22° Festival de Ópera do Theatro da Paz movimenta arte e cidadania no Pará

Vista interna do majestoso Theatro da Paz, localizado em Belém, no Pará (Marivaldo Pascoal/Divulgação)
Michel Jorge – Da Revista Cenarium

BELÉM (PA) – Carregando o legado de ter sido o primeiro Teatro de Ópera da Amazônia, o Theatro da Paz apresenta em toda sua majestade o início da 22ª edição do Festival de Ópera. A programação abre, oficialmente, a partir das 20h desta terça-feira, 9. Neste ano, a abertura do festival fica por conta da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) e o coro infantil da Fundação Amazônica de Música (FAM).

Para Daniel Araújo, diretor do Theatro da Paz, como um dos primeiros teatros líricos do Brasil, o Theatro da Paz se empenha em preservar tradições. Dessa forma, o festival se mantém vivo, ao longo dos anos, incentivado pelas políticas públicas locais e pela memória do lugar, tão requisitado e visitado por turistas e entusiastas da arte.

Fachada do Theatro da Paz, localizado na centenária Praça da República, em Belém do Pará (Thiago Araújo/Agência Pará)

“A programação foi pensada de maneira a contemplar as parcerias que temos com o Estado do Amazonas, com o ‘Corredor Lírico do Norte’, firmado ainda em 2021. Uma cooperação entre os dois Estados, por meio dos dois teatros de ópera e, respectivamente, dos dois festivais. Esse corredor lírico já aconteceu, como o Festival de Ópera do Amazonas, que abriu a temporada com a Ópera Il Tabarrouma, uma das nossas óperas encenadas em 2021, em Belém”, disse Daniel.

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Emoções

Para Maria Cristine Alburquerque, advogada, 42 anos, que já acompanha o festival há bastante tempo, cada ópera é uma emoção sem igual. “Estou na fila desde cedo para conseguir ingresso. A gente espera o ano todo para este dia. São mais de dezoito anos acompanhando. A primeira vez que participei, estava acompanhada da minha mãe, que era apaixonada por ópera, e, agora, estou trazendo meu filho, de dois anos”, disse Cristine.

Para Carol Maia, atriz e cantora, o festival de ópera ultrapassa décadas e mantém a cena lírica viva em nosso Estado. “O Theatro da Paz é tão renomado, quanto importante, para qualquer artista do Pará. Uma das coisas mais importantes para mim é saber que esse projeto cultural é oferecido de forma acessível para a população, além de gerar renda para os artistas e técnicos, valorizando ainda mais a cena local”, disse Maia.

Formação cultural

Segundo Daniel Araújo, além do compromisso com a herança cultural, o incentivo e a permanência do lírico, no Pará, o festival também cumpre funções sociais e defende três frentes de ação para esta edição, oferecendo concertos, recitais e formação para cantores líricos locais, atingindo, com isso, as frentes artística e pedagógica.

“A partir de 2019, o Theatro da Paz começou a traçar um projeto para se tornar um ‘Teatro Escola’. Assim, o primeiro curso de formação em ópera foi formado ainda em 2019 e, durante a pandemia, em 2020, migrou para o ensino à distância. Foram contemplados 80 alunos com bolsas, tanto na área técnica, quanto na área vocal”, disse Araújo.

O diretor do Theatro da Paz, Daniel Araújo, em evento do espaço cultural (David Alves/Agência Pará)

O diretor também explicou que terceiro curso de formação em ópera ampliou o alcance dessas bolsas de estudo para 90 alunos. O acréscimo das dez bolsas foi ofertado ao Amazonas que, junto com o Estado do Pará, possui um festival de ópera do mesmo patamar.

“O curso de formação em ópera foi convertido no que nós chamamos de ‘Academia de Ópera’. Em 2023, essa academia está se consolidando mais e passando para o período de estruturação e aprofundamento dos cursos que nós ofertamos. E as turmas já estão sendo montadas para que os cantores líricos e, posteriormente, técnicos possam ser capacitados dentro do escopo de atividades do Festival de Ópera”, detalhou.

Sons da Liberdade

Com destaque para a frente social, esta edição também investe na educação como estímulo à ressocialização, por meio do projeto “Sons de Liberdade”, uma parceria entre a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).

“Existe também uma outra vertente dentro do Festival de Ópera, que é justamente a ligação das atividades aos projetos sociais. Um deles é o ‘Sons de Liberdade’, que leva oficinas de capacitação para custodiados e custodiadas, para que eles possam produzir cenário, figurino e aprender a fazer a maquiagem cênica que nós chamamos visagismo. E com isso, que possam, posteriormente, serem reinseridos no mercado de trabalho da economia criativa da ópera”, concluiu Daniel.

Custodiadas durante produção do programa social ‘Sons da Liberdade’ (Vanessa Van Rooijen/Seap)

Apresentações

Adaptado da obra homônima de Ariano Suassuna, “O auto da Compadecida” abre as apresentações nos dias 23 e 24. A história, que criou figuras icônicas como João Grilo, também é famosa pela sua adaptação para a televisão, e teve seu texto adaptado por Tim Rescala, ao lado do maestro Rodrigo Toffollo – diretor artístico e regente da Orquestra de Ouro Preto.

“Uma direção é confirmar nossas relações com teatros já parceiros, como o Teatro Amazonas, por meio do ‘Corredor Lírico do Norte’, e com Minas Gerais, por meio do Palácio das Artes e da Orquestra de Ouro Preto. A outra direção é a inclusão de óperas contemporâneas: ‘O Menino Maluquinho’, do Amazonas, e ‘O Auto da Compadecida’, produzida por Minas Gerais”, explicou o diretor sobre as parcerias que essa edição contará.

Festival de Ópera

Os interessados em assistir aos espetáculos que compõem o 22° Festival de Ópera do Theatro da Paz podem adquirir ingresso de forma gratuita. Os tickets podem ser retirados no dia do concerto, por meio do site ticketfacil.com.br, a partir das 9h, ou na bilheteria do teatro, a partir das 18h.

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