando cerca de 10% do total de alunos. As escolas municipais de Boa Vista, por sua vez, atendem mais de 4.800 alunos venezuelanos.

A crise migratória venezuelana trouxe, ainda, demandas adicionais aos serviços públicos de saúde de Roraima, incluindo a assistência em hospitais de referência no Estado. Mais de 1.600 partos de bebês, filhos de jovens venezuelanas, são feitos mensalmente na única maternidade do Estado.

Leia mais: Yanomami, Macuxi, Wapichana; conheça os povos indígenas de Roraima
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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