Equoterapia é opção para contribuir no tratamento de pessoas com autismo

O Núcleo de Equoterapia da PM atende pacientes com variadas deficiências e necessidades especiais (Reprodução/Instagram)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – A equoterapia – um método terapêutico com cavalos muito utilizado para o tratamento de pessoas com necessidades especiais – oferece inúmeros benefícios para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com o lema “Equoterapia! Reabilitar é amar”, em Manaus, a prática é ofertada pelo núcleo de equoterapia da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), localizado na rua Tiradentes, bairro Dom Pedro, zona Centro-Oeste de Manaus.

A equoterapia busca o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e necessidades especiais. Para os praticantes com TEA, estimula o desenvolvimento da motricidade (comportamento, controle, habilidade e aprendizagem motora) e aspectos cognitivos e psicológicos. As atividades da terapia com cavalos geram ainda benefícios ao equilíbrio, concentração, postura, além de proporcionar melhora na interação social, contribuindo para o desenvolvimento global da criança com TEA.

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Apesar de trabalhar com praticantes com várias patologias, a maioria dos praticantes de equoterapia no núcleo são pacientes com TEA, de acordo com o capitão da Polícia Militar, Alan Patrick. “Nós atendemos várias patologias. A abrangência da terapia com cavalos vai do autismo, Síndrome de Down, paralisia cerebral, sequelas do AVC [Acidente Vascular Cerebral], a alguma outra deficiência cognitiva ou motora. Os nossos praticantes são cerca de 60% com TEA”, afirmou o capitão, que está à frente da gestão do núcleo há oito meses.

Praticantes com TEA do núcleo de equoterapia (Reprodução/Regimento da Cavalaria da PMAM)

No núcleo de equoterapia da PMAM, as atividades são coordenadas por profissionais da área da saúde de variadas especialidades como psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e educador físico, certificados pela Associação Nacional de Equoterapia (Ande) para atuar com praticantes do método terapêutico.

Segundo o capitão Alan Patrick, realizar este trabalho, participar e ver o desenvolvimento dos praticantes são gratificantes, ainda mais sabendo que está contribuindo para uma melhor qualidade de vida de pessoas com deficiências e necessidades pessoais. “Quem tem uma afinidade com a causa de cuidar das pessoas vai se sentir em casa e ter a oportunidade de aprender e se doar. A gente cria laços afetivos com os pais e praticantes de equoterapia”, ressaltou o capitão.

Até 2020, o núcleo de equoterapia atendia cerca de 60 praticantes, entre crianças, jovens e adultos. De acordo com o major Muniz, comandante do Regimento da Cavalaria, em 2021 a meta é dobrar a capacidade já que o governo do Amazonas inaugurou novas instalações do núcleo de equoterapia.

“Dobramos a capacidade, porque a gente recebeu um prédio novo que tem um picadeiro fechado, antes era um picadeiro aberto e por causa do clima, o sol de Manaus, o horário de atendimento ia até 9h, 10h. Com o picadeiro fechado recebido pelo governo do Estado, podemos estender esse horário de atendimento e chamar mais pessoas que estão na lista de espera”, afirmou o major.

Programas básicos da equoterapia

Além da saúde, a equoterapia também é utilizada para o desenvolvimento nas áreas da educação e equitação. A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem também novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.

O método engloba quatro programas, que são Hipoterapia, Educação/Reeducação, Pré-Esportivo e Prática Esportiva Paraequestre. O primeiro é voltado essencialmente para área da saúde, com o desenvolvimento de pessoas com deficiência física e/ou mental. Neste caso, o praticante não tem condições físicas e/ou mentais para se manter sozinho no cavalo, necessitando de um auxiliar-guia para conduzir o animal, portanto não pratica equitação. Na maioria dos casos, também necessita do auxiliar lateral para mantê-lo montado, dando-lhe segurança.

O segundo programa pode ser aplicado tanto na área da saúde quanto na da educação/reeducação. Neste caso o praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e pode até conduzi-lo, dependendo, em menor grau, do auxiliar-guia e do auxiliar lateral. Ainda não pratica equitação. O cavalo atua como instrumento pedagógico.

O terceiro programa é aplicado nas áreas da saúde ou da educação, quando o praticante tem boas condições para atuar e conduzir o cavalo. Embora não pratique equitação, pode participar de pequenos exercícios específicos de hipismo, programados pela equipe. A ação do profissional de equitação é mais intensa, mas ainda é necessária a orientação dos profissionais das áreas de saúde e educação.

O último programa prepara a pessoa com deficiência para competições paraequestres com os objetivos de estimular o prazer pelo esporte enquanto estimulador de efeitos terapêuticos; melhorar a autoestima, autoconfiança e da qualidade de vida; inserção social; preparar atletas de alta performance.

Praticantes da equoterapia praticam a equitação (Reprodução/Secom)

Ajuda

De acordo com o major Muniz, quem estiver procurando o método da equoterapia pode se dirigir ao Regimento da Cavalaria e não é necessário levar a pessoa com TEA ou qualquer outra deficiência. “Precisa levar os exames que identificam as necessidades que a pessoa tem, como um laudo médico e também a indicação médica”, explicou o comandante do regimento.

Com os documentos da pessoa, é marcado um exame pela equipe multidisciplinar, que vai avaliar as condições e necessidades do paciente para fazer o tratamento.

Edição: Alessandra Leite

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