Em SP, artistas da Amazônia estão na exposição ‘Um Século de Agora’ do Itaú Cultural

A exposição do IC conta com dois amazonenses e é uma reflexão dos 100 anos de arte brasileira no pós-Semana de Arte Moderna de 1922 (Divulgação/Itaú Cultural)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os artistas amazonenses Keyla Sankofa e Denilson Baniwa estão entre os 25 artistas de 11 Estados brasileiros que fazem parte da exposição “Um Século de Agora”, que acontece no espaço expositivo do Itaú Cultural, a partir do dia 17, em São Paulo. A exposição é uma reflexão de cem anos da produção artística brasileira, a partir do marco histórico da semana de arte moderna de 1922.

A curadoria é de Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena de Jesus. “No avançar do ano de 2022, apesar do vírus, das queimadas, da bandeira e dos bandeirantes, reunimo-nos para refletir sobre a herança da Semana de Arte Moderna, de 1922, a partir da produção artística e cultural de artistas que estão em atuação cem anos depois. Esse legado, que ajuda a dar corpo à matéria do presente, arrasta consigo promessas e dívidas, desejos e frustrações em torno desse potente ambiente de criação que chamamos de cultura brasileira”, destacou Júlia Rebouças.

Uma das obras do artista amazonense Denilson Baniwa na exposição que celebra os últimos 100 anos de produção artística no Brasil (Divulgação/Itaú Cultural)

A curadora Luciara Ribeiro faz uma reflexão sobre o contexto da exposição em “tempo e ação”. “Os últimos cem anos, certamente, constituem um dos períodos de maior densidade de transformações humanas e não humanas. É um século de surpresas e assombramentos sobre nossa capacidade de concentrar poder e espalhar desigualdade. As mãos civilizatórias modificaram a Terra, interferiram no curso da vida, alteraram o clima, aceleraram a noção de tempo, mudaram nosso sentido de existir”, refletiu.

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Progresso?

Já Naine Terena faz uma crítica sobre o progresso humano. “Nesse período, o suposto progresso jogou para as margens o que se considerava impróprio, poluído, aquilo que merecia padecer, o que iria morrer. Matamos. Extinção de espécies; alagamentos; ventanias e deslocamentos inesperados de solo; adoecimento da terra, por improdutividade (ou superprodutividade?). Matamos. Ignoramos os efeitos e as reações num século em que o planeta adoeceu, física e simbolicamente, e nós, como sociedade, também”, concluiu.

Keyla Sankofa é outra artista amazônida a fazer parte da exposição ‘Um Século de Agora’ do Itaú Cultural (Divulgação/Itaú Cultural)

O Itaú Cultural encerra o seu calendário de grandes exposições de 2022 com mostra que reflete sobre os últimos cem anos de produção artística brasileira. Ela apresenta artistas em atuação, atualmente, no Brasil e amplia espaços para identidades preteridas no projeto artístico da Semana de 1922, reforçando a percepção do presente. As obras exibidas datam, em sua maioria, de 2022 e questionam noções de tempo, história, tradição e nação, no atual contexto brasileiro.

O Itaú Cultural fez questão de destacar a urgência da produção artística que compõe, em sua maioria, as obras presentes na “Um Século de Agora”. Depois de trazer importantes exposições individuais de artistas visuais, o Itaú Cultural (IC) abre as portas para uma exposição coletiva de artistas e coletivos que não só se manifestam por meio de múltiplas linguagens, mas, sobretudo, apresentam obras e projetos realizados ou concluídos, em sua maioria, em 2022 – ou seja, no agora.

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