‘Elas são guerreiras, são obstinadas’, diz juíza do AM sobre mulheres que atuam em casos de violência doméstica

A juíza Lúcia Viana e a apresentadora Priscilla Peixoto nos estúdios da REVISTA CENARIUM (Bruno Sena/Revista Cenarium)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Elas são guerreiras, obstinadas, elas carecem de estrutura”, assim declarou a juíza de Direito Lúcia Viana, entrevistada do programa CENARIUM ENTREVISTA sobre as mulheres que se dedicam a ajudar outras mulheres em casos de violência doméstica. O programa foi ao ar nessa segunda-feira, 15, pelo canal TV CENARIUM AMAZÔNIA e pela TV Onda Digital, no canal 8.2.

Na entrevista, ancorada pela jornalista Priscilla Peixoto, a magistrada falou da trajetória, das lutas, desejos e vitórias de alguém que teve no Direito a busca pela sobrevivência, um projeto de profissão, uma realização pessoal e uma prática de vida.

Lúcia iniciou a entrevista falando das opções e das escolhas que fez no começo da vida. “Na minha época, a Universidade do Estado do Amazonas (antiga UA, hoje Ufam) tinha somente quatro cursos de peso, que eram Medicina, Engenharia, Administração e Direito, e optei pelo Direito, mas era uma busca pela sobrevivência”, recordou. Ela lembrou das limitações que aquele tempo impunha aos da sua geração. “Naquela época, eram quatro cursos, e hoje nós temos 16 instituições de cursos jurídicos, isso somente no Direito“, observou.

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De acordo com Lúcia, suas escolhas tiveram pesos muito mais práticos. “Se perguntassem se me apaixonei pelo Direito e se eu queria ser juíza irei responder que não, não vou dizer que isso era verdade porque eu realmente escolhi o Direito pela subsistência, eu tinha que buscar a sobrevivência, afinal, eu era de família de classe média e aos 16 anos escolhi Direito e aos 23 eu ingressei na magistratura no Estado do Amazonas. Muito nova e hoje eu reconheço que não era o ideal”, avaliou.

Lúcia Viana concede entrevista para a jornalista da Revista Cenarium, Priscilla Peixoto (Gabriel Abreu/Revista Cenarium)

Revolução

Lúcia recordou o momento em que o Ensino Superior viveu uma revolução no Amazonas. “Após dez anos na magistratura, vi um edital para o Ciesa e passei a dar aulas, isso durou 13 anos, foi quando Amazonino Mendes, então governador, fez o que para mim é uma verdadeira revolução. Ele criou a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Recebi então o convite para formar o curso de Direito e lá passei 11 anos coordenando o curso. Foi na UEA que criamos a primeira especialização e mestrado em Direito Ambiental, que é a temática que mais estudei na minha vida. Nessa época, formamos 23 alunos”, relembrou.

Altiva, Lúcia Viana adentrou no tema sobre mulheres, profissões e salários. “O Dia Internacional da Mulher nem deveria existir. Porque o dia da mulher é todos os dias. Por que isso? Porque tivemos que lutar para trabalhar, para votar, tivemos que nos rebelar para ganhar salário e ainda hoje temos que viver com a realidade em que as mulheres tiveram seus salários inferiores aos dos homens e recentemente o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu em um processo, igualar o salário das mulheres. Olha só! Precisa o STJ se debruçar a decidir sobre processos para igualar salário de mulher!”, lamentou.

Ao final da entrevista, Lúcia Viana ponderou sobre os caminhos da profissão do Direito. “Vejo advogados hoje altamente carregados. Vejo muita gente reclamando: ‘Ah! Não vou fazer Direito porque já tem advogado demais’. Não é o número que vai assustar, o que assusta é o profissional que é bom! Se você ler, ler e ler, você será um bom advogado”, aconselhou. Ela reafirmou sua visão profissional: “Estudo e formação de instituições de qualidade ajudam a formar grandes profissionais. Inovações também são fundamentais. A escolha de uma instituição forte com bom professores é vital. Foco e determinação”, finalizou.

A entrevista completa está disponível no Canal Cenarium Amazônia no YouTube.

Assista à entrevista:

(Reprodução)
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