Diretora da Funai diz que Amazonas ‘trabalha reconstrução da política indigenista’
17 de abril de 2023
Lucia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai (Divulgação/Funai)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – A diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Lucia Alberta Andrade, destacou, durante o primeiro dia da Conferência Estadual das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas, nesta segunda-feira, 17, que o Estado busca reconstruir a política indigenista no Amazonas. O evento marca a aproximação do governo estadual com o movimento indígena do Amazonas, Estado que possui mais da metade dos indígenas da Região Norte, com 168,7 mil indígenas declarados, totalizando cerca de 55% de povos na região.
“Nós estamos num trabalho de reconstrução de políticas públicas, junto com indígenas e o Governo do Estado do Amazonas, para isso, acabamos de criar uma rede de proteção social de povos indígenas para levar e garantir o direito de documentação civil básica e para ouvir os povos indígenas em outras demandas”, afirma.
Para Lucia, o movimento indígena passou por retrocessos nos últimos quatro anos, mas agora o trabalho é de reconstrução e apoio. “Verificamos e avaliamos que houve um retrocesso para todas as políticas indigenistas. As portas dos órgãos se fecharam, então, agora, com essa conferência, existe a possibilidade dessa abertura para que os indígenas sejam ouvidos conforme manda a legislação“, ressalta.
“Nós estamos com bastante problema aqui no Estado, principalmente, com os indígenas isolados e de recente contato que, hoje, não possuem políticas públicas chegando às terras, eles vivem uma vulnerabilidade social muito grande, são excluídos de políticas públicas, e nós estamos no trabalho de reconstrução dessas políticas“, afirma a diretora da Funai.
À REVISTA CENARIUM, a diretora comentou sobre a falta de assistência a indígenas, que tem causado a morte deles, como no caso de uma criança de três anos que morreu no Vale do Javari com pneumonia. O caso ocorreu no dia 5 de abril. Lucia afirma, ainda, que o governo federal tem fomentado o diálogo, junto à Caixa Econômica Federal e o Ministério do Desenvolvimento Social, para levar a informação aos povos indígenas para evitar que fiquem desabrigados em portos, sem ter como retornar às aldeias.
“São muitos casos de indígenas que morrem de doenças assim. No mês passado, foram quatro em São Gabriel da Cachoeira e, mais recente, a criança no Vale do Javari. E todos estão em uma situação parecida, foram para a cidade em busca dos benefícios sociais. Então, o nosso objetivo com essa rede é criar um cronograma nas línguas indígenas para que eles recebam a informação correta e possam ir para as cidades quando realmente precisarem se deslocar“, informou.
Conferência
Com o tema “Um só povo e uma só voz”, em alusão ao mês dos povos indígenas, o Governo do Amazonas, por meio da Fundação Estadual do Índio (FEI), em parceria com a Articulação das Organizações e Povos Indígenas (Apiam), realiza, entre os dias 17 e 19 de abril, a primeira Conferência Estadual das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas, no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, localizado na avenida Silves, Crespo, Zona Sul de Manaus.
Nesta segunda-feira, 17, o evento foi marcado pelo ritual de posse do atual presidente da FEI, Sinésio ‘Trovão’ Isaqué, com a presença de lideranças do governo estadual, como o vice-governador Tadeu de Souza (Avante) e os deputados Sinésio Campos (PT) e Daniel Almeida (Avante). Além disso, o evento proporcionou debates sobre a saúde e educação indígena no Estado do Amazonas, com a presença de indígenas de 66 etnias, 12 federações e 93 associações.
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