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Terrorismo verde e amarelo: especialistas analisam atos contra os Três Poderes
Participantes da invasão ao Congresso, STF e Palácio do Planalto (Sergio Lima/AFP)
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11 de janeiro de 2023
Daniel Amorim – Revista Cenarium
MANAUS – Desde o fim da ditadura civil-militar no Brasil, em meados da década de 1980, a sociedade brasileira não presenciava ataques tão graves à democracia, no País, como os executados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro contra os Três Poderes, no último domingo, 8, em Brasília.
A invasão do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, associada à destruição de obras de arte e do patrimônio público, reacendeu o alerta contra o fantasma do autoritarismo e colocou o verbete “terrorismo” de volta aos debates.
O sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Luiz Antônio Nascimento, ressalta que é preciso diferenciar a destruição do patrimônio público da defesa da violência contra os valores democráticos.
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“Não é uma questão de destruir prédios. São estruturas impessoais. Foram atentados contra a sociedade brasileira e as bases de sustentação da sociedade e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”, explica.
Nascimento acrescenta que as imagens de carros e prédios explodindo, celebrizadas em produções hollywoodianas, apresentam uma noção limitada do que pode ser definido como terrorismo. “Houve um atentado doméstico (no domingo). Entretanto, no final do ano, ocorreu uma tentativa de explodir bombas e carros de combustíveis no aeroporto de Brasília”.
Guerra de narrativas
O procurador do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, lembra que, “apesar da guerra de narrativas para tentar suavizar a responsabilidade dos terroristas”, as punições contra o crime de terrorismo estão tipificadas em lei aprovada em 2016 e nos artigos 359 e 29 do Código Penal, por exemplo.
“Aconteceram situações gravíssimas que podem resultar em até 15 anos de prisão”, exemplifica Livianu em alusão às agressões a jornalistas e destruição de obras artistas brasileiras referenciadas no mundo inteiro, como Di Cavalcanti. “Manifestações, por outro lado, são eventos pacíficos. É preciso ter em vista que o objetivo do terrorista é desestabilizar”.
Por isso, Livianu avalia como acertada a mobilização das secretarias de segurança do País para reprimir atos antidemocráticos, medida implementada após reunião de governadores com o presidente Lula (PT) na segunda-feira, 9.
Ele afirma que essa vigilância deve ser replicada no âmbito federal, entre o Ministério da Defesa, da Justiça e respectivas secretarias nacionais. “Além disso, líderes do Senado e da Câmara dos Deputados precisam cobrar posicionamentos contrários ao terrorismo por parte dos parlamentares. Caso contrário, deverão ser chamados para o Conselho de Ética e punidos por falta de lealdade à Constituição”, complementa Liviano.
Motivações
No contexto clínico, quais as motivações que levam pessoas a cometer atos violentos em defesa de uma ideologia? O psicólogo Daniel Augusto Pinheiro, doutorando em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), diz que pode se identificar três perfis entre os participantes dos atos na capital federal.
“Há pessoas que foram motivadas com a intenção de destruir e furtar. Há pessoas que não tinham essa motivação e acabaram se deixando levar por isso. Outras foram participar da manifestação e deram aval, mas não chagaram a cometer um crime. No entanto, ato criminoso é ato criminoso”.
Outra questão relevante diz respeito às influências dos atos terroristas. “Eles partem de interesses individuais, políticos, financeiros, de uma ideologia pessoal? É necessário identificar a origem. O radicalismo nunca proporciona uma discussão saudável para o entendimento das partes”, destaca o especialista.
Pinheiro pontua, ainda, que experiências a nível familiar, profissional e social também podem contribuir para formar uma postura radicalizada, o que não justifica ações irresponsáveis e criminosas. “Essas pessoas têm lidado com atitudes abusivas no âmbito pessoal, profissional e social. Quando elas se deparam com o diferente, não conseguem ter um senso de entendimento em relação a isso. Portanto, de alguma forma, elas querem impor suas visões como uma forma de resgatar seu entendimento”.
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