Descontrole de Bolsonaro com youtuber, no terceiro dia de campanha, vira ‘prato cheio’ para oposição

Jair Bolsonaro (à esquerda) e Wilker Leão (à direita) (Thiago Alencar/CENARIUM)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA – O descontrole do presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta-feira, 18, com o youtuber Wilker Leão, em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, se tornou um “prato cheio” para a oposição, que apontou o autoritarismo na atitude do chefe do Executivo. Nas redes sociais, senadores, apoiadores de adversários de Bolsonaro e outro usuários comentaram a situação.

Leia também: Em Brasília, Bolsonaro puxa youtuber pela camisa após ser chamado de ‘vagabundo’ e ‘tchutchuca do Centrão’

No microblog Twitter, o termo “tchutchuca do Centrão”, usado pelo youtuber para xingar Bolsonaro, já havia ultrapassado a marca de 120 mil menções e apareceu entre os assuntos mais comentados do mundo até esta tarde. O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), levantou a questão de que a atitude do presidente é “típica do autoritarismo”.

“Bolsonaro tentou tomar o celular de uma pessoa que o questionava sobre a sua covardia e corrupção no governo. Em 1983, em plena ditadura militar, o general Newton Cruz agredia um jornalista durante uma entrevista coletiva. Não é coincidência! Coisa típica do autoritarismo!”, disse ele.

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https://twitter.com/randolfeap/status/1560311154412359680

O também senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que Bolsonaro, atrás nas pesquisas eleitorais e com uma oposição cada vez maior ao seu governo, agora está “tomando esculacho até de ex-apoiador”. Pesquisa PoderData divulgada na quarta-feira, 17, apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como líder no primeiro turno da corrida presidencial, com 44% das intenções de voto. Bolsonaro, que busca a reeleição, aparece em segundo, com 37%.

“Hoje, foi chamado de ‘tchutchuca do Centrão’. Partiu para cima do ‘minion’ arrependido e quis tomar o celular dele”, comentou.

No Instagram, a candidata à reeleição e presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, compartilhou o vídeo e questionou “Isso tudo é desespero, Bolsonaro?”.

Publicação de Gleisi Hoffmann no Instagram (Reprodução/Instagram)

Entenda o caso

Wilker Leão estava presente nos cumprimentos do presidente a apoiadores, na frente da residência oficial da Presidência, e questionou Bolsonaro sobre decisões políticas. Um homem, que estava no local, puxa o youtuber pela camisa, derrubando-o no chão. Após isso, Leão dispara palavras como “covarde”, “safado”, “vagabundo” e “tchutchuca do Centrão” para Bolsonaro.

O presidente, que já havia entrado em um veículo oficial para seguir a outro compromisso, saiu do carro, novamente, e tentou pegar o aparelho celular com o qual o youtuber gravava a situação. Com agressividade, o presidente puxa Wilker Leão pela camisa e, logo depois, pelo braço.

Veja o vídeo:

Wilker Leão foi puxado pela camisa em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília (G1/Reprodução)

Os seguranças do presidente tiraram o youtuber de perto de Bolsonaro, mas o presidente ainda conversou com ele por alguns minutos sobre temas como mudanças na lei da delação premiada, orçamento secreto, reforma tributária, posse de armas e aliança com partidos do Centrão.

“Eu preciso aprovar as coisas no Parlamento, certo? Se for para aprovar sozinho, eu sou ditador. Fecha tudo, fecha Supremo, fecha Congresso, fecha tudo e eu resolvo as coisas sozinho. Eu tenho que ter o apoio do Parlamento. Os partidos de centro são quase 300 dos 513 parlamentares. Como vou aprovar um projeto simples de lei dispensando 300 votos?”, disse Jair Bolsonaro.

Antes do episódio, o canal de Leão, no YouTube, tinha 13 mil inscritos, mas já superou os 20 mil. Ele diz ser cabo do Exército desde 2014 e auxiliar da Assessoria Jurídica da Secretaria de Economia e Finanças do Exército desde 2015.

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