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Com alta de 2.000%, pandemia intensifica abandono de animais em Rondônia
Números relativos aos primeiros cinco meses de 2021 já são quase a metade de todos os registros do primeiro ano de pandemia da Covid-19, no Estado. (Reprodução/ Associação Vira Lata, Vira Amor)
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09 de julho de 2021
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – Dados da Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Contra o Meio Ambiente (DERCCMA) apontam que o abandono de animais de estimação cresceu 2,325% em Porto Velho, capital de Rondônia, apenas no primeiro ano de pandemia da Covid-19. O resultado chama a atenção para a tendência de crescimento em 2021, diante dos indicadores dos primeiros cinco meses do ano em todo o Estado.
Segundo a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), Ampara Animal, no Brasil, o aumento foi de 70%, em relação a 2019. A Oscip considera que a pandemia e seus efeitos negativos gerados nos postos de trabalho, economia e saúde da população fez com que os números crescessem em todo o País, daí o reflexo, também, no terceiro maior estado da região Norte.
Epidemia do abandono
Porto Velho registrou apenas 4 denúncias de abandono ou maus-tratos contra animais de estimação no ano de 2019, número que saltou absurdamente em 2020, quando ocorreu a chegada da pandemia da Covid-19: foram 97 denúncias, ou seja, aumento de 2.325%, de acordo com a DERCCMA, que possui Núcleo de Proteção aos Animais.
Já em todo o Estado, em 2019, foram 24 denúncias, contra o salto de 113 registros em 2020. E só nos primeiros cinco meses deste ano, Rondônia apresenta 50 casos de abandono e maus-tratos apurados, sendo que a capital lidera com 40 ocorrências.
“Com a pandemia, os casos de abandono aumentaram muito. Acreditamos que o fato das pessoas estarem enfrentando dificuldades financeiras pode contribuir, além da, já conhecida, cultura do descarte animal”, disse à Revista Cenarium, a tesoureira e representante jurídica da Associação ‘Vira Lata, Vira Amor’, Natália Pina.
Para Natália, a mudança dessa realidade pode acontecer, somente, por meio de políticas públicas. “E essas políticas precisam atuar em duas frentes: primeiro, de forma educativa/preventiva, explicando para a população, por meio de campanhas e palestras, bem como nas escolas, a importância da posse responsável e, também, de forma objetiva, fornecendo e facilitando o acesso da população à castração, reduzindo assim a quantidade de animais nas ruas, além de multar e punir aqueles que cometem o crime de abandono”, destacou.
Trabalho voluntário
A Associação Vira Lata, Vira Amor surgiu em 2018 e atua em Cacoal, no interior do Estado, a 480 quilômetros de Porto Velho, resgatando, cuidando, cedendo abrigo e lares temporários, tratamento veterinário e vários outros serviços de assistência aos bichos de estimação descartados de maneira covarde. “Nós completamos 3 anos de atuação com mais de 600 animais atendidos. Hoje temos uma média de ocupação de 100 animais”, explicou Natália Pina.
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Atualmente, o abrigo da associação, que apenas nesta semana, registrou dois casos de abandono, utiliza por mês 120 quilos de ração para alimentar cães e gatos, além de sachês para os animais debilitados, medicamentos e produtos de limpeza.
“Além dos resgates, também realizamos palestras educativas, participamos do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, buscando soluções para questões que afetam nossa cidade. Estamos nos unindo a outras ONGs para a criação da primeira Federação Estadual de Luta pelos Direitos dos Animais”, ressaltou a voluntária.
Abandono pelo País
Infelizmente, nem todos os animais de rua, em razão do abandono, têm a mesma sorte dos que são atendidos por Natália Pina e demais voluntários da Vira Lata, Vira Amor, pois de acordo com o levantamento feito com cerca de 530 instituições de proteção a animais domésticos pela Organização Ampara Animal, que presta ajuda para organizações que atuam de forma independente, o primeiro ano de pandemia resultou no aumento de 70% no índice de abandono de bichos de estimação em todo o Brasil.
A Ampara Animal considera que os efeitos da pandemia podem ter sido fatores cruciais para a verificação do crescimento da atitude que é crime previsto pela Lei Federal Nº 9.605, de 1998. O levantamento, porém, aponta que de forma curiosa, nos primeiros meses de pandemia, a adoção de animais foi intensificada, mas que o abandono posterior apresentou movimento inverso.
“As denúncias de abandono podem ser feitas diretamente à polícia, ou ao Centro de Controle de Zoonose, que são os órgãos municipais aptos a notificar e punir quem abandona os animais”, finalizou Natália Pina.
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