Carta aberta denuncia descaso do Governo de Roraima diante de queimadas e seca severa

O governador de Roraima, Antonio Denarium (Composição de Paulo Dutra/Revista Cenarium)
Bianca Diniz – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Organizações da sociedade civil e pastorais sociais da Igreja Católica de Roraima lançaram uma carta aberta nesta semana, instando o govenador Antônio Denarium (Progressitas) a agir diante da maior seca que atinge o Estado, que potencializou foco de queimadas. O documento, que conta com 33 assinaturas, destaca a urgência da crise ambiental.

A carta destaca a urgência da situação e denuncia a inércia do Governo de Roraima. “Viemos a público expressar profunda preocupação e indignação com o crescente descaso do governo do Estado de Roraima em relação à grave crise ambiental que assola o nosso Estado”, cita o documento.

Plantação de bananeira queimada em Roraima (Reprodução)

Para as organizações signatárias, os impactos das queimadas são agravados pela ausência de políticas públicas eficazes para lidar com a emergência climática. “As queimadas, intensificadas pela falta de políticas públicas quanto à emergência climática, aceleram o estopim do fogo no Estado de Roraima”, destacam.

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Conforme revelado por um levantamento do Greenpeace, o governo de Roraima concedeu 55 licenças ambientais para a realização de queimadas controladas durante o período de seca severa, com a maioria sendo emitida em fevereiro.

Em resposta à imprensa, o governo declarou que as autorizações concedidas não foram utilizadas. Entretanto, os dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) atualizados até esta sexta-feira, 29, registram 4.039 queimadas no Estado, que seguem em contínua ascensão.

A carta também enfatiza os danos causados pela fumaça que envolve tanto a capital quanto o interior de Roraima, prejudicando a vida da população urbana, ribeirinha e as comunidades indígenas.

“Essas comunidades, já marginalizadas, enfrentam agora uma situação ainda mais precária, tendo seu modo de vida, cultura e saúde postos em risco iminente pela falta de água. Sem água não é possível manter as plantações, os animais, o que tornou a escassez de alimentos produzidos pelas famílias uma realidade no nosso Estado”, denunciou um trecho da carta aberta.

Bombeiros apagam focos de incêndio em Roraima (Priscila Pacheco/Reprodução)
Garimpo ilegal

As mais de 30 organizações e pastorais também destacaram a contaminação dos rios por mercúrio, especialmente os afluentes Couto Magalhães, Uraricoera e Mucajai, que deságuam no Rio Branco, principal fonte de água potável de Boa Vista.

O documento relembra que o governador Antônio Denarium sancionou duas leis favoráveis ao garimpo e defendeu a atividade ilegal no estado, mesmo com o agravamento da saúde dos Yanomami no território nos últimos quatro anos. “As consequências dessa contaminação são desastrosas, afetando diretamente a saúde das comunidades que dependem desses rios para sobreviver, além de causar danos irreparáveis ao ecossistema aquático”.

Leia mais: Começa a chover em Roraima depois de 42 dias de seca e queimadas
Editado por Jefferson Ramos
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