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Cúpula da Amazônia no Pará vai fortalecer países da região em acordos internacionais, apontam ambientalistas
Evento vai reunir 8 países da região amazônica (Deposit Photos e Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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17 de julho de 2023
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – A Cúpula da Amazônia que acontecerá no Pará, de 8 e 9 de agosto deste ano, será uma oportunidade para fortalecer países amazônicos no debate ambiental, segundo apontam especialistas na área. Um dos objetivos do evento é gerar consenso a respeito da floresta entre as nações que integram a região, por meio de um documento que será levado a outros encontros internacionais da agenda ambiental.
A Cúpula reunirá chefes de Estado dos oito países — Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela — que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), sendo considerada uma preparação para a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP30), em 2025, no mesmo Estado.
O evento ainda pretende retomar o diálogo regional entre os Estados e países que tem o bioma Amazônia, assim como reforçar as relações dos órgãos de governo e sociedade civil destas nações. O compromisso a ser assinado pelo desenvolvimento sustentável da região amazônica será entregue aos 193 Estados-membros na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro. Há também a expectativa da atração de investimentos e tecnologias para a região.
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O doutor em Engenharia Ambiental Paulo Pinho destaca que a Cúpula, assim como a COP30, mais futuramente, é a grande oportunidade de Belém, capital do Pará, o próprio Estado e o Brasil se posicionarem na liderança em relação à temática de um novo modelo de desenvolvimento pautado no respeito aos recursos naturais e adquirirem mais força no estabelecimento de acordos e compromissos com outras nações.
“O histórico dos eventos ambientais e multilaterais em relação a várias nações tem um grande desafio que é os delegados encaminharem o acordado para os seus países de origem, para que sejam discutidos de uma maneira interna. Em regra o que acontece são acordos muito genéricos e quando se chega a uma meta mais desafiadora, os países em desenvolvimento, industrializados, eles acabavam boicotando, não assinando, os acordos e metas estabelecidas“, explica.
“Em relação aos países amazônicos, a dificuldade é ainda maior até por conta dessa unidade ser uma unidade muito frágil, então um dos pontos positivos desse tipo de evento é fortalecer os países para que eles possam agir em bloco e dessa forma ter mais vozes perante os fóruns internacionais“, afirma, ainda.
Metas no meio ambiente
Em entrevista à ONU News em maio deste ano, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira citou as metas de mitigação das mudanças climáticas que o Brasil pretende integrar. “Desmatamento ilegal zero até 2028, recuperação de milhões de hectares de terras degradadas e, evidentemente, continuação de uma política de produção agrícola forte e importante como a que temos“, disse ele, reiterando o potencial do País em fortalecer a agricultura e preservar o meio ambientel.
“Nós podemos aumentar, quase que dobrar, a produção agrícola que temos. O Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, mas podemos dobrar a produção sem precisar de um hectare a mais ou derrubar uma árvore que seja. Nós vamos aumentar a produção com a com a recuperação de novas áreas para plantio e de terras degradadas que haviam sido maltratadas, abandonadas e exploradas sem nenhuma referência nem controle”, prometeu.
A Cúpula da Amazônia ainda representa, para estudiosos da área, a retomada da participação do Brasil em debates ambientais internacionais e um posicionamento contra a degradação ambiental que o País tem enfrentado nos últimos anos. O ambientalista e geógrafo Carlos Durigan, coordenador do WCS Brasil (Associação Conservação da Vida Silvestre, em tradução livre), que estará no evento, afirma que a proposta de uma Cúpula entre os países amazônicos em Belém vem em um momento importante e em ritmo de urgência de atenção que a Amazônia e seus povos merecem.
“Vivemos, nos últimos anos, um aumento expressivo da degradação socioambiental associada a uma escalada da criminalidade refletida pela fragilização das políticas públicas regionais. Assim, esta mobilização, além de reforçar novamente o protagonismo do Brasil e países irmãos na Agenda Ambiental Global, deve gerar uma forte mobilização para a reversão do cenário negativo instalado na região“, explica, enfatizando a mobilização que está acontecendo para a realização do evento em Belém.
“É um grande desafio, ainda mais se considerarmos as dificuldades de todos os seguimentos se fazerem presentes em Belém, mas há uma forte mobilização no momento buscando formas de garantir presença e levarmos aos governantes presentes questões relevantes e também propostas para mudarmos o cenário que vivemos pra melhor“, conclui.
Investimentos como legado
A ambientalista coordenadora da Ong Noolhar, organização que atua há 20 anos promovendo ações de Sustentabilidade na Amazônia, Patrícia Gonçalves destaca que esses eventos, para serem realizados na região amazônica, precisam dar protagonismo a quem vive e desenvolve a Amazônia, principalmente quem faz ciência na região e sobre a região. Para ela, ficarão como legado os investimentos a serem realizados.
“Acredito que esses eventos têm um potencial muito grande para gente pensar a Amazônia e ver acontecer desenvolvimentos estruturantes para que ocorram a melhoria de vida dos povos que vivem aqui. Então, quando se tem um evento igual vai ter a COP da Amazônia daqui a dois anos, é importante a gente perceber que questões como infraestrutura vão ter que ser melhoradas, a mobilidade, a questão do turismo, de acesso a saneamento e outras questões que tanto a gente luta pra Amazônia ter“, enfatiza.
Diálogos Amazônicos
Como parte da programação da Cúpula da Amazônia, estão abertas as inscrições para o Diálogos Amazônicos, evento que como público-alvo pessoas que integram a sociedade civil organizada na Amazônia e vai ouvi-las, por meio de plenárias, com o objetivo de apontar soluções para as problemáticas da Amazônia.
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