Bolsonaro se esconde em embaixada da Hungria para fugir de prisão
Bolsonaro ficou dois dias na embaixada (Reprodução)
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25 de março de 2024
Da Revista Cenarium*
MANAUS – Vídeos do sistema de segurança da embaixada da Hungria, em Brasília, mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permaneceu na missão diplomática por dois dias após uma operação da Polícia Federal (PF) que apreendeu seu passaporte.
De acordo com o jornal New York Times, as imagens captadas mostram Bolsonaro em frente à missão diplomática no dia 12 de fevereiro.
Quatro dias antes, a Polícia Federal havia apreendido o passaporte de Bolsonaro, no âmbito de uma investigação que apura uma trama golpista liderada pelo ex-presidente para mantê-lo no poder apesar da derrota eleitoral para Lula (PT).
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O jornal americano diz que as câmeras mostram que Bolsonaro estava acompanhado de dois seguranças. Ele teria permanecido no prédio de 12 de fevereiro a 14 de fevereiro.
Um funcionário da embaixada da Hungria confirmou o plano de receber Bolsonaro na embaixada, segundo o New York Times.
Caso permanecesse dentro da missão diplomática, Bolsonaro não poderia, em tese, ser alvo de uma ordem de prisão, por exemplo, por tratar-se de prédio protegido pelas convenções diplomáticas.
O ex-presidente é aliado próximo do líder da Hungria, Viktor Orbán, um dos principais expoentes da extrema-direita na Europa.
Ele se encontrou com Orbán em Buenos Aires, em dezembro de 2023, durante a posse do presidente da Argentina, Javier Milei.
Um vídeo publicado nas suas redes sociais à época mostra Bolsonaro apresentando o premiê húngaro à comitiva de cerca de 20 políticos. “Estamos longe, Brasil e Hungria, mas gostamos de futebol e de política”, falou Orbán em tom descontraído ao grupo que os esperava do lado de fora.
No mesmo dia em que chegou à embaixada da Hungria em Brasília, Bolsonaro divulgou vídeo convocando apoiadores para manifestação na Avenida Paulista em seu apoio no dia 25 de fevereiro.
No vídeo da convocação, o ex-presidente pediu aos apoiadores que não levassem faixas e cartazes contra ninguém e falassem em ato de apoio ao que chamou de “estado democrático de direito”. “Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses”, afirmou.
O ato terminou por reunir milhares de simpatizantes em São Paulo e foi uma demonstração de força política do ex-mandatário. Ele pediu anistia aos processados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
A Hungria, um país pós-comunista de 10 milhões de habitantes, se tornou referência para conservadores em todo o mundo. Isso não aconteceu por acaso: foi uma política de Estado pensada meticulosamente por Orbán.
Em paralelo ao investimento do governo húngaro na construção de um soft power veio o desmonte da democracia húngara. O primeiro-ministro governa desde 2010 com uma maioria de dois terços do Parlamento, o que permitiu que ele aprovasse uma nova Constituição.
Institutos que medem a qualidade das democracias no mundo, opositores e jornalistas dizem que Orbán minou a independência do Judiciário, tomou conta do mercado de mídia, sufocou ONGs e universidades, aprovou leis contra minorias, como a comunidade LGBTQIA+ e os imigrantes, e redefiniu distritos eleitorais para favorecer o partido dele.
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