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Dia Internacional da Não Violência: espaços culturais são aliados do grupo LGBTQIA+ no combate às agressões sofridas pela comunidade
O MDS é visto como um avanço para a comunidade, com atividades focadas na luta pela dignidade humana e respeito à diversidade (Reprodução)
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01 de outubro de 2022
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – Visando o “Dia Internacional da Não-Violência”, celebrado neste 2 de outubro, em homenagem ao pacifista Mahatma Gandh, o Museu da Diversidade Sexual (MDS) atenta para a importância dos espaços voltados para debates e apoio à causa LGBTQIA+, grupo populacional constantemente vítima das diversas manifestações de violência.
Em um País que mais agride a população LGBTQIA+, a Instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, o MDS, é vista como um avanço para a comunidade, com atividades focadas na luta pela dignidade humana e respeito à diversidade. Para o ativista e educador em saúde, com foco na população LGBTQIA+, Lucas Brito, o espaço serve de exemplo para outras regiões do Brasil e, inclusive, dialoga com a data voltada para a não violência, objetivando a educação, o respeito e os direitos humanos.
“Ter um espaço que mostra isso, de forma clara, documentada, organizada, é importante para a reflexão e o combate da violência que sofremos, e quem tiver realmente disposto a entender, conhecer e até fazer parte dessa luta, ir nesses locais que te ofertam informações é muito bom”, considera Lucas que faz um adendo.
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“Mas, é importante que esses espaços sejam abertos para quem causa a violência em nós, para que perceba isso e lute com a gente, porque falar sobre LGBTfobia e mortes a gente fala entre a gente e quando falamos com outros, muitas vezes somos banalizados“, atenta o ativista.
Ferramenta eficaz no combate à violência
Para Lucas, o contexto inserido nos museus e os espaços que mostram a história, avanços e de como era no passado,pautam grupos fora de determinadas bolhas e contribuem para a não violência e a fomentação da educação por meio de vários prismas.
“Ainda que muitos não mostrem os fatos como deveriam ser, ter lugares como esses são importantes, pois, muitas vezes, pautamos os grupos fora da nossa bolha, que acham que estamos exagerando, não estamos falando a verdade sobre nossas vivências, e lutas são questionadas. Precisamos de alcance, romper esse muro e nos sentirmos parte da história, da sociedade, da cidade onde a gente vive, do Estado e lugares que celebrem isso para a sociedade de uma forma geral. Isso, sem dúvida, também é uma ferramenta eficaz no combate à violência que já conhecemos em nosso dia a dia”, analisa o ativista.
Investimento necessário
Para a amazonense e estudante de Direito Daniela Araújo, além de espaços culturais, o Estado precisa investir em outros setores que atendam o que é a pluralidade e respeitem as especificidades de cada um. Mulher lésbica, a universitária salienta que a falta de espaço e visibilidade da comunidade, em âmbitos essenciais da sociedade, também desencadeia várias nuances da violência por conta da desinformação aliada ao preconceito.
“Temos, hoje, alguns espaços que nos permitem dialogar não só entre os que se declaram LGBTQIA+, mas também com os não LGBTQIA+, como a Assotram e a Casa Miga, por exemplo“, lamenta a estudante que pontua outras questões.
“O fato é que ainda são poucas as opções de pontos não só educativos e culturais, quanto ao que diz respeito à assistência. Em Manaus, não temos uma delegacia para acompanhar os crimes de homofobias, por exemplo. Não temos o fortalecimento da política de saúde LGBTQIA+, no Amazonas, que entenda as individualidades da população. Essa pauta é muito recente e agora que está sendo trabalhada aqui. Olhem quantas pessoas já se afastaram e ficaram sem o atendimento necessário, isso também é uma forma de violência, porque a violência, assim como o racismo, se manifesta em vários tons e nuances, explica.
Dados do preconceito e violência
Divulgado no dia 11 de maio deste ano, O “Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTQIA+ no Brasil apontou que somente em 2021, 316 pessoas LGBTQIA+ foram mortas de forma violenta no País. Segundo a análise, a taxa de mortalidade teve um aumento de 33,33%, ano passado, se comparada ao ano de 2020, quando o total de mortes LGBTQIA+ registrado pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIA+ foi de 237.
Conforme o relatório, a cada 27 horas um LGBTQIA+ foi assassinado, no Brasil, em 2021. O documento é fruto de um trabalho coletivo de produção e sistematização de dados entre instituições, como o Acontece Arte e Política LGBTQIA+,a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). De acordo com o texto, das 316 mortes, 285 foram assassinatos, 26 suicídios e 5 por outras causas.
“Desde outubro de 2021, a Aconteceestabeleceu parceria com a Antra e a ABGLT– , a fim de acrescentar e somar na elaboração deste Dossiê (…) Mas é importante ressaltar que, apesar desse número já representar a grande perda de pessoas, apenas por sua identidade de gênero e/ou orientação sexual, temos indícios para presumir que esses dados ainda são subnotificados no Brasil. Afinal, a ausência de dados governamentais e a utilização de informações disponíveis na mídia apontam para uma limitação metodológica de nossa pesquisa“, informa um trecho da publicação.
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