Saiba quem é Maria Clara Spinelli, primeira atriz trans a protagonizar uma novela

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium*

MANAUS – A atriz trans Maria Clara Spinelli, 47 anos, viverá uma protagonista em uma novela do Grupo Globo, se tornando a primeira artista transexual em um papel de destaque na emissora. A informação foi confirmada pela colunista Patrícia Kogut, do O Globo. Com a personagem Renê, que se tornará Renée, no remake de “Elas por Elas”, ela dirá: “Eu não virei mulher. Eu nasci mulher”.

De acordo com Kogut, a novela terá direção artística de Amora Mautner e está em fase de escalação. A trama original foi exibida em 1982, centrada na história de sete mulheres: Márcia, Helena, Adriana, Wanda, Carmem, Marlene e Natália, colegas de escola que não se veem há 20 anos. Lembranças do passado e coincidências do presente vão afetar a vida de todas do grupo.

Apesar de nenhuma das amigas ser Renée na trama original, nos bastidores circulam informações que a personagem de Maria Clara poderá ser uma das amigas. No reencontro, depois da passagem de 25 anos, ela surgirá como Renée e não mais Renê. A estreia está prevista para o segundo semestre, depois do encerramento de “Amor perfeito”.

Falta de papéis

Na Globo, Maria Clara fez a novela “Salve Jorge” e as séries “Supermax” e “Carcereiros”. O último papel na TV foi em 2017, quando viveu a secretária Mira, cúmplice da vilã Irene (Débora Falabella), na novela “A Força do Querer”. No ano seguinte, a atriz desabafou, por meio do Instagram, sobre a falta de oportunidades para mulheres transgênero na TV.

“Eu estou sem trabalhar desde o final da novela A Força do Querer. E, embora eu tenha um ‘nome’ no meio artístico, e seja respeitada e premiada, também ninguém me dá emprego“, disse, lembrando que não é escolhida para papéis.

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“Conversando hoje com meu empresário, compartilhando com ele meu desânimo, ele me disse que me oferece, sim, para todas as produções em que existam personagens com meu perfil… Mas, os produtores de elenco nunca respondem nada, nunca justificam porque não sou sequer selecionada para testes”, escreveu.

A atriz ainda destacou que, quando surge um papel, é só para personagens trans. “Bem, se para o mercado eu só tenho capacidade para fazer personagens transgêneros, então talvez não exista uma carreira para mim, porque nenhuma atriz pode sobreviver apenas fazendo esses personagens, pois nem existem tantos assim. E, mesmo que houvesse, eu não sou um estereótipo, e não aceitaria isso”, disse ainda.