Yanomami, Macuxi, Wapichana; conheça os povos indígenas de Roraima

Indígena Yanomami (Stephanie Vieira/Platô Filmes/ISA)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – Yanomami, Macuxi, Wapichana… Roraima tem 13 etnias indígenas em 32 territórios que fazem o Estado ter a quinta maior população indígena do Brasil, com 97.320 pessoas, conforme dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cada etnia tem seus hábitos e suas particularidades.

Os povos indígenas em Roraima são: Yanomami, Ninam, Sanoma, Yanoma, Yanomami, Yaroame, Ingarikó, Macuxi, Taurepang e Waimiri-Atroari. A população indígena corresponde a 15,29% do total de 636.303 habitantes do Estado. Com isso, Roraima é o Estado brasileiro com mais indígenas na comparação com o total da população – o que significa dizer que um a cada sete pessoas que vive no Estado se autodeclarou indígena.

Entre os 13 povos indígenas que vivem em Roraima, três são considerados os principais: Yanomami, Macuxi e Wapichana. Para o antropólogo e coordenador do Núcleo Insikiran, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Jonildo Viana, esses povos contribuíram sensivelmente para a formação do Estado de Roraima: “Nós somos um Estado formado, principalmente, por indígenas que nunca foram valorizados como deveriam ser”, explica.

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Principais

O povo Yanomami tem uma cultura rica, que inclui não apenas os vários idiomas presentes em sua linguagem, mas também seus ritos, danças, cosmovisões, culinária indígena, saberes ancestrais e outros. Os indígenas Yanomami têm hábitos de caça, pesca e cultivo da roça, onde desenvolvem o plantio de tubérculos, frutas e raízes importantes para seu desenvolvimento e, inclusive, comércio ou trocas com grupos vizinhos.

“São, sobretudo, lutadores de seus interesses e direitos políticos de sobrevivência, direitos humanos e dignidade junto aos demais povos, indígenas ou não indígenas, compondo as dinâmicas políticas nacionais em relação aos povos indígenas brasileiros”, complementa Viana.

Joênia Wapichana, presidente da Funai (Divulgação)

Os Macuxi possuem uma vasta história de luta por direitos e pela terra. São povos habitantes em áreas da Venezuela, Guiana e Brasil, onde estabeleceram a maior parte de suas comunidades.

“A impressão de viajantes no século 18, a respeito deles, os apontava como um povo insubordinado, insolente, guerreiro e arredio que não ensinava sua língua aos brancos”, explica a ex-deputada estadual por Roraima e defensora pública, Lenir Rodrigues, atuante nas causas indígenas em Roraima.

O fato é que os Macuxi passaram por um processo de migração, trazendo consigo sua cultura, idioma, mitos e estrutura social. Há registros, inclusive, de outros povos migrando com eles e apenas anos depois sendo diferenciados por conta das particularidades de sua cultura, como é o caso dos Taurepang.

Já os Wapichana são povos indígenas que habitam áreas no Brasil e na Guiana, em áreas próximas aos rios Branco e Rupununi, especificamente, as regiões de Surumu, Taiano, Amajari e Serra da Lua. Eles, em função da autoridade do Tuxaua, um líder com características políticas, com o objetivo de zelar pelo interesse do povo, como comércio, alimentação, celebrações e outros assuntos relacionados.

“Boa parte do que conhecemos como a culinária de Roraima vem do povo Wapichana. Deles surgiram o Aluá, preparado com milho, bejú, farinha e as bebidas pajuaru e caxiri, preparadas com mandioca, entre outros”, acrescenta Viana.

Venezuela

Além de dez etnias brasileiras, foram incorporadas três etnias venezuelanas de refugiados e migrantes vivendo, atualmente, no Brasil e em Roraima: os Warao, os Pemon e os Eñepá. Warao é uma etnia indígena que recebe o mesmo nome que sua língua. Habitam uma área que compreende as regiões entre Brasil e Venezuela.

“Uma de suas características históricas e sociais marcantes são as migrações. De lá para cá, e sofrendo com as mudanças sociais, econômicas e políticas na Venezuela, migram a outras nações por sua sobrevivência, inclusive, para Roraima. Hoje, é estimado, aproximadamente, 1,5 mil Warao vivendo em Roraima”, diz Lenir.

O mesmo problema da migração ocorre com o povo Pemon, que são habitantes da tríplice fronteira Brasil, Venezuela e Guiana. Os Pemon assumem várias denominações e autodenominações e também sofrem os efeitos da migração.

Os Eñepá são uma etnia indígena venezuelana que vive em regiões localizadas no Estado Bolívar e mais recentemente no Brasil. Sua cultura também é marcada pela produção de miçangas, pulseiras e outros artesanatos provenientes de suas matas.

Para Viana, o fenômeno da migração é perceptível dentro e fora do Estado e causa consequências ruins aos indígenas: “Eles se perceberam marginalizados na cidade, ou seja, não confortáveis dentro dessa estrutura urbana, principalmente, pela linguagem e pelos hábitos”, explica.

Leia mais: Cinco pistas de pouso em Terra Yanomami de Roraima serão reformadas em novembro
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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