Empresa descarta 900 toneladas de alimentos após bloqueio da Venezuela

Carreta com letreiro de alimentos vencidos (Wenderson Cabral/FolhaBV)
Bianca Diniz – da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Uma empresa distribuidora de alimentos iniciou o descarte de 900 toneladas de alimentos no aterro sanitário municipal, nesta sexta-feira, 15, após perderem o prazo de validade e se tornarem impróprios para o consumo. As cargas fazem parte das exportações bloqueadas desde janeiro pela Venezuela.

De acordo com informações fornecidas pela empresa Frios Roraima, o processo de descarte dos alimentos teve início com a utilização de cinco carretas, cada uma transportando 28 toneladas de carga. O restante do produto, totalizando 760 toneladas, será descartado ao longo deste fim de semana.

Carretas da empresa no aterro sanitário (Reprodução/Caio Araújo)

Doação

A mesma empresa também doou cerca de 30 toneladas de salsicha para mais de 500 pessoas, nesta sexta-feira, 16, na Praça do Centro Cívico Joaquim Nabuco, no Centro. A distribuição faz parte de uma manifestação contra a restrição da entrada de alimentos brasileiros para a Venezuela, por meio da fronteira localizada no município de Pacaraima.

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No início da manhã, a fila formada por pessoas que aguardavam pela entrega de pacotes do produto contornava o Palácio Senador Hélio Campos. Devido à grande demanda, os organizadores decidiram iniciar a distribuição às 9h, uma hora antes do horário previamente anunciado.

De acordo com os organizadores, mesmo sob forte chuva, cerca de cinco mil pacotes de salsicha foram doados aos moradores da capital. Cada pacote pesava cerca de três quilos, com data de validade prevista para agosto.

Segundo o gerente da empresa Frios Roraima, Inaldo da Silva Santana, o ato de solidariedade também simbolizava um protesto contra às restrições de exportação de alimentos brasileiros impostas pela Venezuela.

“Então, como forma de beneficiar as pessoas, nós pegamos uma carreta que não venceu ainda e estamos doando para que chame a atenção das pessoas, parlamentares, deputados, senadores e governadores para que se sensibilizem. O empresário não consegue sobreviver se o produto dele não está sendo escoado”, disse.

Boicote venezuelano

A entrada de alimentos produzidos no Estado de Roraima e em todo o Brasil tem sido limitada no território venezuelano, sendo a salsicha o primeiro produto alvo do boicote. Segundo os empresários, os prejuízos ultrapassam R$ 20 milhões, podendo chegar a R$ 45 milhões, caso a exportação não seja liberada.

O governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), enviou um ofício ao presidente Lula (PT), nesta quinta-feira, 15, pedindo para que o governo federal realize negociações para cessar a restrição aos produtos brasileiros, como carnes, linguiças, arroz e trigo.

Situação absurda

O ministro-chefe Alexandre Padilha confirmou que o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) deve negociar com o País o fim das restrições. “Realmente, uma situação absurda. Não existe nenhum comunicado nesse sentido que possa justificar uma ação como essa. Uma barreira que tá impedindo a entrada de produtos brasileiros”, completou o ministro do Itamaraty.

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