Vídeo: influencer morre em ‘pegadinha’ e mostra lado cruel da busca por likes

A influencer Areline Martínez é mais uma a entrar para a triste estatística dos que perdem a vida por conta das redes sociais (Reprodução/Internet)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – A influencer digital Areline Martínez, de 21 anos, pagou com a vida ao “brincar” com arma de fogo, durante um sequestro forjado que estava gravando para o TikTok, uma das redes sociais voltadas para virais. O acidente aconteceu semana passada em Chihuahua, no México.

Ao perceber o disparo, os amigos que participavam da encenação abandonaram a Tiktoker, que foi encontrada apenas no dia seguinte com pés e mãos amarrados. Parte do vídeo chegou à internet e o incidente causou espanto pela forma como abandonaram Areline.

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Essa não é a primeira vez que a busca desesperada por “likes” termina em tragédia. Em 2017, o casal norte-americano, Monalisa Perez e Pedro Ruiz, decidiram que iriam “bombar” o canal no YouTube. Os dois tiveram a ideia “genial” de brincar com um revólver de verdade.

A encenação terminou com Pedro tombando após o tiro fatal que levou no peito, disparado acidentalmente pela namorada. A REVISTA CENARIUM conversou com uma influencer e um psicólogo de Manaus, para saber mais sobre o universo, muitas vezes perverso das redes sociais.

Ansiedade e crises de pânico

A digital influencer Isabelle Nogueira, que possui 161 mil seguidores no instagram, outros 50 mil no Facebook e mais de 10 mil no TikTok, diz que muita gente se torna refém da audiência nas redes sociais. “Existe gente que sofre com crises de pânico e ansiedade por conta da audiência”, informa.

A digital influencer Isabelle Nogueira diz que o ‘vale-tudo’ pela audiência não faz parte de seu trabalho com as redes sociais (Reprodução/Divulgação)

Segundo Isabelle, acidentes como o da influencer mexicana ocorrem principalmente na rede YouTube. “Esse tipo de encenação, até pelo tempo de vídeo, acontece no YouTube e muitas vezes representa um desespero para alavancar ou provocar engajamento”, explicou Isabelle.

“A questão é que para conseguir mais seguidores, as pessoas criam personagens, histórias e status que na verdade não possuem, isso as torna dependentes das redes e qualquer queda de popularidade representa um verdadeiro terremoto, dada a dependência de audiência”, criticou.

Redes saudáveis

Isabelle conta que trabalha mentalmente para não ser engolida por armadilhas digitais. “Trabalho muito as minhas redes mostrando meu lado fitness de saúde corporal e de saúde mental e procuro sempre, sempre, não me assustar com a queda de audiência que é uma coisa completamente normal”, ponderou.

Para a psicóloga Neyla Siqueira, a pressão por resultados é uma realidade que toma conta das redes. “As redes sociais já levantam a temática sobre a busca desenfreada por curtidas há algum tempo, e aquecem a discussão entre o poder de diferenciar o que é real do virtual”, afirmou.

“Mas penso que superexposição ou ainda a criação de situações fantasiosas apontam para um problema bem mais profundo. É possível indicar desde questões mais simples como baixa autoestima até mesmo transtornos mais sérios que indiquem dificuldade de dissociar fantasia de realidade”, observou.

Cena da perseguição filmada por celulares no capítulo ‘Urso Branco’ de Black Mirror. Um mundo distópico onde a violência e a justiça são parceiras das redes sociais (Reprodução/Internet)

Distorção da realidade

De acordo com a profissional, outros distúrbios podem ser avaliados. “É possível ainda traçar um perfil inicial de pessoas que agem desta forma, que se comportam de uma determinada maneira como forma de agradar a audiência, escolhem um nicho para chamar de seu e fazem dele a sua realidade”, apontou.

O mundo muitas vezes obsessivo das redes sociais e a total dependência dos smartphones por parte de milhares de pessoas virou alvo de produções cinematográficas como a série ‘Black Mirror’ da Netlix. A película seriada mostra a cada capítulo situações surreais ligadas à relação ‘celular+redes+indivíduos.

“Em troca, a quantidade de curtidas, de seguidores e dos comentários, pessoas acabam fomentando um ciclo que pede cada vez mais conteúdo “de qualidade”e assim o limite (que já quase não existe) é completamente desrespeitado e infelizmente acaba em tragédias como essa”, finalizou Neyla.

Assista à parte do vídeo que antecede o acidente

(Reprodução/Twitter)

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