EDITORIAL – Ebulição, retrocesso e consciência, por Paula Litaiff

MANAUS (AM) – Há mais de cem anos, foram reportados ao mundo os riscos do aquecimento global e de como essa condição poderia alterar o curso das águas e a qualidade do ar. Svante Arrhenius (1859-1927) considerou, pela primeira vez, em 1896, a capacidade humana de mudança do clima ao afirmar que a adição de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera aqueceria a temperatura média da Terra. A pesquisa de Arrhenius foi reforçada, décadas depois, por outros estudiosos, que apontavam para urgências.

O Acordo de Paris (2015), que estabeleceu um marco legal para a redução das emissões de gases do efeito estufa, não foi suficiente para os líderes das nações cumprirem promessas. Saímos do aquecimento para a crise climática e, agora, vivemos em ebulição, termo usado, em julho deste ano, pelo diretor das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pascal Peduzzi.

Nesse contexto histórico, o Brasil figurava entre os países, até agora, que menos emitiam CO2, com 80% de suas matrizes energéticas oriundas de fontes limpas (hidrelétrica, eólica e solar). A seca no Norte, causada pelo El Niño, pode alterar esse sistema de forma inesperada, com a queima em maior escala de combustíveis fósseis para evitar uma crise energética, agravando, ainda mais, a crise climática. O cenário parece assustador, e de fato é.

PUBLICIDADE

É o momento da sociedade, que, agora, sente o impacto desta crise batendo à porta de casa, tomar consciência de que as decisões regionais e mundiais iniciam a partir de uma ação individual, e perceber que não se pode mais fechar os olhos para a nova realidade. Se o plantio é opcional, a colheita será obrigatória.

O anúncio de reativação das usinas termelétricas pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, no dia 3 de outubro, para garantir a segurança energética da Região Norte do País em decorrência da seca histórica dos rios da Amazônia mostra o quão desprevenidos estamos no trato com a crise climática, ao retornarmos ao uso de uma matriz altamente poluente, e como esse cenário reforça a ideia de que o Brasil e o mundo não esperavam lidar com a ebulição global, apesar de todos os avisos.

Há mais de cem anos, foram reportados ao mundo os riscos do aquecimento global e de como essa condição poderia alterar o curso das águas e a qualidade do ar. Svante Arrhenius (1859-1927) considerou, pela primeira vez, em 1896, a capacidade humana de mudança do clima ao afirmar que a adição de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera aqueceria a temperatura média da Terra. A pesquisa de Arrhenius foi reforçada, décadas depois, por outros estudiosos, que apontavam para urgências.

O Acordo de Paris (2015), que estabeleceu um marco legal para a redução das emissões de gases do efeito estufa, não foi suficiente para os líderes das nações cumprirem promessas. Saímos do aquecimento para a crise climática e, agora, vivemos em ebulição, termo usado, em julho deste ano, pelo diretor das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pascal Peduzzi.

Nesse contexto histórico, o Brasil figurava entre os países, até agora, que menos emitiam CO2, com 80% de suas matrizes energéticas oriundas de fontes limpas (hidrelétrica, eólica e solar). A seca no Norte, causada pelo El Niño, pode alterar esse sistema de forma inesperada, com a queima em maior escala de combustíveis fósseis para evitar uma crise energética, agravando, ainda mais, a crise climática. O cenário parece assustador, e de fato é.

É o momento da sociedade, que, agora, sente o impacto desta crise batendo à porta de casa, tomar consciência de que as decisões regionais e mundiais iniciam a partir de uma ação individual, e perceber que não se pode mais fechar os olhos para a nova realidade. Se o plantio é opcional, a colheita será obrigatória.

O assunto foi tema de capa e especial jornalístico da nova edição da REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA do mês de setembro de 2023. Acesse aqui para ler o conteúdo completo.

Capa da edição de setembro da Revista Cenarium Amazônia (Reprodução)
Leia também: EDITORIAL – Viver insalubre, por Márcia Guimarães
(*) Paula Litaiff é jornalista, especialista em Gestão Social: Políticas Públicas e Defesa de Direitos, mestranda em Sociedade e Cultura da Amazônia pela Ufam e diretora-executiva da Revista e Agência Cenarium
PUBLICIDADE
(*)Graduada em Jornalismo, Paula Litaiff é diretora executiva da Revista Cenarium e Agência Amazônia, além de compor a bancada do programa de Rádio/TV “Boa Noite, Amazônia!”. Há 17 anos, atua no Jornalismo de Dados, em Reportagens Investigativas e debate de temas sociais. Escreveu para veículos de comunicação nacional, como Jornal Estado de S. Paulo e Jornal O Globo com pautas sobre Amazônia. Seu trabalho jornalístico contribuiu na produção do documentário Killer Ratings da Netflix.

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.