Balaio da Oxum exalta orixá do sagrado feminino em Manaus: ‘Axé é força’

Balaio da Oxum reuniu grupos das religiões da matriz africana em Manaus (Adrisa De Góes/Revista Cenarium Amazônia)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Grupos de religiões de matriz africana, dentre elas umbanda, candomblé, tambor de mina e catimbó, se reuniram no Complexo Turístico da Ponta Negra, na Zona Oeste de Manaus, para o Balaio da Oxum nessa sexta-feira, 8. A data celebra o dia da divindade conhecida como Senhora do Ouro, Rainha das Cachoeiras e Orixá do Amor.

Além da exaltação à Oxum, a cerimônia fez apelo à preservação de vidas indígenas, da população negra, da biodiversidade e da floresta amazônica. Os participantes pediram, ainda, pelo fim da intolerância religiosa, que atinge, em maior número, adeptos desse segmento religioso em todo o País, com registro médio de três ocorrências por dia, segundo dados do Disque 100 deste ano.

“A gente sabe que não é fácil ser do axé, ser do santo. A gente sofre um boicote sempre, mas o povo de axé de Manaus é força. Nós temos voz e o nosso povo sempre foi resistente. É uma luta de mais de 500 anos para a gente manter essa tradição, toda a nossa cultura”, afirmou a Mãe Flor de Nave, organizadora do evento, em discurso que antecedeu a festividade.

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Mãe Flor de Nave (Adrisa De Góes/Revista Cenarium Amazônia)

Além do branco, os participantes usaram vestes e objetos na cor amarela, que representa a orixá. Os tradicionais pontos (cânticos) e batuques deram tom à festividade religiosa e cultural, que seguiu em marcha e, depois, continuou na área da praia com as ofertas dos balaios à divindade e a realização do xirê (evocação dos orixás).

Saber e proteção

Saber e proteção são alguns dos significados de Oxum para aqueles que a têm como mãe protetora. É o caso da enfermeira Renata Santos, 32, candomblecista nascida em Lauro de Freitas, na Bahia, e que vive em Manaus há 18 meses.

“Eu vejo a Oxum como uma mãe protetora, que me guia e me dá aconchega quando não estou em sintonia com o meu sagrado. Ela cuidou de mim durante minha gravidez e, hoje, me ajuda a cuidar de outras mulheres nesse momento tão especial na vida de uma mulher”, afirmou a profissional da saúde.

Culto à Oxum contou com marcha e oferendas (Adrisa De Góes/Revista Cenarium Amazônia)

Ainda de acordo com a baiana, foi a primeira vez em que ela presenciou uma celebração à orixá em Manaus.

Quem é Oxum

Oxum é uma orixá. A rainha das águas doces, dona dos rios e cachoeiras, figura cultuada no candomblé e na umbanda, religiões de matriz africana. Ela é a segunda esposa de Xangô e representa a sabedoria e o poder feminino, além de carregar o nome de deusa do ouro e do jogo de búzios.

O arquétipo da orixá é de uma mulher graciosa e elegante, que gosta de pôr joias, perfumes e roupas luxuosas. A figura de Oxum carrega um espelho na mão. Algumas pessoas confundem Oxum e Oxumarê, mas segundo a Umbanda e o Candomblé são divindades distintas.

Oxum é uma divindade de religião de matriz africana (Reprodução)

Oxum é representada pelo amarelo e tem como símbolo o abebé (leque com espelho). Orixá de água doce, ela domina amor, riqueza, facundidade, gestação e maternidade. Para saudá-la, os filhos dizem “Òóré Yéyé ó!”,

Culto aos orixás

As religiões de matrizes africanas, como a umbanda e também o candomblé, trazem representações ancestrais antigas. São relações sagradas que se manifestam a partir das forças e elementos da natureza e valores humanos, como a justiça e o amor, por exemplo. Cada divindade possui um sentido, uma simbologia e características próprias.

No Brasil, os orixás estão associados a um santo da Igreja Católica, prática que ficou conhecida como sincretismo religioso. No catolicismo, Oxum está sincretizada como Nossa Senhora da Conceição, santidade padroeira de Manaus e do Amazonas.

De acordo com o site Politize, o termo também é conhecido em um sentido pejorativo, criticado como uma forma de diluir ou enfraquecer as tradições originais, ou de perpetuar relações de poder desiguais entre diferentes grupos culturais ou religiosos.

Veja como foi o Balaio de Oxum em Manaus:
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Editado por Jefferson Ramos

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