Com apelos dos candidatos e transporte público gratuito, abstenção cai em 15 Estados no segundo turno

O segundo turno das eleições teve, de modo inédito, taxa de abstenção menor do que a verificada na primeira votação: foram 20,58% os que deixaram de ir votar neste domingo, contra 20,95% que fizeram o mesmo no dia 2 de outubro. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Com informações do Infoglobo

MANAUS – O segundo turno das eleições teve, de modo inédito, taxa de abstenção menor do que a verificada na primeira votação: foram 20,58% os que deixaram de ir votar neste domingo, contra 20,95% que fizeram o mesmo no dia 2 de outubro. A proporção de eleitores faltosos diminuiu em 15 estados e também no exterior. Em 12, houve aumento.

Minas Gerais foi o estado onde mais aumentou a taxa de comparecimento neste segundo turno. Em 2 de outubro, foram 22,32% os mineiros aptos a votar que não apareceram nas seções de votação, taxa que passou para 21,02% neste domingo — uma redução de 2,3 pontos percentual.

Já entre as unidades da federação onde houve aumento, o Amapá foi a que teve maior alta: o percentual passou de 19,58% no primeiro turno para 27,24% agora (variação de 39,12%).

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Além disso, a votação deste domingo mostrou haver pouca relação entre a taxa de abstenção e a realização ou não de uma segunda rodada de votação para os governos estaduais. Isso enfraquece a hipótese de que a abstenção é maior nos estados que decidiram a eleição para governador no primeiro turno, e que, por isso, haveria menor apelo para os eleitores voltarem às urnas neste domingo.

Os números mostram que, em alguns estados com disputas regionais, a abstenção cresceu e, em outros, diminuiu: em cinco estados com eleições de segundo turno para governador, a abstenção cresceu. Em outros sete, diminuiu.

Assim como em 2018, o que parece ser mais relevante para explicar a diferença na abstenção tem sido o aspecto regional: os seis estados em que a abstenção mais cresceu estão na região Norte, onde a logística de transporte é mais complicada e, não raro, eleitores de áreas mais afastadas precisam se locomover pelo transporte fluvial.

Além disso, assim como no primeiro turno, houve uma tendência de Lula ir melhor em cidades em que a abstenção é maior, o que aponta para a possibilidade de que o petista tenha sido levemente prejudicado.

Transporte gratuito

No primeiro turno, cálculos do Pulso apontaram que o ex-presidente poderia ter perdido até 0,7% dos votos totais, estimando como se comportam os eleitores que foram às urnas com base no que fizeram eleitores votantes na mesma seção.

Historicamente, a abstenção é maior na segunda votação do que na primeira. Houve esforços de diferentes frentes para que mais eleitores exercessem o direito e o dever de votar nesta eleição. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na última semana que prefeitos e governadores que concedessem transporte público gratuito neste domingo não poderiam ser penalizados com base na Lei de Responsabilidade Fiscal. O passe livre vigorou em 377 cidades do país, beneficiando 100 milhões de pessoas, segundo levantamento.

O número de faltosos também preocupava as campanhas dos dois presidenciáveis no segundo turno. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez apelos desde o primeiro turno. O Pulso já mostrou que a abstenção é maior entre eleitores de renda mais baixa e com menor escolaridade, perfis que, segundo as pesquisas, têm maior afinidade com o petista. O candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL) passou a encorajar as pessoas a irem votar nas últimas semanas de campanha.

Ao longo deste domingo, aliados de Lula e organizações da sociedade civil alertaram para o risco de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) impossibilitarem o voto em diversas cidades, em especial no Nordeste — onde o agora presidente eleito teve ampla vantagem no primeiro turno. Também houve relatos de falta de ônibus nas periferias de alguns municípios. Em entrevista coletiva concedida no meio da tarde, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, negou que algum eleitor tenha sido impedido de exercer seus direitos por conta das ações da PRF.

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