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Única deputada federal indígena no Congresso, Joênia Wapichana não consegue se reeleger: ‘Nossa luta continua’
Joênia Wapichana (Divulgação)
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03 de outubro de 2022
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium
BOA VISTA – Com 11.221 votos, a deputada federal Joênia Wapichana (Rede), única indígena no Congresso Nacional, não conseguiu a reeleição por conta da federação (Rede-Psol) não ter atingido o quociente eleitoral para conseguir retornar à Câmara Federal. Na noite desse domingo, 2, a deputada fez uma live em uma rede social e agradeceu os votos que recebeu, e lamentou não ter conseguido vencer a eleição. A parlamentar comemorou a eleição de outras lideranças indígenas para a próxima legislação.
“Não foi dessa vez, Deus tem planos para nós. Então, eu sempre tenho isso comigo, a gente viu que o Estado de Roraima mostrou, agora, que é 70% um Estado que votou em Bolsonaro. A gente fez história, em 2018, e queria repetir essa história, mas é difícil, a gente viu como é impressionante um Estado que mais fez operação de compra de voto, registrado aí pela polícia”, afirmou Joênia.
Ela continuou a live afirmando que: “Infelizmente, é aquela luta todo dia que a gente tenta fazer e a gente conseguiu mostrar que é possível fazer uma política limpa, sem compra de voto, com trabalho realizado, mesmo assim não deu, mas eu quero agradecer a todos que me emprestaram esse apoio, que sonharam, que se manifestaram, que votaram em mim, que acreditaram que a gente fazia uma política do bem viver e que defendia um projeto político. Eu sei que lá, na Câmara Federal, os povos indígenas não irão ficar sem voz”, finalizou comemorando a eleição de outras parlamentares indígenas de outros Estados.
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Furou a ‘bolha’
Ao longo desses quatro anos na Câmara Federal, Joênia Wapichana disse que “furou a bolha” para que outros indígenas se candidatassem para as eleições gerais, em 2022. “Eu comecei essa luta, furei a bolha que não deixava a gente entrar, agora é preciso a gente manter esse espaço de representação política ali, no parlamento. Eu espero que a Vanda venha com essa representatividade e se consolide. Então nós temos lideranças indígenas se dispondo, colocando o seu nome para concorrer e tentar novamente a vagas em seus Estados, isso há muito tempo deveria ter se metido e estamos na luta agora para ter esses nossos espaços políticos”, finalizou
Breve Histórico
Joênia Wapichana derrubou um tabu histórico: nunca uma mulher indígena havia sido eleita deputada federal no Brasil. Com 8.491 votos, Wapichana venceu as eleições de 2018 em Roraima, pela Rede, e ocupa uma das oito cadeiras reservadas ao Estado na Câmara dos Deputados.
Em toda a história, apenas outro nome indígena havia ocupado o cargo – Mário Juruna, do PDT, em 1982. Juruna criou a Comissão Permanente do Índio no Congresso, que anos depois seria incorporada à recém-criada Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Após o término do mandato, nunca foi reeleito.
Joênia Wapichana é da comunidade indígena Truaru da Cabeceira, região do Murupu, município de Boa Vista. Pertence ao povo indígena Wapichana, o segundo maior povo de Roraima. Formada em Direito, em 1997, pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), passou a atuar em defesa das comunidades indígenas por meio da assessoria jurídica do Conselho Indígena de Roraima (CIR). A sua formação lhe concedeu o reconhecimento de primeira advogada indígena no Brasil a atuar pelos direitos dos povos indígenas.
Deputadas indígenas eleitas
Foram eleitas duas indígenas nas eleições de 2022 para a Câmara dos Deputados. Sônia Guajajara foi eleita pelo Psol de São Paulo e recebeu 156.966 votos. Guajajara é formada em Letras e Enfermagem e é coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e integrante do Conselho da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais do Brasil. Foi candidata à vice-presidente da República na chapa de Guilherme Boulos, em 2018.
Já a professora ativista indígena Célia Xakriabá foi eleita pelo Psol de Minas Gerais com 101.154 dos votos. Sua pauta é a defesa dos territórios indígenas e de ações que atenuem as mudanças climáticas. Foi da primeira turma de Educação Indígena da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2013.
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