Vazante desacelera e Rio Negro registra descida de 3 centímetros em Manaus

Porto de Manaus totalmente acima do nível da água (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)
Beatriz Araújo – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Dez dias após bater o recorde histórico da maior seca em Manaus, a vazante diária do Rio Negro que, em média, descia 10 centímetro por dia, na quinta-feira, 26, o Rio Negro registrou descida de três centímetros, de acordo com os dados do Porto de Manaus.

O Negro teve uma subida significativa desde o dia 20 de outubro, registrando 10 centímetros por dia até a última terça-feira, 24. O nível voltou a reduzir seis centímetros no dia seguinte.

No dia 16 de outubro, o Rio Negro alcançou a marca de 13,59 metros e a seca de 2023 se tornou a maior da história da capital do Amazonas, reduzindo uma média de 13 centímetros por dia, conforme o Porto de Manaus. A descida severa trouxe grandes prejuízos às comunidades ribeirinhas da capital e também do interior do Estado do Amazonas, e a situação deve demorar para voltar à normalidade, tendo em vista que as águas estão subindo de forma lenta.

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Processo de estiagem na Amazônia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

Segundo a pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Jussara Cury, a estabilidade das águas ocorreu nos últimos dias devido às chuvas isoladas nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos. Ela afirma que a intensidade de descida aponta para uma estabilidade na recessão das águas, que deve durar até o fim do mês de outubro.

“Estamos em processo de descida em várias áreas monitoradas, incluindo em Manaus, porém, tivemos uma diminuição nesse processo e a bacia aponta uma estabilidade para os próximos dias. Analisando os rios que alimentam o Rio Negro, já alcançamos uma estabilidade nos níveis de descida e a subida das águas ocorreu devido às chuvas em áreas isoladas do Amazonas. Nesta semana, temos prognóstico climático indicando chuva na parte Norte, na região de São Gabriel e, na próxima semana, chuvas isoladas na região dos Andes, que abastece o Solimões. Então, ainda são chuvas concentradas em determinadas regiões. Para que a gente tenha o início do processo da cheia, precisamos de chuvas distribuídas também ao longo da bacia”, analisou Cury.

Para o meteorologista Glauber Cirino, é possível que o Amazonas enfrente um período menos chuvoso que o esperado para o período, o que justificaria a subida lenta do Rio Negro, estendendo a seca no Amazonas.

“O El Niño é um fenômeno de variações naturais que alteram a dinâmica do ar atmosférico, produzindo subsidência na região amazônica e causando supressão na formação de nuvens, inibindo assim as chuvas. Esse fenômeno pode perdurar por alguns meses, tendo uma estação com menos chuvas por mais tempo, porém, isso será confirmado mais próximo do fim do período menos chuvoso na região com a análise dos modelos numéricos”, estimou.

Leia mais: Seca no Rio Negro: pesquisador mostra como aquecimento global impacta a região
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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