Início » Cultura » Cineastas acreditam em novos tempos para o audiovisual na região da Amazônia
Cineastas acreditam em novos tempos para o audiovisual na região da Amazônia
Para produtores e diretores, o audiovisual na Amazônia pode ganhar impulso a partir dos posicionamentos políticos e ambientais voltados para a maior floresta do mundo (Reprodução/AldeiaSP)
Compartilhe:
04 de dezembro de 2022
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – Duramente atacado nos últimos quatros anos de Governo Bolsonaro, o audiovisual brasileiro sobreviveu a Frias e Porciúnculas, homens que Jair Bolsonaro escalou na cultura para confrontar a sétima arte produzida no Brasil. Com a volta de Lula ao Planalto Central, o audiovisual tupiniquim se prepara para novos tempos. A CENARIUM entrevistou cineastas para saber o que se espera do novo governo para diretores, coletivos, roteiristas e produtores da Amazônia.
Para o cineasta Z Leão “foram dias de total desleixo…”. “O enfraquecimento das políticas públicas para o audiovisual foi um clássico desse governo. Logo de cara, já passou por um desprezo angustiante com o fim do Ministério da Cultura, em seguida, um cultuador do nazismo como chefe da pasta da cultura e, logo depois, mais um golpe brutal com a indicação de um ator de segunda categoria para pôr em prática a política da anticultura. E sem deixar de citar a pandemia como uma bela desculpa. O audiovisual, pode-se dizer, passou quatro anos à míngua”, criticou.
O cineasta amazonense espera um novo momento para o audiovisual brasileiro. “Se tem uma coisa que esse governo eleito gosta de promover é a cultura. Com o anúncio da recriação do Ministério da Cultura e, de imediato, a liberação dos recursos das Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc que estavam vetadas pelo atual governo, podemos vislumbrar uma retomada do audiovisual brasileiro. Nesses últimos quatro anos, não ocorreram os editais federais para o audiovisual, e isso deu um bom atraso nos processos de produções audiovisuais dos futuros cineastas”, apostou Z Leão.
PUBLICIDADE
Desmonte
Outro que também corrobora o pensamento de Z Leão é o cineasta Sérgio Andrade. Para o diretor de “A Floresta de Jonathas”, “A Terra Negra dos Kawa” e “Antes o Tempo Não Acabava”, o Brasil se tornou hostil para o audiovisual. “Houve, nitidamente, um desmonte, que começou com a extinção da secretaria do audiovisual e do Ministério da Cultura, houve também um esfacelamento ideológico e uma estigmatização negativa da nossa atividade”, lamentou Sérgio Andrade.
Para o diretor, o novo governo tem a missão de recolocar o audiovisual nos trilhos. “O novo governo deve promover a retomada de incentivos e estímulos que compreendem a indústria do audiovisual como potente agente de mercado e mão de obra”, avaliou. Para Sérgio Andrade, o contexto político-ambiental pode favorecer a produção na Região Amazônica. “Acho que o meio ambiente e os conceitos climáticos devem alavancar, fortemente, os anos vindouros, mas é preciso remontar primeiro o que foi desmontado”, observou.
Mas, nem tudo passa, somente, por recursos ou viabilidades financeiras. A produção audiovisual depende, também, de outras iniciativas. Leis, propostas e projetos devem fazer parte da realidade de quem faz a engrenagem girar. “O custeio e as leis de cultura são fundamentais, porque acabam por indicar uma continuidade, e tornam leis perenes uma atividade tão progressista que, muitas vezes, é descontinuada”, apontou Sérgio Andrade.
Lei
Demonizada e taxada de “mamata”, a Lei Rouanet é uma das plataformas que podem ajudar a reconstruir o setor. Mas, Z Leão não nutre otimismo. “O passar dos anos deixou claro que a Lei Rouanet não vai dar muita importância para o audiovisual, na Amazônia. Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Amazonas podem esquecer os benefícios dessa lei. O Pará ainda consegue alguns projetos financiados por ela. As empresas que poderiam nos ajudar, por meio dessa lei, já deixaram claro que preferem investir nos artistas dos grandes centros de cultura do Brasil”, sentenciou.
Já Sérgio Andrade vê com outros olhos. “A Lei Rouanet é uma lei para beneficiar patrocinadores e empresas e tem dispositivos muito interessantes, no entanto, precisa ser reformulada e se inserir na população. As pessoas fazem muita confusão e se alimentam de desinformação. Sabia que a Lei Rouanet não é voltada para o audiovisual? Somente para uma pequena parcela. Para o audiovisual, temos outras leis e fundos que, igualmente, precisam ser preservados e implementados”, finalizou.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.