Eleições: 76% votam em candidatos à Presidência que têm proteção à Amazônia como prioridade, mostra pesquisa

Primeiro turno das eleições está marcado para 2 de outubro (Foto: Reprodução)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA – Propostas de campanha que contemplem a proteção da Amazônia são consideradas de extrema relevância para os eleitores. Isso é o que apontou a pesquisa “Proteção da Amazônia e Eleição 2022”, do PoderData. Os dados mostram que 76% do eleitorado pesquisado acreditam que o tema deve ser uma prioridade para os candidatos à Presidência da República.

Até o domingo, 24, cinco das 12 candidaturas ao cargo de chefe do Executivo foram oficializadas nas convenções partidárias: Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Léo Péricles (UP), André Janones (Avante) e Ciro Gomes (PDT). Faltam ser confirmadas as candidaturas de Eymael (Democracia Cristã), Felipe D’Ávila (Novo), Leonardo Péricles (Unidade Popular), Luciano Bivar (União Brasil), Pablo Marçal (Pros), Simone Tebet (MDB), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lúcia (PSTU).

O primeiro turno das eleições acontecerá no dia 2 de outubro e o segundo turno no dia 30 do mesmo mês. A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 5 de junho deste ano, em 243 municípios, nos 27 Estados. Foram ouvidas 3 mil pessoas, com 16 anos ou mais.

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Enquanto a maioria dos eleitores considera que a proteção do bioma deve ser uma prioridade aos candidatos, 18% discordam e 6% afirmam não saber.

Pesquisa questionou aos eleitores qual a importância da proteção da Amazônia (PoderData)

As pessoas ouvidas também foram questionadas se a chance de votar em um candidato que apresentasse um plano específico para proteger a Amazônia aumentaria ou diminuiria e 62% disseram que o plano aumentaria a chance de votar, para 23% não faria diferença, 4% diminuiria a chance de votar e 12% disseram não saber.

Eleitores estão preocupados com a proteção do bioma (PoderData)

Maior posicionamento

O coordenador do Núcleo de Cultura Política da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) analisa que a intenção dos eleitores, de cobrar mais posicionamento dos candidatos pela pauta socioambiental, é positiva no que toca a necessidade de maior mobilização da população pela proteção da Amazônia.

Ele também afirma que a pressão internacional, principalmente, após os assassinatos do servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno da Cunha Araújo Pereira e do jornalista britânico Dominic Mark Phillips, o “Dom Phillips”.

“Sem debate, sem questionamento, sem participação específica dos acadêmicos e da própria população interessada, no caso, os movimentos sociais, se não participar dessa discursão, é tudo ‘terra caída'”, diz ele.

“Pode ser que isso seja positivo mediante a pressão internacional da defesa do meio ambiente, que faz essa crítica à questão do clima. E a Amazônia tem um caráter internacional nesse contexto. Então, pode ser que seja favorável a essa política, mas sem política não tem nenhuma viabilidade. Esta manifestação teria que bater com uma pauta política, tanto dos candidatos majoritários como de Ciro Gomes, Lula, Bolsonaro, quais são suas propostas para a Amazônia”, conclui.

Amazônia fora do topo da lista

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, lembra que a pesquisa, muitas vezes, não reflete a realidade. Ele analisa que, apesar da Amazônia ser um item de preocupação dos eleitores, geralmente, não está no “topo da lista” das necessidades diárias da população, como alimentação, moradia e saúde.

“Nós somos um País que tem necessidade de sobrevivência de parte da sua população. Essas demandas sociais vão ocupando, de forma justa, o topo da agenda. Nós temos um problema de fome, no Brasil, mais de 30 milhões de pessoas passando fome, falta de moradia, de segurança, educação, saneamento básico, saúde; as mães não têm creche para deixar seus filhos, então, essas preocupações acabam sendo mais importantes”, lamenta ele.

Mas Márcio Astrini afirma que não dá para deixar completamente de lado o interesse pela proteção do bioma, já que a destruição da Floresta Amazônica impacta, diretamente, no bolso e na qualidade de vida da população.

“É vital [a Amazônia] para sustentação econômica do Brasil. Boa parte, por exemplo, da agricultura brasileira, depende das chuvas da Amazônia para poder acontecer, então, se você tira essa floresta, nós perdemos um ‘carro-chefe’ da nossa economia que é a agropecuária. Essas chuvas alimentam os reservatórios das hidrelétricas. Não tem floresta, não chove, a hidrelétrica não gera energia, aí tem que acionar a térmica e aumenta a conta de luz no fim do mês. A Amazônia está ligada, diretamente, à nossa economia no dia a dia, mas não é tão perceptível assim”, acrescenta.

Avaliação do Governo Bolsonaro na proteção da floresta

O trabalho do governo federal na proteção da Floresta Amazônica também foi um ponto questionado aos eleitores: 48% o consideram ruim/péssimo, 22% acreditam ser regular, 12% disseram ser ótimo e 11% não sabem.

Leia também: Eleições 2022: Amazônia é pauta obrigatória entre os candidatos à Presidência; ‘todos irão falar algo’

No fim do mês de junho, pesquisa Datafolha mostrou que entre 39% e 43% da população acredita que, sob gestão do presidente Jair Bolsonaro, ocorre uma política mais de estímulo do que de enfrentamento a quatro problemas: combate a ilegalidades na Amazônia, invasão de terras indígenas, desmatamento e garimpo clandestino.

Leia também: Datafolha aponta que a cada 10 brasileiros, 4 veem incentivo de Bolsonaro a ilegalidade na Amazônia

“O que a gente precisa fazer, hoje, no Brasil, é reverter um Estado de caos absoluto que foi implementado pelo Governo Bolsonaro. Ele piorou a área ambiental em todos os números possíveis, principalmente, o desmatamento na Amazônia que cresceu 73% desde que ele assumiu a Presidência da República. Não é um governo que foi omisso, ele foi extremamente ativo do lado do crime ambiental, deu facilidade, suporte, facilitou a vida dos criminosos ambiental”, pontua ainda Márcio Astrini.

Veja a pesquisa na íntegra:

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