Conheça os artistas de matrizes africana e indígena que poderiam fazer parte do Festival ‘Sou Manaus’

Da esquerda para a direita: Rita Benneditto, Mariene de Castro, Sandro Luiz, Kaê Guajajara, Katú Mirim e Djuena Tikuna (Reprodução/Internet)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – O “#SouManaus Passo a Paço 2023”, maior festival de artes integradas da Região Norte, vai reunir 11 atrações nacionais e mais de 600 locais, entre 5 e 7 de setembro, no Centro Histórico de Manaus. Conhecido pela pluralidade de manifestações artísticas que compõem o evento, realizado desde 2015, nesta edição, não foram anunciados artistas de matrizes africana e indígena durante o lançamento do festival, no último dia 13.

Nesta quarta-feira, 20, a Prefeitura de Manaus, promotora do evento, respondeu uma usuária da rede social Twitter que questionou a inclusão de atrações para o “povo do Axé” no festival, e disse que está fechando as apresentações de cada segmento. Além disso, o perfil oficial do Executivo municipal afirmou que o intuito é agradar toda a diversidade de público em respeito as mais diferentes culturas e religiões.

Pensando nisso, a REVISTA CENARIUM fez uma relação de atrações com artistas nacionais e consagrados, na música brasileira, que poderiam entrar no line-up – expressão usada em festivais para anunciar a programação – do evento, com base no pedido de leitores.

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Rita Benneditto

Rita Benneditto é uma artista maranhense que canta a luta e o respeito às tradições religiosas afro-brasileiras desde os anos 1990. Em músicas que exaltam os orixás, ela une os sons das guitarras e das batidas eletrônicas para entoar um ritmo singular às canções.

Entre as obras já difundidas dentro e fora do País, Rita teve o CD Pérolas aos Povos, no qual a levou a apresentar-se no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, em 1999, ao lado de Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Zeca Baleiro e Chico César.

Um dos shows mais conhecidos da artista é o “Tecnomacumba”. Com a apresentação, ela percorreu várias cidades brasileiras e recebeu o “Prêmio Rival Petrobras de Música” na categoria Melhor Show. Por esse trabalho, ela também ganhou o prêmio de Melhor Cantora no 21° Prêmio da Música Brasileira.

São músicas de Rita Bennedito: “Canto para Oxalá”; ” 7 Marias”; “É D’Oxum”; “Banho Cheiroso”; “Cavaleiro de Aruanda”; “Xangô, o Vencedor”; “Iansã”; “Rainha do Mar”; “Jurema”; “Tambor de Crioula”; “A Deusa dos Orixás”; “Oração ao Tempo”.

Mariene de Castro

Mariene Bezerra de Castro é cantora baiana, compositora e atriz brasileira que exalta a cultura afro-brasileira em músicas. Ela despontou no cenário musical brasileiro e ficou conhecida no meio musical por ter “uma força da natureza” ao cantar.

A artista se apresentou na festa de encerramento das Olimpíadas de 2016 enquanto a chama olímpica era apagada. Em 2020, também foi indicada ao Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Músicas de Raízes em Língua Portuguesa” pelo álbum ao vivo “Acaso Casa”, no qual teve parceria com o cantor pernambucano Almério.

São músicas de Mariene de Castro: “Ponto de Nanã”; “Citação: Ponto de Oxossi”; “Filha do Mar”; “Roda Ciranda”; “Um Ser de Luz”; “Amuleto da Sorte”; “Saudação A Yemanjá”; “Chico e Chica”; “Ilha de Maré”; “Samba de Terreiro”; “Vi Mamãe Oxum Na Cachoeira”.

Sandro Luiz

Nascido e criado em berço umbandista, Sandro Luiz leva a energia dos terreiros para os palcos. Além de médium, sacerdote e dirigente, Pai Sandro Luiz também se destaca dentro e fora do Brasil pelos pontos – cânticos sagrados da religião afro-brasileira – cantados em músicas.

As músicas entoadas pelo artista são de autoria própria. Ele afirma que as letras e melodias são dadas a ele pela espiritualidade, a fim de fortalecer o terreiro e ajudá-lo a desempenhar seu papel como guia espiritual.

São músicas de Sandro Luiz: “O Rei das Matas”; “Ela é Oyá”; “A Guerreira Vai Reinar”; “Vencedor de Demandas”; “Canta Oxum”; “Quizumba de Salão”; Um Brilho de Magia”; “Guardião da Fé”; “Santo Padroeiro”; “Com Licença de Oxalá”.

Kaê Guajajara

Cantora, compositora, atriz, autora e ativista indígena brasileira, Kaê Guajajara é indígena do povo Guajajara da região do Maranhão. Aos sete anos, ela e a mãe se mudaram para o Rio de Janeiro, onde cresceu no complexo de favelas da Maré. Fundadora do grupo de rap “Crônicos”, Kaê denunciava nas letras as violências vividas na comunidade.

A artista também fundou o Coletivo Azuruhu e é autora do livro “Descomplicando com Kaê Guajajara – O que você precisa saber sobre os povos originários e como ajudar na luta antirracista”. Hip-hop, instrumentos tradicionais, elementos da língua materna Ze’egete (“a fala boa”) fazem parte das obras da multiartista.

São músicas de Kaê Guajajara: “Território Ancestral”; “Liberdade”; “Nadar no Fogo”; “Por Dentro da Terra”; “Ma’e Nerer”; “A Terra Tudo Dá”; “Ka’e Hu”; “Guerreira”; “Debaixo D’água”; “Nadar de Fogo”; “Nadar de Fogo”; “Corpos Celestes”.

Katu Mirim

Katu Mirim é uma rapper, cantora, compositora, atriz e ativista da causa indígena, reconhecida por composições que, por meio do rap/rock, retratam a história da colonização pela visão indígena. As canções falam de vivências, identidade, gênero e orientação sexual, sobretudo, da mulher lésbica.

Com uma extensa carreira e com uma série de feitos de destaque, em 2017, ela viralizou com a hashtag #indionaoefantasia, e levantou o debate sobre os costumes indígenas utilizados fora do contexto aos quais eles pertencem. No mesmo ano, a artista decidiu usar a própria visibilidade em favor da causa indígena para fundar o movimento “VI Visibilidade Indígena”, que luta pelos direitos e representatividade dos povos.

São músicas de Katu Mirim: “Tolerância Zero”; “Força”; “Indígena Futurista”; “Aguyjevete”; “Revolta”; “De Volta para o Passado”; “Luto”; “Jogo Sujo”; “Originais”; “No Alvo”; “Não é o Fim”; “Click Boom”; “Sigo Mudando”.

Djuena Tikuna

Djuena Tikuna é amazonense da aldeia Umariaçu II, uma Terra Indígena Tukuna localizada em Tabatinga. A artista é uma das maiores referências em música indígena no País. Em 2017, ela se tornou a primeira indígena a realizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas, em Manaus, nos 121 anos de existência do local.

Em 2016, Djuena cantou o Hino Nacional Brasileiro em língua Tikuna, na abertura dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Em 2018, ela foi a primeira artista da Amazônia brasileira a ser nomeada para o Indigenous Music Awards, na categoria de Melhor Artista Indígena Internacional.

São músicas de Djuena Tikuna: “Maraka’anandê”; “Ewaretchiga”; “Tchautchiüãne”; “Floresta Cura”; “Eware – Território Sagrado”; “Ngütapa”; “Wotchine”; “Putürarü’ü narü ügü”; “Rü yiegumeegü i yaãtchigü”; “Totchimaükü & Dematükü”.

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