Saiba o que é febre maculosa, nova doença que já vitimou pessoas no Brasil

O carrapato-estrela é o principal hospedeiro da bactéria causadora da doença (Reprodução/PBH)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Após o Instituto Adolfo Lutz confirmar a terceira morte por febre maculosa no Estado de São Paulo, na terça-feira, 13, a busca pelo termo na internet disparou. De acordo com o Google Trends, ferramenta do Google que mostra os assuntos mais populares da rede, foram mais de 500 mil pesquisas desde a confirmação até esta quarta-feira, 14.

O aumento de casos suspeitos na última semana, seguido de confirmações, chamaram a atenção dos internautas para os riscos da doença, causada por uma bactéria e transmitida pela picada do carrapato. As principais dúvidas sobre a enfermidade são: o que é; transmissão; sintomas e tratamento.

O carrapato-estrela, vetor da nova doença (Drauzio Varella/Reprodução)

Febre maculosa: o que é?

De acordo com o Ministério da Saúde, a febre maculosa é uma doença infecciosa e febril aguda ocasionada pela bactéria do gênero riquétsias (Rickettsia), que tem transmissão mais comum pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense). Com elevada taxa de letalidade, ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves.

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No Brasil, há duas espécies de riquétsias: a rickettsii e a parkeri. A primeira, leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB), doença considerada grave, registrada no Norte do Estado do Paraná, assim como nos Estados da Região Sudeste. Já a segunda, possui registros em ambientes de Mata Atlântica, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará, e possui quadros clínicos menos graves.

Como acontece a transmissão?

Para transmitir a doença, o carrapato precisa ficar por, pelo menos, quatro horas fixado na pele da pessoa. Entretanto, não são todos que transmitem a moléstia, apenas aqueles que já hospedam a bactéria Rickettsia.

O médico pediatra e sanitarista Daniel Becker afirma que não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra. “Não é todo carrapato que mata. Não se angustiem. Não pirem se acharem carrapatos nos seus filhos. Essa é uma doença rara, mais prevalente no Sudeste, no Norte do Paraná e no Estado do Sudeste, mas continua sendo rara”, explica em vídeo publicado nas redes sociais.

De acordo com o médico veterinário Thiago Góes, nos animais, o carrapato-estrela tem preferência em se hospedar em cavalos, capivaras e antas. Caso não haja uma dessas espécies para que ele complete o ciclo de vida, ele vai atrás de outro hospedeiro.

“Geralmente, é nessa tentativa de encontrar um hospedeiro, que não seja um desses três, que ele acaba acometendo cães, gatos, alguns outros animais de fazenda e, eventualmente, ele acaba atacando o ser humano”, disse à REVISTA CENARIUM.

Quais os sintomas da doença?

Os principais sintomas da febre maculosa são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés. Algumas pessoas também podem apresentar gangrena nos dedos e orelhas.

Vermelhidão na palma das mãos é um sintoma da febre maculosa (Reprodução)

O Ministério da Saúde também ressalta que, em alguns casos, a doença também pode provocar paralisia dos membros, que inicia nas pernas e pode subir até os pulmões, o que pode ocasionar parada respiratória. Os primeiros sintomas aparecem de dois a 14 dias depois da picada, porém, na maioria dos casos, sete dias depois.

Como é o tratamento?

Assim que surgem os primeiros sintomas, a pessoa infectada deve procurar uma unidade de saúde, a fim de evitar formas mais graves da doença. O tratamento é realizado com antibiótico específico, por isso, é importante o diagnóstico preciso.

A depender da gravidade do caso, pode ser necessária a internação do paciente. A falta ou demora no tratamento da febre maculosa pode agravar o caso e levar à morte.

Últimos casos confirmados

Nesta quarta-feira, 14, a Secretaria de Saúde de Campinas confirmou a notificação de mais um caso suspeito de febre maculosa no município. Com isso, são seis os possíveis registros da doença, associados à Fazenda Santa Margarida.

A paciente mais recente é uma mulher de 40 anos, moradora de Hortolândia. Ela esteve na fazenda onde iniciou o surto da doença, no último dia 27 de maio. A pasta informou que a paciente apresentou sintomas em 10 de junho e está internada em um hospital privado de Campinas, no aguardo do resultado do exame laboratorial.

Fazenda Santa Margarida, foco de surto de febre maculosa em Campinas (SP) (Reprodução)

Ainda nesta quarta, a Secretaria confirmou nova suspeita do caso. Dessa vez, de uma mulher de 38 anos, que também participou das festividades na fazenda e está internada desde a terça-feira, 13. No momento, ela aguarda respostas do exame de confirmação.

A febre maculosa já causou três mortes confirmadas pelas autoridades. Uma quarta morte está sob investigação. Trata-se de uma adolescente de 16 anos. Todos estiveram na Fazenda Santa Margarida, no dia 27 de maio, e participaram da Feijoada do Rosa.

O distrito de Joaquim Egídio, local da propriedade rural, é mapeado como área de risco para a doença. Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Fazenda Santa Margarida anunciou que seguirá fechada pelos próximos 30 dias.

Leia mais: Três morrem por febre maculosa em São Paulo
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