Agressão contra conselheira do TCE-AM deve ser investigada pela PF, afirma Flávio Dino

O ministro da Justiça, Flávio Dino, em reunião com a conselheira Yara Lins, e a senadora Soraya Thronicke (Foto: Divulgação)
Yana Lima – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS – O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirma que os casos de violência de gênero devem ser tratados como crimes federais e, portanto, devem ser investigados pela Polícia Federal (PF). A afirmação ocorreu em reunião com a conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, nessa quinta-feira, 19. Também participaram da reunião a senadora Soraya Thronicke (União-MS), o deputado federal Fausto Júnior (União), e o conselheiro do TCE-AM, Josué Cláudio.

A reunião teve como foco as agressões relatadas pela presidente do TCE-AM. Ela denuncia ter sido xingada pelo conselheiro Ari Moutinho Júnior, durante a sessão para eleição da nova mesa diretora da Corte, na qual ela foi eleita presidente, no último dia 3 de outubro.

Da esquerda para a direita: o deputado federal Fausto Júnior, a conselheira Yara Lins, o ministro Flávio Dino, a senadora Soraya Thronicke e o conselheiro Josué Cláudio. (Divulgação)

Durante a reunião, Dino disse que a violência política de gênero virou uma verdadeira epidemia. Ele revelou que, desde janeiro, várias ocorrências semelhantes foram encaminhadas à PF como inquéritos policiais, enfatizando que entre as mensagens ameaçadoras existem até ameaças de “estupro corretivo“.

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“Infelizmente, há uma espécie de epidemia de violência política de gênero no Brasil. Desde janeiro tenho recebido parlamentares, vereadoras, deputadas, senadoras, chefes de Poder Executivo e, agora, a presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, que narra uma situação grave envolvendo um outro conselheiro, e por isso.“, afirma a ministro.

Dino afirma ainda que a PF está atuando em outros casos semelhantes. “Infelizmente, são dezenas de casos que chegaram ao Ministério da Justiça desde janeiro e foram transformados em inquérito policial que já tramitam na Polícia Federal”, afirma.

Denúncia

A conselheira Yara Lins formalizou sua denúncia na Delegacia-Geral do Amazonas, no dia 6 de outubro, relatando ameaças e insultos proferidos por seu adversário nas eleições do tribunal, ocorrida três dias antes. Segundo ela, momentos antes da eleição, recebeu xingamentos misóginos no plenário do TCE.

A conselheira, de 66 anos, é a única mulher que integra o Pleno do tribunal. Ela foi eleita presidente pela segunda vez, para assumir o comando do tribunal no biênio 2024-2025. Durante a reunião, a presidente Yara Lins reafirmou que foi agredida covardemente com palavras de baixo calão e ameaças.

Sessão especial para eleição da Presidência do TCE-AM (Foto: Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Acredito na Justiça do meu Estado e do meu Brasil. É o motivo de eu estar pedindo justiça. Com certeza há uma discriminação pelo fato de ser mulher. E eu acredito que mais por isso eu sofri essa agressão.”, disse a conselheira

A senadora Soraya Thronicke (União) afirmou pelo X (antigo Twitter), no último dia 6 de outubro, que também levou o caso ao conhecimento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Além da denúncia à polícia, a conselheira também acionou a Assembleia Legislativa (Aleam) e o Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam). Já Ari Moutinho nega a agressão e diz que se trata de retaliação por não ter votado em Yara Lins na eleição do TCE-AM.

Edição por Eduardo Figueiredo

Revisão por Gustavo Gilona

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