Trabalhos de Arte e ativismo pela Amazônia concorrem a prêmio nacional

As criativas projeções em copas de árvores, nos beiradões do Rio Negro, representam o Amazonas na edição 2023 do Prêmio Megafone de Ativismo (Reprodução/Divulgação)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Três ações de caráter artístico e político do Norte do País concorrem à final do Prêmio Megafone de Ativismo Brasileiro. São eles: “A projeção de obras de oito artistas amazonenses em copas de árvores à beira do Rio Negro no Amazonas“, o “Ato em Defesa do Rio Arapiuns“, no Pará, e o “Guia Amazônia Legal e o Futuro do Brasil“, de uma rede colaborativa de ONGs, jornalistas e ativistas da Amazônia. A premiação acontecerá no dia 10 de abril pelas redes sociais, por meio de vídeos mediados pela atriz e humorista Nathalia Cruz.

O Megafone é dividido em treze categorias, são elas: Megafone do Ano, Ação Direta, Arte de Rua, Cartaz, Cidadão Indignado, Documentário, Foto, Jovem ativista, Marcha ou Manifestação de Rua, Música ou Clipe, Meme, Perfil de Rede Social e Reportagem. Entre os concorrentes ao “Megafone do Ano” estão nomes conhecidos do público, como a ativista, Txai Suruí; o fundador do movimento Entregadores Antifascistas, Paulo Galo; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; Rita Von Hunty, persona criada por Guilherme Terreri; e o jogador Richarlison.

O uso de rabetas (canoas motorizadas), que são muito comuns nos rios da Amazônia, serviu para compor o ato em defesa do Rio Arapiuns, na região do Tapajós, no Pará (Reprodução/Divulgação)

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Os eleitos receberão um troféu, que é também uma obra de arte feita pelo “artivista” Mundano. De acordo com Digo Amazonas, do Megafone Ativismo, o prêmio está se consolidando. “A segunda edição do Prêmio Megafone ampliou a diversidade de temas e impressiona pela qualidade e criatividade das ações. Também é marcante a maior presença de mulheres e jovens entre os inscritos e os finalistas”, detalhou. A organização responsável pelo prêmio faz parte de uma coalizão formada por Greenpeace Brasil, Pimp My Carroça, WWF Brasil, Engajamundo, Instituto Socioambiental e Sumaúma.

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Adiar o fim do mundo

A ativista Raiara Barros, de Xapuri (distante 106 quilômetros de Rio Branco), que concorre na categoria “Jovem Ativista”, em entrevista à REVISTA CENARIUM, declarou: “Sempre me pego a pensar: poderia ter mais participação de jovens em espaços como esses, espaços que nos dão visibilidade, que mostram um pouco da nossa história, do nosso território e de tudo aquilo que fazemos para sobreviver aqui. Mostrar ao público que a participação da juventude é essencial para a manutenção das florestas amazônicas e que nós podemos adiar o fim do mundo”, afirmou.

O Megafone tem um papel ambiental, ativista e é, politicamente, engajado em prol de uma sociedade brasileira mais humana, social e, economicamente, justa (Reprodução/Divulgação)

A ativista acreana apontou necessidades para que os protagonismos amazônicos estejam presentes na vida política, cultural, econômica e social do Brasil. “A juventude tem que estar protagonizando nos espaços de fala. Como sempre digo, não há pessoas melhores do que nós mesmos para contar nossas histórias. Está sendo uma grande satisfação, uma grande alegria participar junto com tantas outras pessoas indicadas que, com certeza, são peças fundamentais para se estar nestes espaços”, destacou.

Legado honroso

Na linha de frente da luta ambiental, Raiara destacou sua herança: “Sou voluntária do comitê Chico Mendes e sempre tenho essa obrigação de levar, junto comigo, aos lugares que passo, o legado tão honroso, que é o de Chico Mendes. Eu não seria o que sou hoje, sem ter tido as contribuições dele. A partir do momento em que li a carta ‘Jovens do futuro’, deixada por Chico, me senti totalmente chamada para estar na luta. Infelizmente, não tive a oportunidade de escutar histórias do próprio Chico”, comentou.

A jovem Raiara Barros, de Xapuri, no Acre, é herdeira do legado de Chico Mendes e concorre na categoria “Jovem Ativista” (Reprodução/Arquivo Pessoal)

A ativista fala com orgulho do pai que é remanescente vivo da luta dos seringueiros. “Tenho o meu pai, o Raimundão, que é primo legítimo dele, e que esteve lado a lado nos ’empates’ e nas lutas que enfrentava no passado. Nessas escutas, aprendi que dá para vivermos de forma sustentável, sem precisar agredir a natureza. Que cada ser vivo que existe nessa terra, tem sua contribuição. Que se estivermos todos juntos, lutando por uma mesma causa, sairemos vitoriosos dela. Não há riqueza maior do que viver em uma floresta, que te traz mantimentos, que traz vida”, finalizou Raiara Barros.

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