EDITORIAL – Democracia paralela, por Eduardo Figueiredo

(Arte: Mateus Moura/Revista Cenarium)

Após o resultado das Eleições 2022, no dia 30 de outubro, que elegeram, democraticamente, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, como presidente do Brasil, manifestantes da extrema-direita, que apoiam o atual presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), rebelaram-se contra o sistema eleitoral do País.

Num primeiro momento, os simpatizantes de Bolsonaro bloquearam rodovias, impedindo o direito de ir e vir da população e, em seguida, passaram a acampar em frente aos quartéis do Exército de vários Estados brasileiros.

Os acampamentos são superequipados e, em alguns deles, como, por exemplo, no do Amazonas, os protestantes recebem alimentação diária, com direito a churrasco no menu.

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Os apoiadores do presidente não reeleito contestam o resultado das urnas eletrônicas e afirmam que os movimentos são em defesa da pátria, família, princípios religiosos e democracia. Democracia esta que já respirava por aparelhos, desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e que, mais uma vez,
sofre uma tentativa de golpe fatal, ao não ter a escolha de mais de 60 milhões de eleitores respeitada.

Democracia é o regime político, amparado pela Constituição brasileira, que tem como principais fundamentos a soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e o pluralismo político. A Constituição garante, ainda, que “todo poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição”.

Mas, se todo poder emana do povo e a maior parcela da população já escolheu o próximo comandante do País, o que, afinal, os manifestantes defendem? A democracia garantida na Constituição ou a democracia paralela que representa somente as suas próprias vontades?

Mesmo diante de fatos que comprovam a legalidade do pleito, os apoiadores de Bolsonaro preferem acreditar em teorias da conspiração criadas e disseminadas em grupos de WhatsApp, principal ferramenta de desinformação usada por aqueles que tentam, mais uma vez, acabar com a democracia no Brasil.

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