Sistema da Justiça Federal aponta: David Almeida foi chamado para depor na ‘Maus Caminhos’, mas não compareceu

David Almeida e Priscila Marcolino, presa na 'Maus Caminhos': uma ligação nunca explicada (Reprodução/Internet)

Paula Litaiff e Vinícius Leal – Da Revista Cenarium

MANAUS – Dados do sistema da Justiça Federal do Amazonas apontam que o ex-governador interino do Estado David Almeida (Avante), candidato a prefeito de Manaus, foi chamado para depor no processo de instrução da operação ‘Maus Caminhos’, mas não compareceu. Deflagrada pela Polícia Federal (PF), a ‘Maus Caminhos’ desarticulou o maior esquema de corrupção na Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam), atual SES, e revelou um desvio de mais de R$ 200 milhões nos cofres públicos.

Em 2016, período de investigação da ‘Maus Caminhos’, o Amazonas era governado pelo professor José Melo (Pros), que foi preso na operação. David Almeida era líder do governo de Melo na Assembleia Legislativa (ALE/AM), conforme apontam informações no site do Parlamento. Na ALE/AM, não há notícias registradas de que David questionava a gestão da Susam apesar das consecutivas greves de servidores por falta de pagamento no sistema.

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Segundo a PF, a operação iniciou a partir da investigação dos repasses federais do governo do Amazonas, por meio do Fundo Estadual de Saúde (FES), ao Instituto Novos Caminhos (INC), terceirizada da Susam para manter serviços médicos em hospitais da capital e região metropolitana. A instituição recebia, mas não repassava aos funcionários, que faziam constantes paralisações.

A gerente

O INC era administrado pelo médico e empresário Mouhamad Moustafa. Ele contava com a atuação de uma gerente para os negócios escusos de suas empreitadas e de outros funcionários de suas empresas que exerciam importantes funções administrativas no esquema, segundo o site do Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com o MPF, a gerente de Mouhamad Moustafa era a empresária Priscila Marcolino Coutinho que foi condenada na ‘Maus Caminhos’ a oito anos e quatro meses em regime fechado de prisão domiciliar. Antes de receber a condenação no ano passado, Marcolino passou por um processo de interrogatórios nos quais poderia levar testemunhas para lhe defender no caso.

Em 2017, Priscila  Marcolino decidiu chamar para lhe defender o então deputado, na época, David Almeida, que era filiado ao Partido Social Democrático, o PSD, do senador Omar Aziz, que teve irmãos presos na operação Maus Caminhos.

Sem explicações

David Almeida não compareceu à audiência com Marcolino e nem explicou publicamente de forma concreta, na ocasião, porque foi chamado pela gerente de Moustafa para depor. Ele foi substituído pela própria gerente de Moustafa pelo deputado estadual Belarmino Lins (Progressista), conforme descrição do sistema da Justiça Federal abaixo:

Não há informações na PF e no MPF se foi aberto uma investigação específica contra David para apurar a ligação dele com Marcolino.  A REVISTA CENARIUM tentou por duas vezes, na semana passada, ouvir o candidato a prefeito de Manaus pelo Avante sobre a operação Maus Caminhos, mas a assessoria dele não retornou as mensagens de e-mail e WhatsApp.

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