Secretário de Segurança de RR vaza operação contra garimpeiros e entidades cobram responsabilização

O secretário de Segurança Pública de Roraima, coronel Edison Prola. (Nilzete Franco/Folhabv)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – A organização Urihi Associação Yanomami cobrou responsabilização ao secretário de Segurança Pública de Roraima, coronel Edison Prola, por vazar informações sobre uma possível operação contra o garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami, que abrange o Estado e o Amazonas. Em documento publicado na sexta-feira, 16, a associação aponta que o gestor violou sigilo de operação policial.

Em entrevista a jornais locais nesta semana, Edison Prola afirmou ter participado de uma reunião com a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que a operação será realizada em 90 dias, com participação do Exército Brasileiro, Força Aérea, Ibama e Polícia Federal. O objetivo é combater crimes ambientais e retirar garimpeiros ilegais do território demarcado. Além da Uriji, o partido Psol apresentou notícia-crime ao MPF contra o coronel.

A associação declara que a fala do secretário fez com que os invasores ficassem atentos, tornando possível a represália contra a população Yanomami. “Resta claro que, ao divulgar informações detalhadas sobre a possível operação, o Sr. Edison Prola beneficiou quem está praticando o crime dentro das terras indígenas Yanomami, causando alarde nos invasores, que poderão atentar contra a vida da população”, diz a nota.

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É pontuado também que as informações repassadas por Edison caracterizam violação do sigilo funcional, citado no Artigo 325 do Código Penal que diz que é crime “revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação”. A pena é de seis meses a dois anos de detenção ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.

Leia também: ‘Presenciamos o genocídio’, diz associação Yanomami sobre descaso com povos indígenas

Confira a nota da Urihi Associação Yanomami:

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) estima que há 20 mil garimpeiros explorando ilegalmente a maior reserva do País, que, com mais de 10 milhões de hectares, abrange os Estados do Amazonas e Roraima. São mais de 28,1 mil indígenas que vivem na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.

A REVISTA CENARIUM cobrou esclarecimentos do Governo de Roraima sobre o vazamento de informações e aguarda resposta.

TI Yanomami

A Urihi tem denunciado que indígenas Yanomami sofrem com desnutrição severa causada pela falta de ação efetiva do governo federal na terra indígena.

No último dia 3, a associação divulgou imagens de crianças e adultos extremamente magros e com as costelas aparentes na comunidade Kataroa, Região do Surucucu, município de Alto Alegre, ao Norte do Estado. A associação denunciou que as crianças também estão com doenças infecciosas.

Além da falta de acompanhamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do corte de orçamento na Saúde Indígena, existe uma verdadeira crise humanitária em curso na TIY. Estamos presenciando genocídio dos povos protetores da floresta, sem nenhuma ação efetiva do governo federal“, denunciou o presidente da Associação, Júnior Hekurari.

A desnutrição severa aflige indígenas na Terra Indígena Yanomami pela falta de políticas públicas efetivas na proteção desses povos (Reprodução/Instagram)
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