Troca do comando da PF no AM transmite ‘mensagem de impunidade’, diz documento

(Reprodução/Internet)

Matheus Pereira – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em nota de solidariedade direcionada ao ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, a coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (PPGCASA/Ufam) apontou que ações como a mudança na liderança da PF transmitem uma mensagem de impunidade à sociedade.

Na última quinta-feira, 15, a direção da PF resolveu substituir o superintendente do órgão no Amazonas após o delegado ter enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bin. Sob o comando de Saraiva, a Polícia Federal realizou a maior apreensão de madeira nativa da história do País. Na ocasião foram apreendidos 131,1 mil metros cúbicos de toras, quantidade que daria para construir cerca de 2.620 casas populares.

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Na nota, o PPG-Casa afirma que a saída do delegado tem a ver com os interesses do governo federal em relação ao meio ambiente e mais precisamente à operação realizada. “A saída nesse momento em que as políticas ambientais e suas instituições estão sendo alvo de inúmeras pressões de gestores e políticos do mais alto escalão da república, em desacordo com os interesses públicos, foi em retaliação à operação policial, que resultou na maior apreensão de madeira ilegal na Amazônia”, diz trecho da nota.

O delegado é ex-aluno do programa de pós-graduação da Ufam onde defendeu sua tese de doutorado. Na tese ele aponta que a preservação da Amazônia depende da modernização do combate às ações de organizacionais criminosas que, segundo ele, há uma atuação fraca do Estado no combate a esses crimes ambientais.

Para o sociólogo e professor da Ufam, Marcelo Seráfico, desde o início, o governo Bolsonaro se reitera e aprofunda uma postura em relação à educação, à ciência, à cultura e ao meio ambiento, cujo objetivo é de paralisar ou liquidar com as principais políticas de Estado. “Se trata meramente de uma politização, mas sim de uma política de destruição das instituições e de direitos, dentre os quais o de se ter um ambiente saudável”, afirma o especialista.

Delegado seguirá à frente das investigações

Em conversas entre madeireiros e investigados pela Polícia Federal, Alexandre Saraiva foi citado como “alvo a ser abatido”. Em outro diálogo, o investigado Roberto Paulino e o madeireiro Humberto Jacob de Barros Oliveira comentam sobre a necessidade de retirar Saraiva do cargo de superintendente da PF no Amazonas.

O delegado afirma que não é o único policial ou fiscal que sofre esse tipo de ataque e destaca que seguirá à frente das investigações, mesmo não estando mais no comando da organização policial no Amazonas. “Eu não fiz concurso para superintendente, eu fiz concurso para delegado de Polícia Federal e esse inquérito foi instaurado por mim, então eu continuo à frente das investigações, como superintendente ou não”, disse Saraiva.

Veja nota na íntegra

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