‘Viemos de um processo de fortalecimento dos infratores’, diz superintendente do Ibama no Amazonas

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Viemos de um processo de fortalecimento dos infratores”, declarou o novo superintendente do Instituto Brasileiro do meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) no Amazonas, Joel Araújo, durante entrevista aos jornalistas Paula Litaiff e Thiago Gonçalves no programa Boa Noite Amazônia, da rádio e TV Onda Digital, nesta terça-feira, 23. Além de criticar o desmonte do Ibama, Joel abordou o distanciamento entre instituições vitais para a região, como a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e o Ibama. O gestor também comentou sobre o episódio da capivara Filó e a desestruturação do órgão no Amazonas.

Araújo falou por quase 40 minutos e, durante a entrevista, o escolhido pela ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, para dirigir o Ibama no maior e mais preservado Estado da Amazônia Legal, abordou temas que estão na agenda política do Amazonas, do Brasil e do planeta. “A pauta do meio ambiente é muito cara ao Amazonas, ao Brasil e ao mundo, até porque da nossa floresta depende o mundo todo”, observou o gestor.

Questionado pelos âncoras do programa sobre quais as primeiras ações que pretende implementar à frente do Ibama, no Amazonas, Joel adiantou: “Temos o aval para tocar a reforma do prédio do Ibama, em Manaus, e para trabalhar a reabertura das agências do interior que foram fechadas no governo anterior. Agências essas importantes e estratégicas como as de Boca do Acre, Parintins, entre outras. Outra pauta é a política do manejo do pirarucu como alternativa econômica rápida para inúmeras comunidades”, elencou.

Prata da casa

Além de projetar ações imediatas, Joel Araújo fez um balanço positivo do início do novo governo. “Sofremos muito como servidores do Ibama, mas, o novo governo nomeou um servidor da casa e vamos batalhar para que mais servidores do instituto sejam nomeados”, declarou. Diante das relações institucionais, o superintendente fez observações pertinentes. “Acho que em se tratando de Amazonas e Amazônia acredito que o superintendente do Ibama pode dar opinião sobre a Zona Franca de Manaus”, destacou.

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Para o gestor, isso é necessário porque são órgãos que atuam em uma mesma direção: que é a preservação da floresta amazônica. “A ZFM tem um papel que está sendo negado aos ribeirinhos, às populações tradicionais, aos povos da região onde ela atua”, defendeu. Indagado sobre como combater os crimes na região ele falou: “Precisamos de mais servidores e de estrutura, mas, quero de antemão agradecer ao Batalhão Ambiental do Estado, Funai, Ipaam e secretários de Meio Ambiente de todas as cidades do interior. Isso nos ajuda muito”, agradeceu.

Narrativas contrárias

Em um dos momentos da entrevista, a jornalista Paula Litaiff tocou no tema ‘Ibama versus opinião pública. O órgão sofreu críticas durante o caso da “capivara Filó”, que ganhou repercussão nacional. No que Joel Araújo respondeu: “Hoje, acontece muita coisa na internet e muitas das infrações ambientais migraram para a rede, e se você vai postar algo sobre fauna silvestre é importante saber se você não está cometendo um crime ambiental antes”, aconselhou.

Quanto ao fato de a capivara ter no “criador” Agenor Tupinambá seu maior expositor na internet, ele comentou: “Quando você influencia outras pessoas você tem que ter cuidado”, alertou. Quanto às críticas ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), local onde Filó ficou recolhida e que foi criticado pela aparente falta de estrutura, Joel Araújo explicou: “O Cetas veio de um processo de depredação e, agora, estamos na fase de licitação e, claro que vamos lutar para melhorar”, finalizou.

Origem e atuação

Joel Araújo, natural de Parintins, é formado em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), especialista em Gestão Ambiental pela faculdade da Serra e é mestrando em Gestão em Áreas Protegidas pelo Inpa. Em 2007, se tornou servidor do Ibama, onde atua há 15 anos. Foi chefe de fiscalização no interior do Estado e na capital. É coordenador de operações no setor de combate a crimes e processos ambientais, atua na pauta da gestão ambiental e gestão de recursos naturais da Amazônia no combate ao desmatamento.

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